Ainda na sala, com a tensão no ar e os olhares calculados dos membros da família Morelli sobre mim, a atmosfera parecia cada vez mais desconfortável.
Foi então que uma governanta entrou pela porta com um sorriso cordial, mas profissional. Ela se aproximou de Leonardo, que a cumprimentou com um aceno de cabeça.
— Senhor Morelli, posso acompanhá-los? — A governanta perguntou com uma voz suave, mas firme, como se já soubesse o que era esperado dela.
— Claro, por favor. — Leonardo assentiu, dispensando qualquer outra formalidade. Ele não parecia muito interessado em prolongar a conversa.
A governanta então se voltou para mim e Dante. Ela se apresentou rapidamente:
— Boa noite, sou Alina. O senhor Morelli separou uma ala exclusivamente para vocês.
Eu fiquei surpresa. Eu sabia que a mansão era grande, mas separar uma ala inteira para nós era algo que eu não esperava. Alina continuou com um sorriso cordial, mas com uma frieza que parecia ser característica de quem estava acostumada a lidar com o formalismo de uma família tão poderosa.
— Por favor, sigam-me. Vou mostrar os quartos que foram preparados para sua estadia.
Dante fez um gesto com a mão, me convidando a ir na frente. Eu estava hesitante, mas a presença de Alina era tão impositiva que não queria questioná-la. Segui o caminho pela longa entrada que levava aos corredores silenciosos da mansão. O som dos nossos passos ecoava nas paredes de mármore, dando à casa uma sensação de grandiosidade ainda mais acentuada.
Enquanto caminhávamos, Alina começou a explicar sobre a ala que o senhor Morelli tinha reservado para nós.
— O senhor Morelli achou que seria o melhor para garantir privacidade e conforto para a senhora Aurora e para os pequenos. — Ela disse, ainda com aquele tom impessoal. — Além disso, há espaço suficiente para as enfermeiras e a senhora se restabelecer com tranquilidade.
Ela apontou para uma porta à esquerda, que dava para um quarto espaçoso e delicadamente decorado, com móveis de madeira escura e cortinas de veludo.
— Este é o quarto das crianças. — Alina explicou. — É o mais próximo da ala principal, para que a senhora possa ter fácil acesso a eles, mas também tenha a paz necessária para descansar.
Eu entrei rapidamente no quarto para dar uma olhada. O ambiente era acolhedor, com móveis brancos e tons suaves de azul. Havia uma grande janela que deixava a luz do sol entrar durante o dia, iluminando o quarto com uma sensação de serenidade. O berço de Bento e o pequeno cercado para Bella estavam bem posicionados, e havia também um pequeno sofá perto da janela, onde eu poderia sentar enquanto observava os filhos dormir.
Fiquei ali por um momento, admirando o ambiente, até que Alina me chamou.
— Agora, sigam-me, por favor.
Deixei o quarto das crianças e segui pela longa ala. A mansão era ainda mais impressionante de perto, e eu podia sentir o luxo em cada detalhe: os pisos de mármore, as tapeçarias nos corredores, os quadros imponentes nas paredes e as colunas que pareciam emanar poder. Eu estava começando a me sentir cada vez mais uma estranha nesse mundo, um mundo que Dante já conhecia bem, mas que para mim parecia tão distante.
Alina nos conduziu até outra porta grande.
— Este será o quarto das enfermeiras. — Ela disse, abrindo a porta para revelar um quarto funcional, com camas separadas, escrivaninhas e um espaço para que elas pudessem descansar e cuidar de mim e dos bebês.
Aquela área era clara e prática, mas não tinha o mesmo charme dos outros quartos da casa. Estava ali apenas para atender às necessidades imediatas de cuidado, o que eu compreendia perfeitamente.
Alina então se virou para Dante e para mim.
— E este é o seu quarto, o quarto principal.
Ela abriu uma porta dupla, e eu não pude evitar deixar escapar um suspiro. O quarto era imenso, com uma cama de dossel de tamanho king-size, roupas de cama de seda branca, e uma área de estar decorada com sofás elegantes e mesas de vidro. Havia uma enorme lareira na parede, e as cortinas pesadas pareciam bloquear qualquer som vindo de fora, proporcionando a privacidade máxima.
Eu me senti instantaneamente deslocada nesse ambiente, com todos os detalhes impecáveis, mas tão impessoais. As paredes estavam adornadas com pinturas antigas e um grande espelho que refletia a luz suave do abajur. A varanda dava para o jardim imenso da mansão, e eu pude ver a beleza natural da propriedade, embora a sensação de ser observada me perseguisse.
Alina, querendo nos deixar sozinhos, fez um gesto de despedida.
— Se precisarem de algo, estarei à disposição.
Ela se retirou, e eu fiquei com Dante no imenso quarto. O silêncio tomou conta do ambiente, e as palavras que não haviam sido ditas até então começaram a pairar no ar.
Finalmente, Dante se aproximou e pegou minha mão.
— Aurora... sei que tudo isso é muito repentino e cheio de mudanças. Nada vai dar errado.
Eu olhei para ele, e pela primeira vez desde que chegamos ali, vi uma expressão sincera e tranquila em seu rosto. Eu sabia que a jornada estava apenas começando, e que as dificuldades que enfrentávamos eram muitas, mas, por mais que a mansão fosse grandiosa, por mais que o peso da família Morelli estivesse em nossos ombros, eu sabia que, ao lado de Dante, poderíamos enfrentar qualquer desafio.
Eu respirei fundo, olhei para ele e sorri, sentindo um pouco de alívio. A vida naquele mundo de poder e riqueza seria difícil, mas eu tinha a confiança de que juntos, como uma família, poderíamos encontrar nosso lugar.
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Atualizado até capítulo 85
Comments
Onilda Furlan
unidos vão vencer essa etapa e se apaixonar
2025-03-13
28
Denise
O quarto dos bebês é muito distante do quarto "dos pais". Do jeito que LEONARDO é cismado, capaz dele ter colocado escuta nos ambientes da ala onde DANTE e AURORA ficarão ou uma babá-eletrônica extra, cuja saída de voz ficaria com a ALINA. Pelo menos DANTE esta na mesma sintonia de AURORA.
2025-03-29
2
Erlete Rodrigues
será que tem câmera ❓
2025-03-19
0