O silêncio pairava no ar depois que Leonardo Morelli foi embora. Eu me joguei no sofá, cruzando os braços e balançando a cabeça.
— Ele não acredita em nós.
Dante passou as mãos pelos cabelos, parecendo refletir sobre minha afirmação.
— Ele é desconfiado por natureza, mas acredito que, de certa forma, ele aceitou.
Revirei os olhos.
— Acha mesmo? Porque, para mim, parecia que ele estava analisando cada palavra para encontrar alguma inconsistência.
Dante ia responder, mas seu celular começou a tocar. Ele pegou o aparelho e olhou a tela.
— É meu avô.
Meu corpo ficou tenso.
Ele atendeu.
— Sim, vô?
Dante ouviu por alguns segundos antes de perguntar:
— O senhor esqueceu alguma coisa? Acabou de sair daqui.
O tom do avô do outro lado da linha parecia firme e inquestionável. Vi a expressão de Dante se alterar gradativamente, passando de surpresa para frustração.
— Vô, isso não é necessário...
Ele fez uma pausa, escutando atentamente.
— Não, isso não faz sentido. Não podemos simplesmente...
Mais alguns segundos de protesto, e então ele bufou e passou a mão pelo rosto, claramente derrotado.
— Certo. Amanhã de manhã.
Ele desligou o telefone e ficou encarando a tela por alguns segundos antes de me encarar.
— O que foi? — perguntei, sentindo um arrepio percorrer minha espinha.
Dante respirou fundo.
— Meu avô quer que nos mudemos para a mansão dele.
O choque tomou conta do meu corpo.
— O quê?
— Ele disse que quer a família reunida e que isso é o mais sensato, já que temos filhos agora.
Minhas mãos se fecharam em punhos.
— Não podemos simplesmente recusar?
Dante soltou uma risada irônica.
— Se fosse tão simples assim, eu já teria feito. Mas meu avô não aceita um ‘não’ como resposta. Se recusarmos, ele vai investigar mais a fundo. E eu não posso arriscar isso.
Engoli em seco.
— Isso significa que teremos que viver sob o mesmo teto que ele? Fingindo um casamento?
Dante assentiu.
— Sim. Pelo menos até que ele pare de desconfiar.
O medo se instalou no meu peito. Leonardo Morelli já era intimidador o suficiente a distância. Vivendo na mesma casa que ele, eu sentiria sua presença o tempo todo, observando, esperando por qualquer deslize.
— Isso é uma péssima ideia.
— Eu sei. Mas não temos escolha.
No dia seguinte, acordei cedo, apesar de ter dormido mal a noite inteira. Minha mente estava inquieta, tentando processar tudo o que estava acontecendo.
Clara me ajudou a organizar as coisas dos bebês, enquanto Dante tratava dos detalhes logísticos.
— Você está bem? — Clara perguntou em um tom preocupado enquanto dobrava uma das roupinhas de Bella.
— Não. — Suspirei. — Como eu poderia estar? Eu mal me adaptei a essa nova vida, e agora tenho que me mudar para a casa de um homem que claramente quer me dissecar com os olhos.
Ela sorriu de leve.
— Mas você não está sozinha. Dante está com você.
Revirei os olhos.
— Ele só está fazendo isso para evitar problemas. Isso não significa que realmente se importe comigo.
Clara não respondeu de imediato.
— Talvez. Mas eu vejo o jeito como ele olha para você. Pode ser que ele mesmo ainda não tenha percebido, mas há algo ali.
Eu neguei com a cabeça isso era algo impossível de acontecer.
Chegou a hora de irmos para a mansão Morelli. Meu corpo estava tenso, os nervos à flor da pele, mas eu sabia que não havia volta. Segurava Bento em meus braços, com ele já dormindo tranquilamente, enquanto Clara carregava Bella. Dante estava ao nosso lado, atento, quase como se estivesse sempre pronto para qualquer coisa.
À medida que nos aproximávamos, grandes portões de ferro se abriram, revelando um imenso jardim bem cuidado. O carro entrou, e à medida que estávamos próximo da mansão, ela se revelou imponente. Com sua arquitetura clássica e imensa, a casa parecia um castelo, e a sensação que eu tinha era de que estávamos entrando em um lugar onde as regras eram outras, onde não éramos apenas nós, mas uma parte de algo muito maior e mais poderoso.
