#Capítulo 12

...Júlio...

(…)

Tomo um banho bem demorado, sinto-me revigorado após permanecer por quase uma hora debaixo do chuveiro.

Após sair, visto somente um short e fico sem camisa mesmo, gosto de me sentir confortável em casa, principalmente quando estou sozinho. Pego o meu celular e resolvo ir ver como ficou o quarto de Stefany, que era logo ao lado do meu.

Fico boquiaberto assim que abro a porta e acendo o interruptor.

Ficou simplesmente perfeito, do jeitinho que havia pedido quando a arquiteta fez o projeto juntamente com a designer de interiores, igualzinho ao quarto de princesa, pois, é isso que a minha menina é para mim, uma linda princesinha.

Espero que ela goste, e queira ficar aqui comigo, sei que será difícil ficar longe de Pâmela, mas se tudo ocorrer como estou pensando, elas não ficaram longe uma da outra por muito tempo.

Saio do quarto, apago a luz e fecho a porta, em seguida desço as escadas e vou à cozinha comer alguma coisa. Me sirvo de um pedaço de lasanha e um copo de suco.

Com a fome que estava, comi tudo bem rapidinho, Pâmela estava certa, essa mania de passar do horário das refeições não estava me fazendo bem, afinal de contas, trabalho é importante, mas não é tudo na vida. E mais uma vez, Pâmela veio nos meus pensamentos, era incrível como tudo me lembrava ela, e só então recordo-me que ainda não havia respondido a mensagem, pego o celular e vou para a sala, gostava de ouvir música clássica quando estava sozinho, me ajudava a relaxar. Sento no sofá e envio algumas mensagens para ela, por ser tarde, não estava mais com esperança dela responder, mas para minha surpresa, ela responde quase que imediatamente, não consigo evitar o sorriso. Pâmela é muito compreensiva, e é claro que eu não disse que a estava evitando, mas também não menti quando disse que havia tido alguns imprevistos, falei do novo quarto de Stefany, mas achei melhor não contar sobre a situação da guarda dela, esse assunto era delicado e não poderia ser dito assim pelo telefone. Prometi compensá-las no dia seguinte e disse que passaríamos o dia só nós três.

Por fim, nos despedimos, achei por bem deixá-la descansar, amanhã seria um dia muito agitado, pois pretendo levá-las ao parque, quero recuperar todos esses dias longe delas, os amores da minha vida.

Desliguei a música e voltei para o quarto, fiquei olhando a sua foto de perfil, ela estava com Stefany no colo, estavam sorridentes, e mais uma vez tive certeza de que eu a amava, era loucura, e chegava a ser cômico se parasse para pensar em como o destino prega peças na gente. Se bem que não acredito muito nessas coisas, prefiro pensar que Deus tem um plano em tudo isso, talvez essa seja a vontade dEle!

(…)

Na manhã seguinte, pulo da cama bem cedo, mais cedo que o normal até, fiz alguns minutos de treino e subi para me arrumar, estava ansioso para vê-las, uma semana longe acabou comigo.

Saí sem tomar café, não queria esperar nem um minuto a mais, peguei um dos carros e saí direto para a zona sul de São Paulo. Devido ao horário, não havia tanto congestionado no trânsito, levei menos tempo que o esperado para chegar, olhei o relógio e havia acabado de dar oito horas da manhã quando estacionei em frente a casa de Pâmela.

Bati na porta e fui recebido por ninguém menos que o senhor Georges Fonseca.

Júlio: Bom dia! — Digo o cumprimentando. — Como vai, senhor Georges? — Ele não parecia nem um pouco contente ao me ver ali tão cedo.

Georges: Madrugou hoje, hein rapaz... — Ele cruza os braços na frente do corpo, com uma cara de poucos amigos.

Júlio: Vim buscar a Pâmela e a Steff para um passeio! — Vejo o seu semblante mudar de ruim para pior.

Georges: Não acha que está cedo demais para passeio? As duas ainda estão dormindo, melhor voltar mais tarde! — Estava pronto para revidar quando a dona Paulina aparece atrás dele com um sorriso acolhedor.

