Eu fiquei observando Bento e Bella por mais alguns minutos. O peito se apertava ao pensar que eles eram tão pequenos e indefesos, e que o mundo ao nosso redor era tão cruel e implacável.
A enfermeira Suzana me olhou com um sorriso compreensivo.
— Você precisa descansar, querida. Eu ficarei de olho neles. Qualquer coisa, te chamo pela babá eletrônica.
— Tem certeza? — perguntei, ainda relutante.
— Absoluta. Agora vá. Você precisa dormir. Seus bebês precisam de uma mãe descansada.
Suspirei, sabia que ela estava certa. Então dei um beijo em cada um dos meus filhos, peguei a babá eletrônica e saí do quarto com passos silenciosos.
O Desconforto de Dormir com Dante
Ao entrar no nosso quarto, vi que Dante já estava deitado, de costas para mim. A respiração dele era lenta e ritmada, indicando que já dormia.
Eu me aproximei da cama em silêncio. Meu corpo estava exausto, cada músculo implorava por descanso, mas o desconforto de dividir a cama com Dante me fazia hesitar.
"É só dormir, nada demais", pensei, tentando me convencer.
Deitei o mais longe possível dele, me encolhendo na ponta da cama, quase caindo para fora. Puxei o cobertor até o queixo e fechei os olhos, tentando ignorar a presença quente ao meu lado.
Porém, meu corpo logo cedeu ao cansaço.
Horas se passaram e, no meio da madrugada, acordei com uma sensação estranha. Algo quente ao meu redor me fazia sentir um desconforto inesperado. Me mexi na cama, tentando ajustar a posição, mas o calor parecia não diminuir. Foi então que percebi, com um pulo no peito, que Dante estava muito mais perto do que eu imaginava.
Ele tinha se virado durante o sono, e agora seu braço estava envolta da minha cintura, me puxando para perto dele. Minha respiração parou por um momento. Meu corpo inteiro ficou tenso e meu coração começou a bater mais rápido. A proximidade dele me fazia sentir algo que eu não queria, ou talvez não sabia como lidar. Eu deveria estar confortável, talvez até gostando dessa proximidade, mas a situação, o contexto, tudo parecia errado, confuso.
Tentei sair devagar, com cuidado, para não acordá-lo, mas, assim que comecei a me mover, Dante se mexeu também. Ele murmurou algo em um tom baixo e rouco, uma voz embargada, quase imperceptível.
— Humm… dorme...
Meu estômago se revirou, o coração ainda acelerado. Será que ele estava acordado? A voz dele soava tão suave, como se não tivesse noção do que estava fazendo, e ao mesmo tempo, como se fosse um pedido, uma súplica silenciosa para que eu não me afastasse.
Fiquei imóvel, esperando, observando o modo como ele parecia estar em um sono profundo. Seus braços estavam firmes, mas a respiração dele ainda era lenta e constante. Ele não estava acordado, não estava ciente de seu corpo nem de como estava me segurando.
Eu só queria sair dali, mas, ao mesmo tempo, não conseguia. Algo dentro de mim dizia para não fazer nada, para apenas deixar que o momento passasse. O que seria mais fácil? Lutar contra a proximidade ou ceder à sensação de calor e segurança que seu corpo emanava?
Fechei os olhos com força, como se tentando bloquear aquela sensação. Mas meu corpo ainda sentia cada centímetro de sua pele contra a minha, a firmeza de seu abraço, o toque de seu rosto contra minha nuca. Não havia como ignorar.
A verdade era que eu não sabia o que fazer com isso. Não sabia como lidar com a atração silenciosa, com a necessidade de manter distância, mas, ao mesmo tempo, com a vontade de sentir o calor de seu corpo. Era um conflito dentro de mim que parecia se intensificar a cada segundo.
A noite continuava, e meu cansaço, que antes parecia insuportável, agora parecia diluir-se na quietude de seu abraço. Eu ainda sentia a necessidade de manter a distância, de não me entregar a isso, mas também não queria fazer nada que pudesse acabar com aquele momento, com o toque que, de certa forma, me fazia sentir viva de uma maneira que eu não conseguia compreender.
Eu não sabia por quanto tempo fiquei ali, imersa em meus próprios pensamentos e sentimentos conflitantes. Não sabia se o que sentia era certo ou errado, ou apenas o reflexo da situação em que me encontrava. O que eu sabia é que, no final das contas, o calor de Dante me envolvia e eu não tinha forças para lutar contra isso agora.
E, para minha surpresa, eu adormeci. Aquele calor, aquele toque, me acalmou de uma maneira inesperada, e, enquanto meu corpo relaxava aos poucos, fechei os olhos e me entreguei ao sono profundo.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 85
Comments
Silvanetemelo5 Melo
não é o fim do mundo aurora só relaxa tá se vc ficar com paranóia vc vai ver que tudo ficará bem
2025-03-08
27
Denise
Desde o dia do parto, deu pra sentir que DANTE não é uma má pessoa, pois se fosse, ele a deixaria no meio da rua. No entanto, ele a socorreu foi gentil e ficou ao lado dela, mesmo que tivesse interessado no tal acordo.
2025-03-29
1
Gabrielle Garcia
uma coisa que eu estou achando bem estranho é que parece que Dante não tem voz, pq so que conta a estória e aurora e a autora estranho né, mas é linda a estória
2025-03-28
1