...Júlio...
(…)
Após aquela fatídica noite onde quase tive relação com uma desconhecida, passei a evitar Pâmela a todo custo, se bem que, a palavra certa não era evitar, mas sim, vergonha na cara.
Eu me sentia um completo idiota, estava envergonhado demais para encara-la, sei que ela não sabe de nada, mas simplesmente não conseguiria olhar para ela sem me lembrar da minha burrice.
Por isso, passei o restante da semana focado no trabalho, comecei a fazer novos investimentos, e já estava pensando até na possibilidade de investir na bolsa de valores dos Estados Unidos, pois pelos meus cálculos, isso teria muito retorno para mim no futuro..
Contudo, mesmo atolado no trabalho, eu não parava de pensar na Pâmela, às vezes quando fechava os olhos podia vê-la nitidamente, como se fosse uma miragem. Cameron até me flagrou sorrindo algumas vezes sem motivo algum, aparentemente. Precisava admitir para mim mesmo que estava completamente fascinado por aquela menina, não sabia se era só atração física, ou uma paixão carnal, mas sabia que não iria conseguir guardar isso só para mim por muito tempo. Mais cedo ou mais tarde, eu teria que dizer-lhe o que sinto, só assim poderei recuperar parte do meu juízo de volta.
…
Hoje é sexta-feira, estava mais ansioso que o normal, principalmente após a sua mensagem, eu quis respondê-la no mesmo instante, mas algo me bloqueava, confesso que estava vivendo uma batalha interna dentro de mim, algo avassalador que jamais havia sentido antes.
Estava observando aquela mensagem, quando batidas na porta me trouxeram de volta a realidade.
Júlio: Pode entrar! — Desligo a tela do celular e guardo-o no bolso.
Cameron: Com licença, chefe, o senhor Albuquerque está aqui, e quer vê-lo.
Júlio: Ricky? Ele tem hora comigo hoje? — E nesse instante, vejo-o passar pela porta feito um raio.
Ricky: Desde quando eu preciso marcar hora para ver o meu melhor amigo? — Cameron me olha com um certo desespero nos olhos.
Júlio: Tudo bem, Cam, pode ir! — Ele assente, e sai fechando a porta atrás de si. — Encaro Ricardo de cenho franzido. — A que devo a honra dessa visita?
Ricky: Tenho boas notícias, meu amigo! — Sorriu animado se sentando logo em seguida na cadeira de frente para mim.
Júlio: Muito bem, e quais são? — No minuto seguinte vejo-o retirar um envelope de dentro da sua pasta de couro preto.
Ricky: O Juiz já assinou o pedido de guarda de Stefany Fonseca Mendonça! — Ele entrega-me os documentos.
Júlio: Então quer dizer que...
Ricky: Exatamente, a guarda da sua filha é sua novamente, poderá levá-la para casa hoje mesmo se desejar.
Eu não estava acreditando, isso era bom demais para ser verdade, desde que voltei da Argentina isso era tudo que eu mais queria, ter a minha menina de volta, poder levá-la para casa comigo, tê-la nos meus braços e lhe beijar antes de dormir. Porém, a minha alegria dura pouco quando me lembro que outra pessoa irá sofrer vendo-a partir.
Ricky: Ué, o que houve? Pensei que ficaria feliz com a notícia. Não era isso que você queria?
Júlio: Não é isso, eu...eu só estou pensando. É claro que estou feliz, ter a minha filha comigo, é tudo que eu mais quero. Só estou imaginando qual será a reação da Pâmela quando souber disso, ela se apegou muito a Steff, e a minha filha também está muito apegada a ela!
Ricky: É cara, você está definitivamente encrencado. — sorriu. — Entretanto, há uma solução para esse problema!
Júlio: Vindo de você, eu tenho até medo. — Cruzo os braços na frente do meu corpo.
Ricky: Não se esqueça que sou seu advogado, deveria levar os meus conselhos em consideração pelo menos de vez em quando, cara. — A sua voz era zombeteira, sabia que vinha piadinha por aí.
Júlio: Ok, e qual seria essa solução, hein senhor Albuquerque? — Digo entrando na sua onda.
Ricky: É muito simples, basta levar as duas para morarem com você, assim terá não somente a sua filha, mas ainda de quebra a cunhada gosto.... — Ele para de falar assim que nota o meu olhar mortal para ele.
Júlio: Você só pode estar ficando louco, não é possível. — Bato na mesa irritado, não seria uma má ideia, mas como poderia fazer isso?
Ricky: É só uma brincadeira, cara. — Gargalha. — Mas de verdade, Júlio, como o seu melhor amigo, eu te aconselho a se declarar para ela e dizer logo o que sente. Você é um homem adulto, cara, e não um moleque de dezesseis anos, sem maturidade, se eu fosse você, não perderia tempo, pois uma moça como ela não se encontra por aí com tanta facilidade, e digo isso por experiência própria. Além disso, ela não ficará disponível para sempre, uma hora ou outra irá aparecer alguém na vida dela, e aí pode ser tarde demais pra você! — O meu amigo, era brincalhão e adorava fazer piada com tudo, mas ele sabia ser sincero quando necessário, e quando precisava me dava bons conselhos, eu que muitas vezes, não lhe dava ouvidos, como quando fiquei com Paloma, ele tentou me alertar diversas vezes, mas eu estava tão cego de amores que não ouvia nada de ruim a respeito dela.
Júlio: Não é tão simples, cara. Há muita coisa em jogo. — Eu queria me convencer disso, mas nem eu acreditava nas minhas próprias palavras.