Paulina: Júlio? Bom dia, como vai, querido? Não fique aí parado, entre, sente-se, fique a vontade! — Georges permanece bloqueando a minha passagem. — Deixe o Júlio entrar, homem! — Ele finalmente se move me dando passagem. — Dona Paulina cumprimenta-me gentilmente com um beijinho em cada lado do rosto.

Júlio: Como está a senhora?

Paulina: Estou ótima, graças a Deus, e você, a que devemos essa honra tão cedo? — A sua alegria era contagiante, mas vejo a irritação no rosto de Georges.

Júlio: Eu estava dizendo isso agora mesmo ao senhor Georges, vim buscar as meninas para um passeio!

Georges: E eu estava dizendo que é muito cedo e que elas ainda estão dormindo! — Retruca.

Paulina: Mas isso não é problema nenhum, vou agora mesmo acordá-las, Steff vai ficar muito feliz em vê-lo, ela tem sentido muito a sua falta nesses últimos dias, não para de te chamar.

Júlio: Tenho andado muito ocupado, mas hoje irei recuperar todos esses dias perdidos longe dela. Por isso, vim tão cedo, quero aproveitar ao máximo a minha bonequinha!

Paulina: Bem, vou apressá-las então, não demoro. Faça companhia a ele, querido! — Ela diz e sai indo na direção dos quartos.

O silêncio reina por algum tempo.

Georges: Muito bem, Júlio, quer tomar alguma coisa? Não tenho bebidas alcoólicas como deve está acostumado a beber, mas tem café, Paulina acabou de passar! — Senti sarcasmo na sua voz ao dizer isso.

Júlio: Não, senhor, não tenho o costume de ingerir bebida alcoólica a essa hora da manhã, aceito o café! — Digo no mesmo tom, ele me encara e sai em busca do café.

A ansiedade estava me consumindo, a todo instante olhava as horas no relógio, mas elas pareciam não passar. Enquanto isso, fico observando a decoração simples mas muito acolhedora da casa, e os meus olhos vão direto a um porta retrato na estante, que provavelmente já estava ali, mas eu ainda não o tinha visto.

Me levanto e pego para ver mais de perto, era Paloma ao lado de Pâmela na infância, ambas eram até parecidas, mas dava para diferenciar muito bem uma da outra, principalmente os sorrisos, Pâmela tinha covinhas nas bochechas e no queixo, enquanto Paloma não tinha esse charme. Deveriam ter pouco tempo de diferença de idade uma da outra, atualmente Paloma está com 25, Pam deve ter uns 23 no máximo, de repente sinto uma pontada no peito, ao me dar conta de que, eu era velho demais para ela, e talvez esse fosse o maior dos impedimentos.

Georges: São apenas dois anos e meio de diferença, uma da outra! — Assusto-me com a sua presença bem atrás de mim, mas tento não transparecer, para piorar, ele parecia ter lido a minha mente, só pode. — Aqui está o café. — Ponho a foto de volta no lugar e recebo a xícara de suas mãos.

Júlio: Obrigado!

Georges: Acha que são parecidas? — indaga, a voz impregnada de sarcasmo.

Júlio: Não, nem um pouco!

Geoeges: Quantos anos ela tinha mesmo, quando ficou com ela? 20? 22? — A sua voz agora era áspera.

Júlio: Não estou entendendo, aonde o senhor quer chegar com essa pergunta ? — Na verdade, eu sabia sim, mas queria ouvir dele.

Georges: Há lugar nenhum, foi só curiosidade minha, tenho certeza que Pâmela não será como a irmã! — E mais uma vez estava pronto para revidar, quando escuto barulhos e risos vindos do corredor.

A minha atenção agora estava totalmente voltada para o corredor, onde logo as vejo surgir sorridentes. Assim que os nossos olhares se cruzam, não consigo mais desviar os meus olhos dos seus, ela estava linda, perfeita, com a nossa filha nos braços, parecia uma rainha carregando a princesa. Vestida assim de calça, dava para ver como o seu corpo era lindo, as suas curvas eram uma perdição, o busto então, nem se fala, só de imaginar, algo em mim, parece criar vida própria, precisei ser muito forte para não ter esse tipo de pensamento, pelo menos não aqui e não agora.

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