#Capítulo 18

...Pâmela...

(…)

Deixei o celular no quarto e voltei pra sala, mamãe já estava comendo bolinho enquanto via televisão, me sentei ao seu lado no sofá e peguei um bolinho levando-o até a boca. Estavam uma delícia!

Pâmela: O papai vai demorar a chegar? Ele disse onde ia?

Paulina: Sabe que também já estou ficando preocupada, ele já devia ter voltado!

Pâmela: Mãe, o que acha de me contar o que está acontecendo? — Encaro-a com os olhos suplicantes por alguma informação.

E quando ela estava prestes a dizer algo, ouvimos um barulho de chave girando na porta, e alguém entrando por ela logo em seguida, era o meu pai. Nos colocamos de pé imediatamente ao vê-lo daquele jeito, ele estava manco, com as roupas sujas e amarrotadas, o olho esquerdo estava roxo e inchado, mamãe e eu rapidamente avançamos na sua direção, mortas de preocupação, completamente desesperadas diante da sua situação.

Pâmela: Papai, o que houve? Quem fez isso com o senhor? — Foi tudo que consegui dizer diante da imagem do meu pai ferido.

Paulina: Meu Deus, Georges! — A minha mãe estava tão apavorada quanto eu. — O que aconteceu com você?

Georges: Aii....Se acalmem eu vou explicar tudo! — Ele tinha dificuldade para andar, então mamãe e eu o ajudamos a chegar até o sofá.

Antes de começar a falar, vejo ele e mamãe trocando olhares, ambos estavam escondendo algo de mim, mas eu não iria sossegar até descobrir o que era.

Georges: Fui assaltado quase chegando aqui em casa, acreditam? Como não tinha muito dinheiro, os bandidos me bateram e me largaram no chão! — Tinha certeza que ele não estava sendo sincero, a sua voz tremia ao falar, ele estava muito nervoso, havia algo de errado nessa história.

Paulina: Conte a verdade a ela, Georges, a nossa filha merece saber! — Vejo a súplica nos olhos do papai, como se estivesse implorando a minha mãe para ficar quieta.

Pâmela: Seja o que for, eu acho que mereço saber, não sou mais uma criança, já sou uma mulher adulta, conte-me papai, o que está acontecendo? — Digo seria, detestava quando me escondiam algo.

Georges: Está bem, mas antes de qualquer coisa, precisa entender que só fiz o que foi preciso. — Ele respira fundo, inspirando e expirando com força, ponderando em como começar a falar.

Pâmela: Só diga o que é, sem mentiras, somente a verdade! — Ele assente.

Georges: Filha, durante o tratamento da sua mãe, você sabe que eu precisei usar todas as economias que tínhamos guardadas, até a faculdade você teve que trancar para economizar dinheiro. — Assinto em concordância. — Contudo, mesmo abdicando de algumas coisas e economizando até no supermercado, o dinheiro não foi suficiente.... — Ele leva o olhar ao chão, mirando num ponto qualquer do piso. — As consultas, terapias, e os remédios, eram um absurdo de caro... Eu dei o meu melhor, fiz várias horas extras, cheguei a vender férias, mas infelizmente chegou um momento em que não consegui mais bancar tudo sozinho, as coisas ficaram difíceis, a única solução que encontrei foi pedir ajuda!

Fiquei em silêncio por alguns minutos, tentando assimilar o que estava acontecendo, tentando raciocinar, porque até então eu estava fora de mim, como se estivesse num sonho.

Pâmela: A quem o senhor pediu? Quem emprestou esse dinheiro, papai? — Era tudo que eu queria saber, pois algumas peças começaram a se encaixar na minha cabeça.

Georges: Pedi a um amigo meu do passado, um velho conhecido, e ele me deu o prazo de um ano para devolver o dinheiro, caso contrário, ficaria com a nossa casa! — Faltou chão debaixo dos meus pés diante da sua confissão.

