Decidi ir para o quarto para tomar um banho e tentar me organizar. A água quente ajudaria a relaxar, pensei. Ao entrar no banheiro, o vapor do chuveiro imediatamente me envolveu. Lavei o rosto, sentindo cada gota de água caindo pela minha pele e me acalmando. Mas o cansaço se manteve, implacável.
Eu sabia que o dia seria longo, e, apesar de estar na mansão Morelli, em um lugar aparentemente que me deixa insegura eu me sentia como uma estranha, vivendo em um mundo que não era meu.
Depois do banho, vesti uma roupa confortável e me joguei na cama, tentando encontrar um momento de paz. Minhas pálpebras estavam pesadas, e antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, acabei adormecendo novamente.
Quando acordei, não sabia quanto tempo se tinha passado. A luz suave que entrava pela janela indicava que o sol ainda estava lá fora, mas o quarto estava tranquilo.
Foi então que dei de cara com Dante. Ele estava de pé, com a camisa de botão aberta, arrumando-a lentamente. Quando me viu acordada, se virou rapidamente e, de maneira quase automática, disse:
— Desculpe, não queria te acordar.
Fiquei ali, em silêncio por um momento, ainda tentando processar o que estava acontecendo. A imagem de Dante, com sua camisa de botão sem abotoar, me deu uma sensação estranha. Ele não era o tipo de homem que demonstrava afeto, e até mesmo nesse simples gesto de se desculpar, ele parecia incomodado.
— Eu pensei que você já tinha ido trabalhar. — respondi com um tom cansado, me ajeitando na cama.
Dante parou por um momento, como se ponderasse o que responder. Ele parecia estar em uma fase de me mostrar que nada o afetava, e, por mais que ele tentasse, eu percebia pequenos sinais de fragilidade por trás de sua fachada.
— Não, hoje malhei cedo. — disse ele de forma seca, tentando manter a máscara de indiferença.
Poderia ser fácil ignorar isso, seguir com a ideia de que ele era apenas um cara arrogante e sem coração, mas, às vezes, por mais que ele tentasse se manter distante e insensível, algo em seu olhar entregava que havia mais do que ele queria mostrar.
Sentei-me na cama, apoiando os cotovelos nos joelhos, e o observei por um instante. Dante estava ali, com seu corpo bem cuidado e seu jeito sério. Ele sempre parecia estar distante, como se o mundo fosse apenas uma peça que ele não queria tocar. Era como se ele não quisesse se permitir sentir nada. E, por mais que eu tentasse, não conseguia deixar de me perguntar: por que ele estava tão fechado?
— Dante, você realmente se preocupa com alguma coisa? — perguntei, sem pensar muito.
Ele olhou para mim, seus olhos escuros fixos nos meus. Não parecia surpreso com a pergunta, mas havia uma ligeira tensão em seu corpo.
— Claro que me preocupo. Comigo mesmo, com minha família... e com você. — respondeu ele com uma firmeza que, de alguma forma, parecia forçada.
Fiquei em silêncio, analisando suas palavras. Quando ele disse que se preocupava comigo, havia algo ali que não parecia genuíno. A maneira como ele falou não correspondia ao que eu via. Ele estava tão distante, tão imerso em sua própria indiferença, que mal conseguia acreditar.
— Você se preocupa comigo? — repeti, minha voz mais baixa, quase como um sussurro.
Ele hesitou antes de responder, e eu sabia que estava pensando em como se expressar sem mostrar nada mais do que o necessário.
— Sim. — disse ele, mas sua expressão estava distante. — Mas isso não muda nada. Não estou aqui para me envolver emocionalmente.
Fiquei ali, absorvendo suas palavras, e por um momento, tudo ficou claro para mim. Dante queria transmitir essa imagem de durão, de um cara que não liga para nada, que está acima de tudo. Mas o que ele não sabia era que as pequenas coisas que ele fazia, as falas rápidas e os olhares que ele tentava esconder, me mostravam quem ele realmente era. Ele não era apenas o homem frio que queria passar.
Ele podia tentar ser indiferente, mas eu via através da fachada.
— Então, tudo bem, Dante. Eu entendo. — disse, me levantando da cama.
Ele me observou de perto, como se tentasse decifrar minhas palavras. Havia algo em sua expressão que parecia questionar minha reação, mas ele não disse nada.
— Você não precisa se esconder, sabe? — falei, minha voz suave, mas firme.
Ele arqueou uma sobrancelha, claramente surpreso com a minha resposta.
— Esconder? Do que você está falando?
Respirei fundo, me virando para ele, decidida a dizer o que estava na minha cabeça.
— Você não é esse cara insensível que tenta mostrar. Eu vejo isso, mesmo que você não queira admitir.
Dante não respondeu imediatamente, mas eu vi o leve brilho de incerteza em seus olhos. Talvez ele não soubesse como lidar com isso, talvez fosse mais fácil para ele se esconder atrás da máscara de indiferença. Mas, de alguma forma, eu sabia que o que estava tentando fazer, o que tentava esconder, não era o que ele realmente era.
— Não estou me escondendo, apenas... tentando seguir em frente. — ele disse finalmente, a voz um pouco mais baixa.
Senti um aperto no peito. Não era só um homem frio e arrogante. Havia mais em Dante do que ele mesmo se permitia enxergar. E isso, de algum modo, mexia comigo.
Eu não sabia o que o futuro nos reservava, ou como nosso relacionamento falso se desdobraria, mas uma coisa estava clara: por mais que ele tentasse, a fachada de insensibilidade não duraria para sempre. Eu começava a entender que, por trás da indiferença, ele também era vulnerável.
Eu só não sabia até onde isso nos levaria.
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Atualizado até capítulo 85
Comments
Denise
Apesar deles se conhecerem há muito pouco tempo, existe uma energia boa entre eles. Ótimo que AURORA está ligada em tudo, inclusive no jeito do DANTE. AURORA captou que DANTE não é indiferente à ela, mesmo que ele tentasse ocultar com a máscara de gelo. E ela também não é indiferente a ele. Quero ver até onde eles vão continuar "se escondendo".
2025-03-29
5
Solange Araujo
Quanto mistério, quero muito saber o que o Dante esconde ...eta ansiedade
2025-03-13
21
Simone Luna
Será que de alguma forma ele sabe que os filhos podem ser dele .. quando ele falou do evento na França ... 🤔
2025-03-19
1