Ricky: Júlio, o infeliz fato dela ser irmã da sua ex não precisa ser um empecilho se ambos desejarem isso. Para mim, isso é só uma máscara que você tem usado para ocultar o verdadeiro medo que lá no fundo sabe que ainda tem, de se envolver demais e sofrer novamente! — Agora ele me acertou em cheio. — Você amava Paloma, mas ela nunca o mereceu, agora a vida está te dando uma segunda chance, não a desperdice!
Júlio: Como sabe que ainda tenho um certo receio de relacionamentos? — Pergunto sem acreditar, pelo visto ele me conhecia mais do que eu pensava.
Ricky: Não é óbvio? Você se frustrou uma vez e pensa que sempre vai acontecer de novo. É claro que sempre há riscos, mas se não tentar, nunca irá saber, e ainda correrá o risco de se arrepender pelo resto da vida... Acredite, existem situações que valem o risco, meu amigo. Pâmela pode ser a cura que você tanto precisa para ser feliz de novo, pense nisso! — Fico impressionado com as suas palavras, nem parecia o mesmo Ricardo Albuquerque falando.
Júlio: Quando foi que se tornou esse homem tão sábio? Estou impressionado, nem parece o Ricky galinha que conheço há anos que está falando. — Zombo.
Ricky: Posso ser pegador, e um tremendo galinha, mas saberei quando a pessoa certa aparecer, e quando esse dia chegar, pode ter certeza que não a deixarei escapar!
Júlio: O problema, Ricky, é que não sei como agir quando estou com ela, Pâmela é diferente, não é como a Paloma. — As duas são completamente o oposto uma da outra.
Ricky: Paloma era o tipo de mulher fácil, bastou jogar um pouco de charme para ela abrir as pernas. Mas a Pâmela não é assim, sei que não a conheço, mas pela forma como você a descreve, ela deve ser o tipo de moça séria, romântica, recatada. E acredite, não será ela a se declarar, e sim você! — Sim, ele estava completamente certo.
Júlio: Sim, ela é exatamente assim, é tímida e, ao mesmo tempo, é extrovertida, gosta de conversar e sorrir, é pura e não tem maldade alguma. Às vezes me pergunto se é mesmo irmã da Paloma, são tão diferentes, Pâmela é um anjo, enquanto Paloma é uma escrota, sem escrúpulos!
Ricky: Paloma, além de escrota, é uma interesseira, ficou com o seu melhor apartamento e uma boa bagatela de dinheiro, mulherzinha sanguessuga, o único lado bom dela era o corpo, porque de resto, era uma mau-caráter!
Júlio: Prefiro manter o que tivemos no passado, a única parte boa a qual jamais irei me arrepender é a minha filha, por ela eu seria capaz de viver tudo outra vez, apenas para tê-la aqui. Mas, voltando ao assunto da Pâmela, acho que você tem razão, vou dizer a ela o que eu sinto, não aguento mais guardar esse sentimento somente para mim, estou à beira da loucura, Ricky... — Ele riu. — Não sei o que ela fez, mas, não acho que já tenha sentido por outra mulher o que estou sentindo por ela.
Ricky: É, meu amigo, agora vejo que você foi realmente flechado pelo cupido. — Gargalha. — Tudo que precisa fazer é dizer isso a ela, e ver no que vai dar. Tem grandes chances de ganhar um "Não", mas também existe a possibilidade dela aceitar!
Júlio: Sim, mas não vou desistir sem lutar! — Afirmo com convicção.
(…)
A noite chega fria e com uma neblina fina que embaça todo o parabrisa do meu carro, já passava das sete da noite quando finalmente fui para casa, estava exausto, só queria a minha cama.
Lana: Boa noite, senhor! — ela me cumprimenta assim que passo pela porta.
Júlio: Boa noite, Lana. Já não devia ter ido para casa? Hoje é sexta, esqueceu? — Ela dormia aqui de segunda a quinta, nas sextas ela ia embora e só retornava na segunda pela manhã.
Lana: Não, senhor, não me esqueci, é que o pessoal que o senhor contratou para decorar o quarto da pequena, acabou de sair, eles passaram o dia organizando e decorando tudo, ficou lindo, o senhor precisa ver! — Ela diz com empolgação.
Júlio: Pensei que não vinham mais, já estava prestes a contratar outra empresa.
Lana: Vieram hoje à tarde, desculpe, com a correria acabei esquecendo de avisá-lo.
Júlio: Tudo bem, não tem problema. Vamos, acho melhor levá-la em casa, já está tarde!
Lana: Agradeço, querido, mas o meu filho vem me buscar, não se incomode. Deve estar cansado, suba, tome um banho, deixei o seu jantar pronto na geladeira, é lasanha como você gosta, apenas aqueça um pouco quando for comer! — Como sempre, muito atenciosa.
Júlio: Está bem, obrigado, Lana. Vou subir então, tenha um bom descanso, aproveite o fim de semana!
Lana: Você também, até segunda! — Ela vai embora e eu subo as escadas indo direto para o meu quarto.
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Atualizado até capítulo 69
Comments
Fátima Ribeiro
🙏🙏🙏🙏🙏🙏🙏
2025-03-11
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Fátima Ribeiro
☺️☺️☺️☺️☺️☺️☺️
2025-03-11
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Marcia Patette
Isso aí Ricky da uns conselhos bons pra ele. Declara logo pra ela Julio
2025-02-27
1