#Capítulo 07

...Júlio...

(…)

Seu Georges me encara de um jeito muito estranho do lado de fora da casa, e isso se estende por alguns minutos que eu acabo ficando até constrangido.

Júlio: Até logo, senhor Georges. — Digo quebrando o silêncio que se formou entre nós na porta de saída da casa.

Georges: Como anda o processo da guarda da minha neta? — Pergunta ainda me encarando.

Júlio: Bem, muito bem, na verdade. Acredito que ainda essa semana o juiz deve assinar os papéis da guarda provisória dela, o meu advogado deve entrar em contato comigo.

Georges: Eu quero esclarecer algumas coisas com você, Júlio. Não pense que vou aceitar que você afaste a nossa neta de nós quando a guarda dela for definitivamente sua. Como avós maternos, nós também temos o direito de conviver com ela! — Sinceramente não achei que ele fosse duvidar de mim dessa forma.

Júlio: Eu já disse, e volto a repetir, senhor Georges, sou um homem de palavra, e de forma alguma irei proibi-los de conviverem com ela, jamais faria uma atrocidade dessas, até porque sei do enorme carinho que ela tem por vocês, e vocês por ela. — Afirmo, e ele me analisa por algum tempo, como se estivesse buscando algum resquício de falsidade nas minhas palavras.

Georges: Muito bem, mas se algum dia voltar atrás com a sua palavra, irei à justiça buscar pelos meus direitos como avô!

Júlio: Como quiser, mas afirmo que isso não será necessário. Assim como o senhor, eu só quero o que é melhor para minha filha, e o melhor para ela, é tê-los por perto! — espero que ele não volte a duvidar de mim. — Bem, eu vou indo agora, agradeça a Pâmela e a senhora Paulina pelo jantar, estava maravilhoso!

Dito isso, me afasto rapidamente e adentro o meu carro com uma certa pressa, a chuva já tinha dado uma trégua, assim que giro a chave, dou partida dali. No fim da rua, observo pelo retrovisor que ele ainda continua lá me olhando.

Júlio: Não entendi nada.... droga! — Bufo frustado, mal consegui me despedir de Pâmela.

(…)

Chego em casa quase, às dez da noite, infelizmente o trânsito não dá, uma trégua. E ao passar pela porta, levo um baita susto ao ver Ricky estirado no meu sofá como se estivesse em sua cama.

Ricky: Até que fim, cara. Onde você estava?

Júlio: Tive um dia cheio hoje! — digo meio sem paciência.

Ricky: Eu sei exatamente do que você está precisando, que tal sairmos para tomar umas cervejas? — diz animado.

Júlio: Obrigado, mas, essa eu passo! — digo me jogando no sofá ao seu lado.

Ricky: Ah, qual é, Júlio? Você está estranho desde aquele dia...

Júlio: Não viaja, cara, só estou cansado! - Cansado era pouco, estava mesmo era pu**.

Ricky: Depois que foi na igreja pedir perdão para o tal ex da Paloma, na semana passada, nunca mais quis sair para beber comigo, eu tô te estranhando, virou crente, por acaso? — Debocha. — Aliás, ainda não entendi porque foi pedir perdão, você não teve culpa nenhuma!

Júlio: Mas é claro que eu tive, ele era o noivo dela, eles iam se casar!

Ricky: Eu no seu lugar jamais pediria perdão, ele que se dane!

Júlio: Para com isso, cara. Daniel é um homem muito honrado, um cara do bem, e muito temente a Deus! Se fosse outro, nem teria perdido o seu tempo comigo, mas não, ele me ouviu, e me compreendeu, aceitou o meu perdão! — Nunca conheci uma pessoa tão cheia de fé como ele, é realmente um grande homem e merece ser muito feliz ao lado da esposa.

Ricky: Pedir perdão é para os fracos! — Sorri. — Esse cara só podia ser um crente mesmo, e você pelo visto, tá querendo ser igual a ele, cuidado para não virar seguidor de pastor. — Zomba.

Júlio: Acho bom você parar de gracinha, Ricardo, não deveria brincar com coisa séria! — Falo irritado.

Ricky: Ok, ok, parei. Mas se não está afim de sair, podemos beber aqui mesmo, eu sei que você tem um estoque aqui com as melhores bebidas. — Ele diz já se levantando e indo até um aparador perto da escada, onde eu costumava sempre ter algumas bebidas e gelo disponíveis.

