#Capítulo 16

...Pâmela...

(…)

Fui pega totalmente de surpresa com o beijo, mas não pude deixar de corresponde-lo, quando me dei conta já estava no seu colo o beijando ferozmente, com uma urgência, como nunca antes havia beijado. Ele era tão forte e másculo, os seus lábios tinham um incrível gosto de menta, o jeito como conduzia o beijo era tão carinhoso, estava completamente bamba com o seu toque, que não consegui raciocinar direito, apenas me entreguei ao momento.

Mas logo veio o peso na consciência, se Stefany não tivesse acordado, não sei até onde iríamos, pois estava tão bom que nenhum de nós queria parar. Mas que bom que fui salva, eu não fazia ideia de que gostava tanto assim dele, e ouvi-lo se declarando para mim tão abertamente, foi tão incrível e mágico que a minha vontade foi de pular nos seus braços e dizer que sentia exatamente o mesmo, a sinceridade era nítida nos seus olhos, ele realmente estava gostando de mim, estava apaixonado assim como eu, mas infelizmente as coisas não eram tão simples assim, havia muita coisa em jogo.

E, uma delas, era a minha fé, justo agora que voltei para os caminhos do Senhor, não quero me desviar novamente, não quero pecar contra Deus, me entregando assim a um homem antes do casamento.

Pâmela: Como isso é possível? Você está acostumado com outro tipo de mulher, se está planejando me levar para a sua cama com esse papo, você está muito enganado, eu não sou esse tipo, aquele beijo foi um momento de fraqueza, eu....eu não gosto de você, isso é um erro! — Tento convencer a nós dois, mas as minhas palavras parecem não surtir efeito algum nele.

Júlio: Você diz uma coisa, mas os seus olhos dizem outra, eu posso ver o quanto está se esforçando para dizer isso, mas saiba que não vou desistir de você sem lutar, nem que eu passe o resto da minha vida tentando te convencer que os meus sentimentos são verdadeiros. Eu não te quero apenas para me satisfazer, isso eu poderia encontrar facilmente, mas não é o que eu quero, Pâmela. Eu quero você, quero te amar, e vou lutar pelo seu amor!

Um nó se formou na minha garganta, e não pude mais segurar as lágrimas que começaram a escorrer pela minha face involuntariamente, mal conseguia encara-lo sem desabar, eu queria tanto dizer que também o amava, e o desejava com todo o meu ser, mas a minha consciência não me permitia, eu me sentia culpada demais, como se tivesse traído a minha irmã. Pois mesmo que ela não merecesse a minha compaixão e empatia, eu ainda a amava.

Pâmela: Acho melhor eu ir embora, Stefany pode ficar com você, amanhã ainda é domingo, se assim você quiser, pode passar o dia com ela, e levá-la a noite. — Foi tudo que consegui dizer, mudando completamente o rumo da conversa.

Júlio: Pâmela! — Ele diz num tom de súplica, fazendo o meu coração se despedaçar. — Eu te amo! — Declara, agora mais próximo de mim, com os dedos secando as minhas lágrimas salgadas, fazendo o meu coração acelerar. .

Pâmela: Júlio....

Júlio: Não precisa dizer nada agora, só pensa no que eu disse, eu sei que você também gosta de mim, mas não se sinta obrigada a nada, vamos com calma, deixar fluir, se for para dar certo, eu tenho certeza que tudo irá cooperar para isso, mas se não for, também não irei insistir. Mas te garanto que não vou desistir tão fácil, não sou um homem conhecido por desistir na primeira tentativa, lutarei até o fim! — Ele beija a minha testa. — Vou levá-la em casa!

Pâmela: Não precisa, eu pego um Uber, Stefany ainda está dormindo, é melhor que eu saia sem que ela me veja, na bolsa dela tem tudo que ela precisa!

Júlio: Não, eu as busquei e prometi ao seu pai que cuidaria de vocês, o que ele vai pensar se vê-la chegando em casa sozinha? — Ele estava certo.

Pâmela: Tudo bem, então! Vou acordá-la e nós vamos...

Júlio: Ok, espero vocês na sala. — Assinto e seguimos juntos até a sala, onde subo as escadas enquanto ele me espera no sofá.

E só então quando chego no andar de cima é que consigo voltar a respirar normalmente, ainda com as palavras dele ecoando na minha mente, então ele me ama? Meu Deus!

Ele me ama?

Não consigo segurar um pequeno sorriso que se forma nos meus lábios, e por um segundo toco eles lembrando-me do seu beijo, que foi tão incrível, e tão perfeito...

Mas, porque a minha mente estava me sabotando tanto? Ele me amava, eu o amava... Mas a nossa realidade era essa, um amor impossível!

Por fim, tento me recompor e entro no quarto da minha menina, ela ainda dormia tranquilamente agarrada com um ursinho cor de rosa.

Pâmela: Amorzinho? — Começo a acariciar o seu rostinho, e dar muitos beijinhos. — Vamos acordar, minha vida. — Ela se mexe um pouco e abre aqueles lindos olhinhos.

Stefany: Mamãe...

Pâmela: Sim, minha princesinha, é a mamãe, vamos acordar?

