Capítulo 8

Eduardo.

— O senhor não viu, viu? — alisei meu rosto, sem entender porque essa maluca estava tagarelando.

— Vi quem? — perguntei, confuso.

— A tal da xoxota, por isso essa proposta indecente! — meu Deus, quem é essa figura? Quem é a xoxota? Eu estou aqui me abrindo com você, dizendo que meu tempo de vida é curto, e você me agride sem razão? E detalhe, não faço a mínima ideia de quem seja essa xoxota! — soltei, furioso.

— Estava tão bêbada naquela noite que não lembro de nada — ela passeia de um lado para o outro, só cochichando.

— Nina, você realmente bebeu toneladas de vodka, mas juro que a única coisa que fiz foi te levar pra casa. Não me encontrei com mais ninguém, além da filha de uma égua e a Diana!

— Eu disse coisas, não disse? Naquela noite!

— Disse, mas nem liguei, sabe como é: bêbados falam um monte de bobagem. O que eu quero mesmo é que case comigo. — e estendi o contrato como se fosse uma proposta irrecusável.

— Por favor, Nina, quero realizar o que não consegui durante toda a minha vida enquanto ainda tenho tempo.

— Mas por que eu?

— Porque não tenho sentimentos por você. Não que seja uma ofensa, mas prefiro assim, sem sentimentos, pra gente não sofrer. Eu sei que você também não tem sentimentos por mim, afinal, em dois anos de trabalho, você nunca se atirou em cima de mim ou quis algo a mais. Eu confio só em você, Nina, por favor? — ela pegou o contrato das minhas mãos.

— Por que não escolheu a dona Ana? Vocês já foram um casal.

— A Ana me ama, como eu disse, e isso tá lá no contrato; não quero sentimentos envolvidos.

— O senhor realmente está com um pé na cova?

— Sim, Nina, não tenho cura, o tumor tá crítico. — ela abaixa a cabeça, toda triste. Então me agacho e seguro suas mãos que descansam nos joelhos dela.

— É por isso que quero saber como é ser casado. Sei lá, quero ter a experiência de ver uma noiva entrando de branco até mim. Também quero ter um herdeiro. — quando termino, ela se levanta.

— Mas pra isso vamos ter que... você sabe, e eu não posso, seu Eduardo!

— Como assim, Nina? A gente faz, sem se envolver. Se na primeira tentativa você ficar grávida, prometo que não praticamos mais. — vai ser difícil, pois acho que ela é um furacão na cama.

— Que é isso, seu Eduardo! Sexo é algo muito importante. Como eu vou perder minha virgindade por causa de um contrato? Sinto muito, mas não posso. — diz ela, devolvendo o contrato para mim.

— Nina, você é virgem? — minha mente não processa isso. Ela fica vermelha como um tomate.

— Sim, sou. E esse negócio não vai dar certo. Sinto muito, mas não posso. — e lá vai ela em direção à porta, mas eu corro e me coloco na frente dela.

— Nina, confiei em você! Não pode fazer isso! Ok, podemos pensar em outra possibilidade, como gestação in vitro. O que acha? — ela coloca uma mão na cintura e a outra no queixo, pensativa.

— Isso não vai funcionar, porque como eu vou ser mãe sendo virgem? Eu, hein? — juro que minha paciência está se esgotando.

— Eu deixo você com a metade da minha fortuna! — ela até arregala os olhos, interessada.

— A metade? — concordo com a cabeça.

— Isso é tentador, mas lamento, não posso. — passo a mão nos cabelos e recorro ao plano B, como diria a mamãe.

— Seu Eduardo, o que está acontecendo? Por favor, não morra agora! — finjo que estou passando mal, caio no chão e começo a tremer, e ela chora desesperadamente, me agarrando.

— Senhor Eduardo, por favor, Deus santo, se o senhor Eduardo ficar bom, eu assino esse contrato! — meu sorriso se abre internamente, mas externamente, continuo me contorcendo, porque ela está realmente preocupada, coitadinha.

— Nina, me ajuda a levantar — digo, dramatizando a dor. Ela tenta me colocar de pé, e Deus me perdoe, mas eu precisava fazer isso.

— Me ajuda a me sentar no sofá, tô meio tonto ainda.

— Claro, seu Eduardo. Me perdoa, eu assino tudo. O senhor não merece morrer assim, tão jovem. Eu caso com você e te dou um filho, mas não morra agora! — eu a beijaria, agora, mas preciso continuar fingindo por mais um tempinho. Vai que consigo algo mais...

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