Capítulo 12

Nina.

Ele sai cantando pneu, e eu entro no prédio em lágrimas porque ele é um idiota completo. Eu me guardei porque tudo que me aconteceu durante a adolescência me travou, e eu jurei não deixar mais nenhum homem me tocar ou fazer da minha vida um inferno. E novamente eu me iludi, tentando fazer a coisa certa, tentando ser bondosa. E olha só no que deu? Agora eu estou aqui, na escada, sentada nesse degrau, sem coragem de entrar em casa e a Diana me ver assim, em lágrimas. Porque eu dei o meu primeiro beijo por vontade própria, sem ser invadida, mas sinto muito que foi só com um babaca como o Eduardo Miller. O pior é que eu não consigo parar de lembrar daquele beijo e sempre que eu lembro, eu o desejo parar naquele tempo, porque eu amei aquele beijo, que me levou a sentir borboletas no estômago.

Limpo minhas lágrimas, pois eu já assinei a droga daquele contrato e, por mais que eu quisesse desistir, eu não posso, senão vou ter que pagar uma multa; e como ele é ruim, é bem capaz de me denunciar. Entro em casa e já vou direto tomar um banho para ver se passa a raiva.

A Diana, tome; ainda bem, porque eu não quero conversar com ninguém nesse momento.

E logo eu apago...

Quando o dia amanhece, eu acordo cedo e me arrumo para ir trabalhar. O difícil vai ser olhar para aquele idiota do meu chefe, e agora meu noivo.

— Uhu, cara! Eu pensava que era só um caso, mas noiva, sério, noiva? — diz Diana, e eu dou um sorriso sem graça.

— Sim, ele me pediu em casamento e eu aceitei.

— E porque essa carinha triste?

— Nada, eu só estou cansada; afinal, eu cheguei tarde ontem.

— E por que você vai trabalhar ainda? Nina, você é noiva do dono!

— E daí, Diana? Ele ainda continua sendo meu chefe, e estamos atrasadas.

Pego minha bolsa e saio na frente, enquanto a Diana vai o caminho todo contando vantagem por eu ser a noiva do seu Eduardo, e eu em meus pensamentos só penso que vantagem?

Chegamos na empresa e já tem paparazzi aqui na porta. Isso é uma droga: ele já chegou pois o carro dele já está aqui.

— Nina Garcia, só uma palavrinha! Vamos, diz como aconteceu esse romance entre você e o Eduardo Miller. Você é assistente dele? Senhorita Nina, só uma palavrinha. — diz um paparazzi, mas eu só passo direto, entro no elevador e sigo para a minha mesa. Vou até a copa, faço o chá verde do seu Eduardo e sigo até a sala dele. Bato, pois ele está com visitas, pois ouço gritos.

— Entrar! — ele grita furioso e hoje é um dia daqueles do cão à solta.

— Licença, seu Eduardo, aqui está o seu chá.

— Ué, seu Eduardo? — pergunta a nojenta da Ana.

— Nina, amor, entra. Já disse que não precisamos mais esconder nosso amor. — diz ele me puxando pelo braço e me dando um beijo na testa, menos mal, e pegando o chá das minhas mãos. A Ana está possessa de raiva.

— Que palhaçada é essa, Dudu! — questiona ela, e eu só estou em silêncio, ele que produziu esse circo, então ele que cuide.

— Ana, não te devo satisfação. Queira sair da minha sala, pois eu quero ficar à sós com minha noiva. — a dona Ana sai bufando enquanto o seu Eduardo ainda segura minha cintura, e quando a Ana bate a porta furiosa saindo, eu tiro a mão dele da minha cintura.

— Ainda está brava? — nossa, que cara de pau!

— Não, seu Eduardo. Olha, o senhor deseja algo mais, pois eu preciso trabalhar.

— Nina, para de me chamar de seu ou senhor! Agora eu sou o amor da sua vida. — solto uma gargalhada.

— Nem aqui e nem na China! — digo cruzando os braços.

— Cheia de gracinhas. Ok, desculpa por ontem, pois eu sei que vocês mulheres levam tudo a sério. Foi só um beijo quente. E o que foi: você nunca deu uns amassos em um desconhecido, e depois deu as costas! — saio da sala dele furiosa. Ele é um idiota e um escroto, eu disse que sou virgem, então de onde eu vou dar uns amassos em desconhecidos? Entro no banheiro e choro novamente. E por que eu me sinto assim? Droga, agora eu nem consigo olhar para ele e ser eu mesma! Nina, o que há com você? É só o seu chefe Eduardo Miller! É só ser a assistente, fazendo a hora extra. E esquece aquele beijo.

(...)

E assim, dias passam e o seu Eduardo cumpriu o que ele disse e nada de beijo; só damos um selinho. Hoje é o dia do meu noivado, porque daqui a dois dias eu me caso com ele. Eu coloquei na minha cabeça que isso é só mais um emprego com um bom salário, pois ele realmente pagou as minhas dívidas. O pior é a dona Miller; nossa, ela fala, fala e fala sem parar sobre a noite de núpcias e tudo o que eu queria era esquecer dessa noite maldita. Eu quis ser boa demais e tomei no cu, pois não estou preparada para essa noite.

— Nina, o meu Dudu ama uma bela mulher que saiba fazer silêncio, então seja sempre em silêncio que tudo entre vocês vai ficar bem. — diz a dona Miller, porque eu estou na casa dela me preparando para o jantar de noivado, onde ela escolheu o meu vestido.

— Então vocês duas já estão prontas? — pergunta o seu Eduardo. E quando levanto o meu olhar para olhar para ele, o meu coração até dispara, pois ele está lindo. A mãe dele dá um beijo nele, nos deixando aqui sozinhos. Eu me levanto.

— Está linda! — diz ele.

— Você também está! — digo, não querendo ser grossa.

— Nina, será que dá para ser mais gentil, sorrir mais? Porque parece que não está feliz e precisamos passar felicidade! — começo a chorar novamente.

— Ok, seu Eduardo, eu prometo, ser a mulher mais feliz, num noivado falso, onde o meu noivo é só um egoísta sem sentimentos até em seus últimos momentos de vida. — passo esbarrando nele, que segura meu braço.

— Não sabe o que diz, Nina! Eu tenho sentimentos; eu só não quero senti-los, pois do que vai adiantar, se estou com um pé na cova? E vamos descer juntos e agarradinhos.

Ele passa seu braço na minha cintura e assim descemos a escada, onde já tem várias convidadas, pessoas que nem conheço. Sorrio, me fazendo de mulher apaixonada, mas na verdade por dentro eu só queria sair daqui e chorar por horas, por amar o meu chefe, que é um idiota que prefere viver uma mentira ao invés de uma verdade, porque eu admito que amo o Eduardo Miller!

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