Após dois dias no hospital, finalmente recebi alta. Minha saúde estava estável, e os médicos haviam me dado permissão para voltar para casa, mas a tristeza no meu peito só aumentava. Meus bebês continuariam internados por pelo menos mais umas semanas para garantir que se desenvolvessem corretamente. Eu não queria deixá-los, mas a realidade era que eu não tinha escolha. As enfermeiras me asseguraram que eles estavam bem, mas a sensação de impotência era avassaladora.
Eu estava sentada na cama, tentando me preparar mentalmente para sair do hospital, quando a porta se abriu. A enfermeira entrou, me ajudando a me levantar da cama. No momento em que ela começou a me arrumar, o pensamento de ir embora sem os meus filhos cortava como uma lâmina. A dor era esmagadora.
Quando olhei para o corredor, uma figura inesperada apareceu. Dante estava lá, me esperando. Eu sabia que ele viria, mas, ainda assim, sua presença me pegou de surpresa. Ele estava elegante, como sempre, com seu terno preto perfeitamente alinhado, seus cabelos escuros e penteados de forma impecável. Seus olhos penetrantes me observavam, mas ele não parecia nem um pouco desconfortável com o ambiente hospitalar.
— Aurora. — Sua voz grave e controlada soou como sempre, com um toque de curiosidade. — Você está bem?
Eu assenti, sem poder esconder a tristeza que ainda tomava conta de mim. Não estava bem. Nada estava bem. Mas as palavras me escaparam antes que eu pudesse impedir.
— Eu deveria estar com meus filhos. — Minha voz saiu rouca, trêmula.
Ele deu um passo à frente, com uma expressão que poderia ser chamada de compreensão, mas seu olhar não mostrava afeto. Dante era pragmático, alguém que talvez nunca entendesse o peso emocional do que eu estava sentindo.
— Vamos. — Ele fez um gesto para que a enfermeira empurrasse a cadeira de rodas. — Vou acompanhar você.
O caminho até a UTI Neonatal parecia longo e doloroso. A dor no peito era constante, e a cada passo que dávamos, meu coração apertava. Quando chegamos à sala das incubadoras, meu estômago se revirou. O ambiente estava calmo, mas a sensação de estar longe dos meus filhos era como um vazio que não ia se preencher tão cedo. Os bebês estavam ali, protegidos por vidro, com tubos e fios que os conectavam a monitores.
Dante permaneceu atrás de mim, em silêncio, enquanto eu me aproximava da incubadora. Coloquei as mãos sobre o vidro frio, olhando os pequenos com olhos marejados. Eles pareciam tão frágeis, tão dependentes de mim, e a dor de não poder abraçá-los naquele momento foi quase insuportável.
— Eles são tão pequenos... — Eu sussurrei, mais para mim mesma do que para ele.
Dante se aproximou, olhando também para os bebês. Ele não disse nada, mas parecia absorver a cena. Eu não sabia o que ele estava pensando, mas, de alguma forma, me sentia mais calma com sua presença. Mesmo que ele fosse um estranho em muitos aspectos da minha vida, algo nele me dava um certo conforto.
— Qual será o nome deles? — Ele perguntou, ainda observando as crianças.
Eu respirei fundo antes de responder. As palavras não saíram facilmente, mas eu sabia o que queria dizer.
— Bento e Bella. — Eu disse, olhando fixamente para os dois pequenos. — São os nomes que eu escolhi.
Dante não disse nada. Ele apenas observou os bebês por um momento antes de virar sua atenção para mim. Seu olhar era calculista, mas havia algo ali, talvez uma leve simpatia.
— Bento e Bella. Bonitos nomes. — Ele comentou com um leve aceno, mas sua expressão não mudou. Dante não parecia ser alguém que se entregava facilmente às emoções. A cada palavra, eu sentia que ele tentava se manter distante, mas era óbvio que ele estava cumprindo uma promessa. Ele estava ali porque eu precisava dele.
