O silêncio no quarto era ensurdecedor. Minha mente girava, repetindo cada palavra que Dante Morelli havia dito.
Um casamento de fachada.
Um contrato.
Segurança para mim e meus filhos.
Meu olhar se voltou para minha barriga ainda flácida, sentindo a ausência do peso dos meus bebês. Meu peito apertou. Eu queria vê-los.
A porta se abriu suavemente, e a mesma enfermeira de antes entrou com um sorriso gentil.
— Querida, os médicos autorizaram sua visita à UTI Neonatal. Você gostaria de ver seus bebês agora?
Minha garganta se fechou com a emoção. Assenti rapidamente, segurando as lágrimas que ameaçavam cair.
— Sim, por favor.
Ela trouxe uma cadeira de rodas, e, com sua ajuda, me levantei devagar. Minhas pernas ainda estavam fracas, mas a necessidade de ver meus filhos me deu forças.
Atravessamos os corredores brancos do hospital. O som de passos, murmúrios e monitores preenchia o ambiente, mas tudo parecia distante. Meu mundo se resumia ao que estava prestes a ver.
Chegamos à UTI Neonatal, um espaço iluminado, com incubadoras enfileiradas. Meus olhos correram pelo ambiente até que a enfermeira apontou para duas pequenas incubadoras lado a lado.
— Aqui estão seus bebês.
Meus lábios tremeram ao vê-los pela primeira vez.
Dois pequenos pacotinhos, ligados a fios e monitores, com pele rosada e feições delicadas. O coração apertou no peito.
— Posso tocá-los? — minha voz saiu como um sussurro.
A enfermeira sorriu.
— Claro. Mas com cuidado, eles ainda são muito frágeis.
Meus dedos tremiam ao tocar a mãozinha do meu filho mais velho. Ele mexeu os dedinhos minúsculos, como se reconhecesse meu toque. Uma lágrima silenciosa escorreu pelo meu rosto.
— Oi, meus amores… — minha voz quebrou, carregada de emoção. — Mamãe está aqui.
Minha filha, menorzinha, se remexeu levemente, como se respondesse.
— Eles são fortes. Estão reagindo muito bem, considerando que nasceram antes do tempo. — A enfermeira me tranquilizou.
Eu queria abraçá-los, segurá-los, nunca mais soltá-los. Mas, naquele momento, percebi algo:
Eu não tinha nada para oferecer a eles.
Nenhuma casa. Nenhuma garantia de segurança.
Minha única alternativa era um casamento que eu não queria.
Ou será que queria?
— Que nomes vai dar a eles? — a enfermeira perguntou gentilmente.
Respirei fundo, ainda acariciando os pequenos.
— Bella e Bento.
— São lindos.
Assenti, sem tirar os olhos deles. Eu precisava protegê-los.
E talvez isso significasse aceitar a proposta de Dante.
***
Algumas horas depois, já de volta ao meu quarto, minha mente não parava de trabalhar.
O que eu sabia sobre Dante Morelli?
Bem, a única coisa que eu sabia sobre ele era o que lia nas revistas. Mesmo que meus pais sempre foram de uma classe social alta, nada se comparava ao império da Família Morelli havia construído.
Dante Morelli é conhecido como o rei das indústrias financeiras. Lembro-me das reportagens que diziam que tudo o que ele tocava virava ouro, como se tivesse o Midas moderno nas mãos. Mas sua vida pessoal? Isso era um mistério. A única coisa que eu sabia, e que todos comentavam, era sua obsessão por controle e trabalho. Ele tinha 35 anos, mas parecia ser mais velho, como se o peso de suas responsabilidades tivesse envelhecido sua alma.
E eu?
Eu era uma mulher recém-formada, expulsa de casa, sem um centavo no bolso, eu tenho duas vidas que dependiam de mim.
Era isso ou voltar para as ruas com dois recém-nascidos.
Um suspiro cansado escapou dos meus lábios quando a porta do quarto se abriu.
Dante entrou, impecável como sempre, vestindo um terno escuro. Seus olhos analisaram minha expressão antes de ele se aproximar.
— Já tomou uma decisão?
Eu mordi o lábio inferior.
— Quero algumas condições.
Ele ergueu uma sobrancelha, parecendo intrigado.
— Diga.
Engoli em seco.
— Quero que meus filhos sejam registrados apenas no meu nome.
Dante franziu o cenho.
— Isso pode levantar suspeitas.
Cruzei os braços, firme.
— Não me importa. Eles são meus filhos, e ninguém vai tirá-los de mim.
Ele me estudou por alguns segundos antes de soltar um suspiro.
— Posso colocar no contrato que ninguém tiraria seus filhos, mais alguma coisa?
Assenti.
— Quero garantias de que, se algo der errado, terei uma compensação financeira para cuidar deles sozinha.
Dante sorriu de canto.
— Eu admiro sua determinação. Mas não se preocupe. Eu cumpro meus acordos.
Hesitei por um segundo, mas finalmente assenti.
— Então, eu aceito.
O sorriso de Dante aumentou levemente.
— Ótimo. Vamos oficializar isso o quanto antes.
Meu coração batia forte. Eu estava prestes a me casar com um homem que mal conhecia.
Mas se isso significava proteger Bella e Bento… então era um preço que eu estava disposta a pagar.
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Atualizado até capítulo 85
Comments
Edila Almeida Santos
ela até fez a escolha certa, só que acredito que com o desenrolar dessa história, ela vai se apaixonar por ele e ele também vai se apaixonar por ela e pelas crianças e no final eles vão casar de verdade e ele vai registrar as crianças no nome dele, e vão muito feliz.
2025-03-11
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Denise
Apesar de DANTE ter dado opções, AURORA sabe que, sem família, sem casa, sem trabalho e sem dinheiro, ver os filhos passando todo tipo de dificuldade NÃO é uma opção, então, dizer SIM é a única saída.
2025-03-29
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Maria lourdes Jesus
aceita logo aurora , caser com o Dante e mostre para quem virou as costas pra vc
2025-04-11
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