Júlio: Vou subir e tomar um banho, estou exausto!

Ricky: Não antes de tomar uma comigo! — Ele serve dois copos com uísque e trás até mim. — E parando para pensar, após aquele dia, eu realmente havia parado de beber, acho que as palavras daquele pastor mexeram muito comigo. Eu senti algo muito bom naquele dia, algo que nunca havia sentido antes.

Júlio: Estou de boa, Ricky! — digo afastando o copo.

Ricky: Você quer me contar o que está acontecendo? Porque sinceramente, conhecendo você, como conheço, eu sei que você não está nada bem, cara. Desabafa comigo, sabe que além de advogado, também sou seu amigo, né! — Ele vira um gole de sua bebida.

Lana: Com licença, os senhores vão jantar? — Pergunta ao adentrar a sala de estar.

Júlio: Obrigado, Lana, mas jantei na casa dos avós de Steff. Mas se o Ricardo quiser, pode servi-lo. — Digo e noto o olhar curioso dele sobre mim.

Ricky: Vou ficar somente na bebida hoje, mas agradeço, Lana.

Lana: Tudo bem, vai precisar de mais alguma coisa, senhor?

Júlio: Não, Lana, pode ir se recolher. Tenha uma boa noite!

Lana: Ok, boa noite, senhores! — ela se retira.

Ricky: Então quer dizer que.... — O interrompo antes que ele termine a frase.

Júlio: Não é nada do que está pensando, só passei para ver a Steff, a Pâmela insistiu que eu jantasse, nada demais! — no minuto seguinte, vejo-o dar uma alta gargalhada zombeteira.

Ricky: Você está igualzinho há um adolescente, todo atrapalhado tentando se explicar, igual quando se apaixonou pela Larissa do primeiro ano...

Júlio: Você tá impossível hoje, cara. — Sento-me novamente no sofá. — Mas, tudo bem, você venceu, vou dizer o motivo de estar assim! — Respiro fundo tentando relaxar. — Acho que eu tô gostando da Pâmela mais do que deveria. — Novamente ele gargalha.

Ricky: Isso não é nenhuma novidade, gostando não, você está completamente na dela! — sorri virando mais de sua bebida na boca.

Júlio: Não é tão simples como parece, isso é errado. — tento me convencer.

Ricky: Não vejo problema nenhum em você querer dar uns belos pegas na sua cunhadinha deliciosa, a mina é uma tremenda gostosa, no seu lugar eu não perderia tempo! — Por um segundo eu quase me esqueço que esse idiota é meu amigo, e quase arrebento a cara dele. Ele percebe isso apenas pelo meu olhar furioso.

Ricky: Calma, cara, só estou brincando! — engole seco.

Júlio: É? Acho bom isso ser só uma brincadeira mesmo, e que isso não volte a se repetir. Pâmela é uma moça direita, de boa família, não vou permitir que você e nem ninguém falem dela dessa maneira como se fosse uma qualquer.

Ricky: Desculpa, Júlio, eu só queria que relaxasse um pouco, você está muito tenso, deveria se esvaziar, pelo visto você está precisando, cara! — A sua voz ainda era de deboche.

Júlio: Agradeço a sua preocupação, mas estou muito bem, não preciso de nenhum ra*o de saia para relaxar não.

Ricky: Espero que a dor das mãos não seja um incômodo no trabalho amanhã! — gargalha me deixando ainda mais irritado.

Júlio: Quer saber? Você está insuportável hoje, porque não vai atrás das suas peguetes e me deixa em paz, hein? — digo me levantando do sofá e indo em direção às escadas. — Vê se fecha a porta antes de sair!

Ricky: Pode deixar! — o idiota continua rindo da minha cara, virei palhaço por acaso?

Ricardo e eu somos amigos há bastante tempo, mas às vezes ele fica insuportável, principalmente se tratando de mulher, já que ele nunca fica com a mesma por mais de uma noite. Isso até achar uma que o tire dos eixos, e eu confesso que tô doido para esse dia chegar, só para ter o gostinho de vê-lo correr atrás. Eu sou o oposto dele, é claro que já tive os meus casinhos antes da Paloma, mas nada sério, nunca fui um pegador, sempre detestei essa prática, o meu negócio sempre foi namoro sério, apesar de que eram sempre elas que se jogaram para cima de mim.

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