...Júlio...
(…)
Seguimos até o hospital em silêncio, apenas o chorinho abafado de Steff quebrava o silêncio total dentro do carro. Após alguns minutos, chegamos ao hospital que eu indicara ao motorista da ambulância. A essa altura provavelmente, Pâmela já devia estar sendo atendida.
Na pressa estacionei o carro de qualquer jeito e peguei Steff no banho de trás, Georges também desceu, e só então pude notar o seu olho roxo, aquilo me deixou encabulado, mas no momento haviam outras preocupações. E Pâmela era a principal delas.
Seguimos para dentro do hospital, e fui direto à recepção, atrás de qualquer informação sobre o quadro de saúde de Pâmela.
Júlio: Boa noite! Poderia por gentileza me dar uma informação? — Ela assente com um sorriso amigável. — A moça que deu entrada agora pouco, vítima de incêndio já foi atendida? — A recepcionista digita algo no computador e logo volta a sua atenção para mim.
Recepcionista: Já sim, ela deu entrada na emergência assim que chegou!
Júlio: Ok, obrigado! Pode pôr todas as despesas médicas da paciente no meu nome!
Recepcionista: Ok, por gentileza pode informar o nome completo do senhor, e da paciente?
Júlio: Júlio César Mendonça e Pâmela Soares Fonseca! — O sobrenome dela provavelmente seria igual ao da Paloma, já que são irmãs.
Recepcionista: Certo.
Júlio: Também preciso de atendimento pediátrico para minha filha. — Steff, agora mais calma no meu colo, continuava com o seu corpinho quente.
Recepcionista: Ok, vou fazer a ficha dela, pode me passar os documentos? — Fiz o que ela me pediu e fiquei aguardando por algum tempo nas cadeiras de espera, dividido entre o medo de perder a Pâmela e a preocupação com Stefany ardendo em febre no meu colo.
Mulher: Com licença? — Era a mesma moça que havia acompanhado dona Paulina até o hospital. — Eu sou a Louise, amiga da Pâmela. Você deve ser o Júlio, né?
Júlio: Sim, sou eu. Tem notícias dela? — Pergunto tentando manter a calma.
Louise: Infelizmente ainda não, assim que a ambulância chegou, os paramédicos a levaram direto para emergência e estão lá até agora...posso me sentar aqui? — Assinto.
Júlio: Você sabe o que pode ter provocado o incêndio Algum vazamento de gás, ou algo errado na fiação elétrica? — Eu queria entender o que havia provocado um incêndio daquela proporção
Louise: Não, eu não tenho ideia, moro na rua de baixo, só ouvi quando começou a gritaria, e saí na direção, quase não acreditei quando vi a casa toda em chamas, foi uma cena horrível, a dona Paulina conseguiu sair com o senhor Georges antes das chamas se alastrar, mas a Pâmela estava dormindo, não ouviu os gritos, e acabou ficando presa lá dentro, por sorte os bombeiros chegaram a tempo, não gosto nem de imaginar o que poderia ter acontecido se eles demorassem um pouco mais. — Se ela não queria nem imaginar, eu muito menos, eu estava arrasado, tentando controlar as lágrimas que ameaçavam desabar a qualquer momento.
Júlio: Stefany sentiu que algo errado estava acontecendo, acordou no meio da madrugada chorando e chamando por ela, ardendo em febre.
Louise: Ah meu Deus, tadinha! As crianças realmente sentem essas coisas, e ela está muito apegada à Pâmela.
Júlio: Sim, o elo delas é muito forte! Se importa em ficar com ela um minutinho? Vou ver se consigo alguma notícia da Pâmela?
Louise: Claro, pode ir, também estou muito aflita, ninguém aparece para dizer nada. — Me levanto e entrego Steff a ela.
Júlio: Não demoro! — Sigo até a outra recepção em busca de alguma notícia, essa demora dos médicos não estava contribuindo em nada com a ansiedade que estava me consumindo, eu só precisava ter certeza que ela estava bem e fora de perigo. Enquanto isso, Georges parecia ter evaporado, não o vi mais depois que chegamos.
No caminho encontrei uma enfermeira que passava apressada.
Júlio: Hey, por favor, você tem notícias da moça que chegou do incêndio?
Enfermeira: senhor, ela está em atendimento no momento!
Júlio: Sabe se ela já acordou? — Eu precisava saber mais.
Enfermeira: Os médicos estão fazendo alguns exames para saber se houve alguma obstrução mais grave nas vias respiratórias, no momento é tudo que posso dizer!
Júlio: Como é o estado dela? Ela vai ficar bem? — A preocupação era nítida na minha voz.
Enfermeira: Garanto que os médicos estão fazendo todo o possível, senhor, agora se me der licença, tenho que ir. — Dito isso ela sai apressada com algumas pranchetas nas mãos. Eu não podia acreditar que isso estava acontecendo, de repente lágrimas salgadas começam a molhar a minha face, tive que me segurar na parede do corredor para não desabar, o meu peito doía com profunda agonia, nunca me senti tão impotente quanto agora.
Júlio: Meu Deus, por favor, não a leve com o Senhor ainda, eu imploro! — Tive que ir ao banheiro para tentar me recompor, as lágrimas não cessavam, nunca senti tanto medo como estou sentindo agora, eu daria qualquer coisa para ser eu no seu lugar.
Após lavar o rosto, tomar um copo d'água, e respirar fundo inúmeras vezes, finalmente me acalmei um pouco, mas o coração ainda estava aos cacos. Minutos depois, voltei à sala de espera, também precisava estar com a minha filha. Outra enfermeira conversava com Louise, quando me aproximei.
Louise: Júlio, eles estão chamando Stefany para o atendimento.