Pâmela: E o senhor pagou, não é? — Por favor, diga que sim.

Georges: Me perdoa, filha! — Vejo as lágrimas rolarem pelo seu rosto, e então tive a resposta da minha pergunta. — Eu não pude, não consegui juntar todo esse dinheiro em um ano, e agora ele quer a nossa casa, estou desesperado, não sei mais o que fazer. — Me levantei do sofá atônita, com as mãos na cabeça, desesperada.

Mamãe permaneceu em silêncio cabisbaixa, mas os seus olhos refletindo tristeza e dor.

Pâmela: Pai...pelo amor de Deus, me diga que isso é só um pesadelo? Me diga que é mentira que o senhor não está devendo dinheiro a um agiota? Agora tudo faz sentido....o senhor tem trabalhado mais que o normal, está estranho a dias, e ontem, aquele homem que veio até aqui... — A minha respiração estava ofegante, eu sentia como se fosse desabar a qualquer momento. — É ele, não é? É a ele que o senhor deve?

Geoeges: Aquele que veio até aqui, é o filho dele, o seu braço direito nas cobranças, eu implorei que não viessem me procurar em casa, não queria envolvê-las nisso, mas esse tipo de pessoa não se importa com mais nada que não seja dinheiro!

Pâmela: Já estamos envolvidas, pai, agora é tarde. Foi ele quem fez isso com o senhor? — Ele baixou a cabeça novamente.

Paulina: Responda, Georges, foi esse homem que te agrediu? — Minha mãe se posicionou ao meu lado, de frente para o meu pai com uma expressão séria.

Georges: Sim....eu...eu fui falar com ele e pedir mais tempo para conseguir o dinheiro, mas ele está irredutível e não quer um acordo...

Paulina: Porque você foi pedir dinheiro justo a esse tipo de pessoa, homem? Eu ainda não estou acreditando.....Poderia ter nos dito a verdade desde o início, era você quem insistia com o tratamento particular, deveria ter sido o tratamento que o governo oferecia, mas não, você fazia questão de me levar sempre aos melhores médicos!

Georges: O que está feito, está feito, querida. Infelizmente não posso voltar atrás, eu só queria o melhor para minha família.

Pâmela: Pai, de quanto dinheiro estamos falando? Quem sabe não conseguimos um empréstimo no banco? — Por um minuto senti uma pontada de esperança.

Georges: É muito dinheiro, filha, banco nenhum emprestaria esse valor a um simples assalariado como eu.

Pâmela: Diga o valor, papai? — Digo firme.

Georges: São duzentos mil, filha..... — Fiquei sem palavras, o valor era absurdamente alto. — Eu sinto muito!

Mamãe se sentou no sofá tão abalada quanto eu.

Geoeges: Entendam que a princípio não era esse o valor, na época eu só pedi vinte mil emprestado, mas com o passar do tempo, ele foi subindo os juros, até que se transformou numa bola de neve que eu não pude mais controlar.

Pâmela: Agiota não joga para perder, pai, e o senhor mais do que ninguém deveria saber disso, é assim que eles ganham a vida, extorquindo de suas vítimas!

Paulina: E agora, o que vamos fazer? Não temos para onde ir, vivemos nessa casa desde que as meninas eram pequenas, tudo que temos de valor é essa casa, construímos uma vida aqui. — Mamãe estava aos prantos, e o meu maior medo nesse momento foi ela acabar tendo uma crise. — Porque fez isso, Georges? Porque deu a nossa casa como garantia? — Me sento ao seu lado e a abraço, tentando acalmá-la.

Pâmela: Fica calma, mãezinha, juntos, nós vamos encontrar uma solução! — Eu tinha que ser forte por ela.

Georges: Eu não tive outra escolha, era isso, ou ele não emprestaria o dinheiro!

Pâmela: Qual foi o prazo que ele deu, papai? — Pergunto tentando pensar numa solução.