Assim que o carro parou, Dante se apressou a abrir a porta para me ajudar a sair. O momento parecia tão surreal, com ele sempre atento a cada movimento. A mansão estava iluminada, e o ar estava pesado com a expectativa do que estava por vir.
Na entrada, lá estava Leonardo Morelli, o patriarca da família. Ele nos observou por alguns segundos antes de abrir um sorriso controlado e dizer com sua voz grave:
— Sejam bem-vindos, Dante. Aurora. É um prazer finalmente tê-los aqui.
Dante respondeu com um simples assentimento, e, ao me olhar, ele fez uma leve reverência de cabeça. O sorriso de Leonardo parecia forçado, como se ele estivesse tentando analisar cada um de nossos movimentos.
— Sigam-me, por favor. Há mais pessoas aguardando na sala.
Ele nos conduziu até a enorme sala de estar. Cada passo dentro da mansão parecia reverberar o peso da situação, como se cada parede tivesse uma história para contar. À medida que entrávamos, o que mais me chamava a atenção eram as pessoas sentadas ao redor, todas olhando com uma curiosidade cautelosa.
— Esta é minha família. — Dante começou a apresentação, e eu percebi que ele estava tentando parecer o mais natural possível. — Aqui estão meus irmãos mais novos, Alex, Mia e Antonio.
Eu me virei para encarar os três, que, até então, estavam sentados em sofás dispostos ao redor da grande sala. Eles me olharam, e a surpresa era evidente em seus rostos.
Alex, um homem alto e com cabelos escuros, foi o primeiro a falar.
— Você... você está casado?
Havia um tom de incredulidade em sua voz, como se fosse impossível acreditar que Dante, o irmão mais velho, sempre tão reservado e focado nos negócios da família, agora estivesse casado e com filhos. Mia, uma Jovem de cabelos claros e olhar atento, parecia igualmente surpresa, mas não disse nada. Antonio, o mais novo, parecia não entender muito bem a situação e apenas ficou em silêncio, com uma expressão de dúvida.
Dante sorriu levemente, mas sua expressão era séria.
— Sim. Tenho uma família agora.
Pude ver o desconforto nos olhos deles, como se a ideia de Dante ter mudado sua vida pessoal fosse algo difícil de processar. Não era algo que eles esperavam, e esse choque estava estampado em seus rostos.
— Bem-vinda à nossa família, Aurora. — Mia finalmente disse, com um sorriso, embora eu pudesse sentir que ela estava mais tentando ser educada do que realmente genuína.
Dante, percebendo o silêncio desconfortável, continuou a apresentação.
— Esses são meus tios Jorge e Laura, e aqui está meu primo, Leandro
O homem que estava à frente se levantou e me estendeu a mão. Ele tinha uma postura rígida, e seu olhar parecia distante, mas educado.
— Prazer, Leandro Morelli.
A maneira como ele falou seu nome era quase como se estivesse destacando algo em sua própria identidade, como se fosse importante se lembrar do seu sobrenome. Eu sorri, tentando manter as aparências, mas algo no seu tom me incomodou, como se ele estivesse apenas cumprindo uma formalidade.
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Atualizado até capítulo 85
Comments
Ana Shirly Amorim Lima
Aurora pelo que eu tô vendo você tá lascada e o Dante piora ainda você vão ter que realmente levar a história para verdade porque na mentira não vai dar certo conhecer a família toda desconfiada
2025-03-16
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Denise
Se antes estava difícil, apenas com Leonardo, agora, será pior, com os olhares questionadores dos 3 irmãos, dos tios e esse tal Leandro, o primo, que vai encher o saco do DANTE.
2025-03-29
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Heloisa Coca
agora lascou , o casamento vai ter que ser de verdade , o.nimho das contas só está esperando pra dar o bote , muito dinheiro e poder em jogo e ali ninguém quer perder ou dividir nada .... é bom a Aurora ficar esperta e bem atenta ao movimento do mausoleu dos Morellis
2025-03-21
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