Enfermeira: Por favor, me acompanhe! — Assinto.
Júlio: Ok. — Pego Stefany nos meus braços.
Louise: Teve alguma notícia dela? — A preocupação era visível no seu rosto.
Júlio: Os médicos estão fazendo alguns exames para saber se ela está bem, por favor procure o senhor Georges, dê notícias a ele. — Ela assente e eu sigo com a enfermeira até à ala pediátrica.
…
Stefany foi medicada e também foram feitos exames de sangue e urina para saber a causa da febre tão repentina, poderia ser alguma infecção, mas eles queriam ter certeza. Fiquei com ela o tempo todo, mas com a cabeça ainda na Pâmela, precisava vê-la e saber como ela estava.
Quando Stefany adormeceu mais profundamente, pedi à enfermeira que ficasse com ela por alguns instantes, voltei à sala de espera e encontrei um médico falando com Georges e Louise, fui até eles.
Doutor: A paciente vai precisar ficar no hospital por algum tempo, nos exames constaram uma pequena obstrução nas suas vias aéreas, ela ficou exposta a fumaça por muito tempo, mais um pouco e teria sido fatal.
Georges: Eu posso ver a minha filha, doutor?
Doutor: Sim, ela está estável agora, pode me acompanhar!
Georges acompanha o médico ignorando-me completamente.
Louise: Como está a minha sobrinha?
Júlio: Está melhor agora, graças a Deus, já foi medicada e lhe foram feitos alguns exames. E a Pâmela?
Louise: A Pâmela inalou muita fumaça, o médico disse que as vias respiratórias sofreram danos, e que ela precisará de muito oxigênio!
Júlio: Meu Deus! O senhor Georges disse alguma coisa?
Louise: Não, ele não disse nada, está calado demais por sinal, acho que ficou traumatizado, coitado!
Júlio: Também acho. Será que você pode ficar um pouco com Steff pra mim? Eu vou tentar ver a Pâmela... — Ela assente com os olhos curiosos, talvez já suspeitasse dos meus sentimentos por sua amiga.
Louise: Me leve até ela..
Júlio: Claro, venha comigo!
(…)
Deixei Louise no quarto de Stefany e segui até a ala sul, onde Pâmela estava, infelizmente não me deixaram entrar, mas também não sairia dali sem vê-la, nem que fosse através de uma parede de vidro.
Me sentei numa das cadeiras no corredor, disposto a esperar o tempo que fosse para vê-la. Me assustei ao ver que já eram quase seis da manhã, as horas tinham voado, a madrugada já havia virado dia.
Paulina: Júlio?
Júlio: Dona Paulina! — Vejo-a fechar uma das portas do corredor e se aproximar de mim. — Como ela está? — Me levanto, ela abraça-me e chora no meu ombro por alguns minutos.
Paulina: Foi horrível, Júlio, horrível.... — Tento ser forte. — Eu achei que a minha filha fosse morrer naquele fogo, tive tanto medo! — Um nó se formou na minha garganta.
Júlio: Hey, fica calma, sente-se aqui. — Conduzo-a até a cadeira, ela se senta e me encara com os olhos marejados. — Me conta como isso começou, o que causou aquele incêndio?
Paulina: Eu não sei, foi tudo muito rápido, só vi quando o cheiro de fumaça invadiu o meu quarto, eu estava orando como sempre faço na madrugada, então imediatamente acordei o Georges, o ajudei a sair do quarto, e chamei pela Pâmela, mas quando tentei voltar para buscá-la, as chamas já estavam mais fortes, era impossível entrar, mas eu continuei gritando por ela. — A sua voz era trêmula e muito preocupada.
Júlio: Vai ficar tudo bem, eu prometo. — A abracei novamente.
Paulina: Nós perdemos tudo, Júlio, não sobrou nada.... — Chora. — A nossa casa e tudo que havia dentro se foi…
Júlio: Não se preocupe com isso agora, o importante é que todos estão bem, a vida de vocês é muito mais preciosa que bens materiais! — Eu faria tudo que estivesse ao meu alcance para ajudá-los, jamais os deixaria a míngua num momento como esse.
Paulina: Você está certo, é nessas horas que Deus quer ver como nos reagimos, se vamos murmurar, ou adorar, mas eu prefiro adorar. E com o tempo, às coisas vão se ajeitando, o mais importante agora é a minha menina ficar bem. — Assinto.
Júlio: Isso mesmo. E a senhora já foi atendida? Provavelmente deve ter inalado fumaça também.
Paulina: Sim, os médicos me examinaram, graças a Deus estou bem, nesse momento é o Georges que está na sala do médico. E a minha neta, onde ela está?
Júlio: A Louise ficou com ela, não se preocupe. — Expliquei a ela toda a situação que tinha acontecido com Stefany na minha casa.
Paulina: A minha neta se apegou muito a Pâmela, o elo delas é muito forte e vai além de apenas laços sanguíneos, é como se fossem mãe e filha de verdade, ela deve ter sentido que a Pam estava em perigo, por isso o choro e a febre.
Júlio: Sim, foi o que eu também pensei.
Paulina: Você quer entrar para vê-la? Acredito que a sua presença fará bem a ela. — Assenti veementemente.
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Atualizado até capítulo 69
Comments
Fátima Ribeiro
esse incêndio foi criminal.
os credores do George ataram fogo na casa com eles dentro. Amigo dele.
monstros!
E o George ainda com ignorância com o Júlio.
2025-03-13
1
Fátima Ribeiro
tadinha da Stef
2025-03-13
0
Tania Cassia
manda esse Jorge a merda Julio e luta pela a Pam
2025-02-04
2