Georges: Temos até segunda para desocupar a casa!

Pâmela: O QUÊ? — Quase engasgo. — Segunda? Hoje é sábado, papai, isso significa que só temos até amanhã para pensar em algo?

Paulina: Filha, você precisa falar com o Júlio, ele pode nos ajudar!

Georges: NÃO. — O meu pai protesta terminantemente. — Esse homem não, eu não quero ter nenhuma dívida com ele.

Paulina: Pensasse nisso antes de nos colocar nessa enrascada, o Júlio é um bom homem, tenho certeza que ele não vai nos negar ajuda.

Pâmela: Vou falar com ele agora mesmo! — Me levanto do sofá disposta a ligar nesse exato momento para ele.

Georges: Não, Pâmela, eu te proíbo de fazer isso.

Pâmela: O quê? É sério isso, papai? E qual é a sua grande ideia então, fugir? — Pergunto com sarcasmo, completamente incrédula, eu não conseguia entender essa rixa que o papai tinha com o Júlio.

Geoeges: Não, mas pensarei em algo, me dê pelo menos até amanhã cedo, e se até lá eu não pensar em nada, você fala com ele, mas antes disso não ouse me desobedecer. Você pode ser maior de idade, mas ainda sou o seu pai.

Não digo mais nada, apenas sigo para o meu quarto em silêncio e assim que fecho a porta, eu desabo num um choro abafado, fazendo o máximo de esforço possível para não fazer barulho.

Pâmela: Senhor? Eu não entendo....porque isso está acontecendo? — Choro.

(…)

Acabo adormecendo entre lágrimas, e não sei por quanto tempo eu dormi, mas algo estranho me fez acordar, um cheiro forte de fumaça penetrava as minhas narinas ainda dilatadas devido ao choro. Desperto completamente ao ouvir os gritos da minha mãe me chamando, e para o meu total desespero, assim que acendo a luz do abajur, vejo nitidamente a fumaça se espalhando por todo o meu quarto, pulo da cama imediatamente, e pego o meu celular na tentativa de ligar para os bombeiros.

Paulina: Pâmela? Pâmela?

Os gritos da minha mãe ecoavam pela casa, e ao abrir a porta do quarto, me deparo com uma cena que mais parecia um filme de terror, a casa estava completamente em chamas, tinha fogo e fumaça em todo lugar, não havia nenhuma saída, eu estava presa.

Pâmela: Mãeeee???? — Grito com toda força que ainda me restava nos pulmões.

Paulina: Pamelaaaaa! — O grito dela vinha de fora da casa, o que era um alívio para mim, pois sabia que ela e o meu pai certamente estavam seguros.

A fumaça estava forte e eu mal podia respirar sem tossir, me assusto quando o celular começa a vibrar na minha mão, era o Júlio, mas minha visão já estava ficando turva, me sentia fraca demais para atender, acabo caindo no chão com bastante dificuldade para respirar, a fumaça estava por toda parte, os meus olhos mal conseguiam se manter abertos, estava desfalecendo, enquanto via as chamas invadirem o meu quarto, até que lentamente começo a fechar os olhos.

Pâmela: Me ajude, Senhor..... — É tudo o que consigo dizer.

Os gritos da minha mãe ainda permaneciam, só que cada vez mais distantes, como se ela estivesse se afastando de mim, o barulho do celular permanece, porém agora mais baixo, a única coisa que ouço antes de apagar completamente é o som de sirenes.

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Comments

Danielle Maria

Danielle Maria

autora que capítulo foi esse volta aqui posta mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas mas

2025-01-31

2

Fátima Ribeiro

Fátima Ribeiro

o George foi muito imaturo.
e está sendo muito ignorante em não pedir ajuda ao Júlio.O amigo dele era confiável mesmo. olha só como está agora...

2025-03-13

0

Rosa Santos

Rosa Santos

Se não foi ele que colocou fogo na casa 🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔

2025-02-01

2

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