Eu estava em um lugar estranho, dividido entre a gratidão e a desconfiança. Não sabia se podia confiar em Dante, mas o fato de ele estar ali, acompanhando-me e me ajudando, de certa forma, me fazia sentir que, talvez, eu estivesse indo por um caminho que precisava ser trilhado, mesmo sem entender completamente as consequências.
— Eu queria ficar mais... — Eu disse, ainda com a mão sobre a incubadora, olhando os bebês. — Mas… Eu não posso.
Eu não podia. Eu não podia me dar ao luxo de ficar no hospital quando ainda havia tanto a resolver. Quando ainda não sabia como iria viver a partir dali. O casamento de fachada que Dante havia proposto ainda parecia tão distante para mim. E, apesar de me sentir grata por ele ter me ajudado, a proposta ainda pairava no ar, uma sombra que eu não sabia como enfrentar.
Dante parecia perceber minha hesitação. Ele se aproximou mais e, com uma suavidade rara, colocou a mão sobre o meu ombro.
— Vamos sair daqui. Eu vou te levar para um lugar melhor. Você não precisa se preocupar mais com nada. — A voz dele era calma, mas havia uma autoridade que transmitia segurança.
Eu não sabia se podia confiar nas palavras dele. Mas, no momento, não havia outra opção. Eu precisava cuidar dos meus filhos, e para isso, eu precisaria de uma base sólida. Algo que Dante poderia me oferecer, mesmo que a proposta dele fosse baseada em algo tão frio e pragmático quanto um contrato.
— E os bebês? — Eu perguntei, sem tirar os olhos deles.
— Eles vão ficar bem. Eu vou garantir que recebam o melhor cuidado possível. — Dante disse com uma firmeza que parecia inabalável.
Eu não sabia até onde ele estava disposto a ir, mas a verdade era que, naquele momento, a única coisa que eu sabia com certeza era que meus filhos precisavam de mim, e eu precisava de um futuro para eles. A proposta de Dante poderia ser minha única chance de garantir isso.
— Você tem certeza de que isso é o que você quer? — Eu perguntei, ainda com a dúvida no peito.
Ele olhou para mim, seu olhar profundo, como se estivesse pesando cada palavra antes de falar.
— Eu só faço isso porque acredito que você e seus filhos merecem uma chance. Eu não sou um homem de muitos sentimentos, Aurora. Mas, no momento, essa é a melhor oportunidade que você tem.
Eu respirei fundo, sentindo uma onda de emoção me invadir. A sensação de estar sendo “resgatada” por alguém tão distante da minha realidade me causava um turbilhão de sentimentos, mas eu sabia que, de alguma forma, Dante estava tentando ajudar.
— Eu aceito. — A resposta saiu de minha boca quase sem que eu percebesse. A decisão estava tomada.
Dante fez um leve movimento com a cabeça, como se confirmasse algo que ele já sabia. Ele se afastou da incubadora e caminhou até a porta do quarto, sinalizando para que eu o seguisse. Enquanto o fazia, meu coração estava dividido entre a gratidão e o medo. Mas, acima de tudo, eu sentia uma esperança renovada, como se, finalmente, a vida tivesse me dado uma chance. A chance de recomeçar.
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Atualizado até capítulo 85
Comments
angel.🌺
uma mãe de verdade,sempre faz qualquer coisa por seus filhos,até mesmo se submeter a uma loucura dessa ,casar por contrato,para dar uma estabilidade as crianças. 😍😍😍
2025-03-08
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Rosi Boska
Aurora chegou de onde ela morava... ao chegar a casa dos pais saiu espulsa mas.. onde ficou as malas a bagagem dela ,?? ela era de classe média alta deveria se vestir muito bem então a bagagem deveria ter altos vestidos e agora vai vestir vestidos chinfrim que a enfermeira comprou???
2025-04-04
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Denise
A sobrevivência dos bebês depende dela aceitar a proposta. A sabedoria popular afirma: "Quando nasce um bebê, também nasce uma mãe", assim, no instante em que soube da sua gravidez, o instinto materno entrou em ação e AURORA fez das tripas, coração para vê-los felizes e saudáveis.
2025-03-29
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