Passei a manhã inteira ao lado de Dante, ensaiando cada detalhe da nossa história. Ele era meticuloso, insistindo em cada pequeno detalhe. Precisávamos estar alinhados, sem contradições, porque seu avô não era um homem fácil de enganar.
No final da manhã, Dante pegou uma caixinha de veludo preto e a abriu, revelando uma aliança prateada.
— Vamos precisar disso.
Ele deslizou a aliança no meu dedo anelar antes de pegar a sua própria e colocá-la. O anel parecia mais pesado do que realmente era, talvez pelo peso da mentira que representava.
— Isso está indo rápido demais, não acha? — perguntei, observando o anel brilhar sob a luz do sol que entrava pela janela.
Dante cruzou os braços.
— Não temos tempo para hesitações. Meu avô vai perceber qualquer falha na nossa história.
Assenti, sentindo um nó na garganta. Eu mal tinha processado tudo o que estava acontecendo e agora estava oficialmente "casada" — pelo menos no papel.
Naquela tarde, Dante recebeu a ligação de seu avô.
— Ele virá para o jantar.
Meu coração acelerou.
— Hoje?!
Dante me olhou com seriedade.
— Sim. Você acha que pode lidar com isso?
Engoli seco.
— Acho que não tenho escolha.
Com a ajuda de Dona Marta e Clara, me arrumei o melhor que pude, sem exageros devido ao resguardo. Vesti um vestido azul de tecido leve, que era confortável e elegante. Meus cabelos estavam presos em um coque baixo, e a maquiagem era mínima, apenas para disfarçar as olheiras das noites sem dormir.
Clara ajeitou um último fio de cabelo solto e sorriu.
— Você está linda, Aurora. Ele vai gostar de você.
Ri sem humor.
— Se ele não perceber que tudo isso é uma mentira antes.
Dona Marta colocou a mão no meu ombro.
— Mostre confiança, querida. Homens poderosos respeitam isso.
Balancei a cabeça e respirei fundo.
Quando saí do quarto, Dante já estava esperando na sala. Ele vestia um terno impecável, a gravata levemente frouxa no pescoço. Seus olhos analisaram minha aparência por um segundo, e então ele assentiu.
— Pronta?
— Tão pronta quanto posso estar.
Às oito em ponto, o interfone tocou. Dante apertou um botão e liberou a entrada.
O ar na sala pareceu ficar mais pesado.
Minutos depois, passos firmes ecoaram pelo corredor. Quando a porta se abriu, um homem alto, de cabelos grisalhos e expressão séria, entrou. Ele usava um terno escuro e exalava autoridade. Seus olhos afiados varreram o ambiente antes de pousarem em mim.
Dante se aproximou e apertou a mão do avô.
— Vô, que bom que veio.
Leonardo não respondeu de imediato. Ele continuou me observando, como se estivesse me analisando de cima a baixo, tentando encontrar falhas na minha existência.
— Então você é Aurora.
Sua voz era grave, carregada de julgamento.
Respirei fundo e forcei um sorriso.
— Sim, senhor Morelli. É um prazer conhecê-lo.
Ele estreitou os olhos.
— Veremos.
Dante pigarreou.
— Vamos jantar.
A tensão no ar era palpável enquanto nos dirigíamos à sala de jantar.
A mesa estava posta elegantemente. Dona Marta haviam preparado um banquete, mas eu mal sentia fome.
Leonardo sentou-se à cabeceira, enquanto Dante e eu ficamos um ao lado do outro.
— Então, Aurora, me conte. Como conheceu meu neto?
A pergunta veio afiada, como uma faca apontada para mim.
Mantive a compostura e sorri.
— Nos conhecemos em um evento beneficente. Eu estava ajudando na organização, e Dante estava lá como convidado.
Leonardo arqueou uma sobrancelha.
— E quando isso se tornou algo sério?
— Pouco depois. Começamos a nos encontrar com mais frequência, mas preferimos manter em segredo. Queríamos ter certeza antes de tornar público.
Ele tamborilou os dedos na mesa.
— E então você engravidou.
Minha garganta secou.
— Sim. Eu estava com medo de contar para Dante. Achei que ele não aceitaria.
Dante entrou na conversa, sua voz firme.
— Mas eu aceitei, e é isso que importa.
Leonardo olhou para o neto, avaliando sua expressão.
— Você sempre disse que não queria se prender a ninguém, Dante. Por que agora é diferente?
Dante não hesitou.
— Porque encontrei alguém que vale a pena.
O silêncio pairou sobre a mesa.
Então Leonardo sorriu — um sorriso que não transmitia calor.
— Interessante.
Após o jantar, Leonardo se levantou.
— Gostaria de ver os bebês.
Meu coração disparou.
Assenti e guiei-o até o quarto onde Bento e Bella dormiam.
Ele parou ao lado do berço e os observou por longos segundos.
— São bonitos.
— Obrigada.
Ele virou-se para mim.
— Espero que esteja falando a verdade, Aurora. Não gosto de ser enganado.
Minha pele arrepiou.
Dante se colocou ao meu lado.
— Nós não estamos mentindo.
Leonardo o olhou nos olhos e então sorriu de canto.
— Ótimo. Porque se eu descobrir que estão, não haverá lugar no mundo onde possam se esconder.
Saímos do quarto e Leonardo se despediu.
Quando a porta fechou atrás dele, soltei um suspiro longo.
Dante passou a mão pelo cabelo, parecendo igualmente tenso.
— Acho que passamos no teste... por enquanto.
Assenti, mas no fundo, eu sabia que Leonardo Morelli ainda não estava convencido. E isso significava que a qualquer momento, ele poderia descobrir a verdade.
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Atualizado até capítulo 85
Comments
Maria Helena Pereira
Acho que o velho vai se apaixonar pelos bebês e não vai fazer nada pra prejudicar eles pq o Dante vai se apaixonar por ela
2025-03-10
28
Elizangela Cristina Ferreira Rosa
concerteza o Dante vai se apaixonar pela aurora,e os bebês vai conquistar o coração do velho,quando ele descobrir a verdade ele já vão ser um casal de verdade
2025-03-20
2
Denise
LEONARDO vai investigar o passado de AURORA. Tomara que o investigador não descobra a mentira e aí, DANTE e AURORA vão se casar e o vovó LEO vai cair de amores pelos netos.
2025-03-29
1