Stefany: Soninho mamãe! — Sorrio.

Pâmela: Ohh, minha linda, você precisa acordar, o seu papai vai me levar para casa, e você não pode ficar aqui sozinha...vem com a mamãe, vem meu docinho. — Ela me dá os braços e eu a pego em meu colo.

Stefany: Papai?

Olho na direção da porta e o vejo encostado no batente da porta, nos observando em silêncio.

Stefany: Papaiiii...

Júlio: Oi, anjinho, que soninho gostoso hein! — Ele se abaixa na minha frente e deposita um beijo nela.

Pâmela: Tá ficando tarde, melhor a gente ir!

Júlio: Sim, mas antes vamos comer alguma coisa, devem estar famintas, tá com fome, minha princesa?

Stefany: Fome, nham! nham! — Ela toca a barriguinha, e nós rimos da sua esperteza.

Júlio: Vamos comer alguma coisa e eu levo vocês! — Ele a pega do meu colo e seguimos para o andar de baixo, vamos até à cozinha. — Que tal sanduíches e suco?

Pâmela: Deixe eu te ajudar!

Júlio: Não, não, fique com a nossa filha, eu sei me virar bem na cozinha. — Ele diz "nossa filha" tão naturalmente, que é como se eu realmente fosse a mãe de Steff. Mas não retruco, apenas concordo e fico com ela na bancada da ilha, enquanto ele anda de um lado para outro pegando todos os ingredientes para preparar os sanduíches.

Pâmela: Você sabe onde fica tudo por aqui? — pergunto quebrando o silêncio que se instala entre nós por alguns minutos.

Júlio: Sim. — sorriu. — Quer dizer, os alimentos sim, mas os utensílios não. — Gargalha.

Pâmela: A sua governanta não veio hoje? — Steff brincava com o meu cabelo.

Júlio: Hoje é a folga dela, na verdade, o fim de semana todo, Lana dorme aqui apenas durante a semana e na sexta-feira vai para casa. — Diz já iniciando o preparo do nosso lanche.

Pâmela: Entendi! — Tento agir normalmente, mas só de olhar para ele, sinto coisas estranhas, algo bom, que até o momento era desconhecido para mim.

Júlio: Se continuar me olhando assim, não vou responder por mim, vou te beijar de novo! — Diz com um sorriso malicioso surgindo dos seus lábios.

Pâmela: O quê? Claro que não, nem se atreva! Você é muito convencido, sabia? — Finjo estar brava, mas acabo complicando ainda mais a situação, pois ele vem até mim e me rouba um selinho. — Júlio, o que eu disse sobre isso não voltar a se repetir?

Júlio: Desculpa, mas você não está facilitando para mim, ter você tão perto assim, não está me ajudando. — Ele finaliza os sanduíches e vai até à geladeira pegando o suco.

Pâmela: Eu não estou fazendo nada, é você quem está com a mente muito poluída!

Stefany: Papai e mamãe.... — Steff bate palmas como se soubesse de tudo que está acontecendo.

Júlio: Tá vendo só? Até ela vê que a gente se ama, só você que não quer admitir! — Se senta ao meu lado e nos serve ali mesmo na bancada.

Pâmela: Engraçadinho. Vamos comer, meu amorzinho? — Começo a colocar pequenas quantidades na boca de Steff, e como também, ignorando-o completamente.

Júlio: Vai à igreja amanhã? — Pergunta, agora servindo o nosso suco.

Pâmela: Sim!

Júlio: Gostaria de ir com você, se você deixar! — Olho para ele, mas ele não me olha de volta.

Pâmela: A igreja recebe a todos, e o Senhor Jesus está sempre de braços abertos para nós, se você deseja ir, não sou eu quem irá impedir!

Júlio: Então está decidido, irei com vocês amanhã, confesso que gostei muito daquele último culto, senti algo muito lindo naquele dia.

Pâmela: A presença de Deus é real, Júlio, e você pôde sentir, fico feliz com isso. — Digo sincera.

Júlio: Creio em Deus, mas nunca fui de frequentar à igreja, sempre acreditei que os pastores só queriam extorquir as ovelhas!

Pâmela: A maioria das pessoas acham isso, mas isso está longe de ser verdade, devolvemos o dízimo e as nossas ofertas para a manutenção da obra, Deus não precisa de dinheiro, mas é nosso dever como cristãos, devolver o que é de Deus.

Júlio: O que é feito com esse dinheiro, afinal?

Pâmela: É usado para manter a igreja, pois assim como nos demais lugares, a igreja também necessita de energia, água, produtos de higiene e limpeza, material para as crianças da salinha, e todos os gastos que você puder imaginar, vem daqueles que contribuem mensalmente com os seus dízimos!

Júlio: E qual é valor do dízimo, exatamente? — Ele estava bastante interessado no assunto.

Pâmela: Bem, não existe um valor específico, o nosso dízimo é apenas dez por cento do que ganhamos por mês, se você ganha cem, você devolve dez, e assim por diante. A oferta pode ser de qualquer valor, um real, cinco, dez, você quem decide, o importante é ofertar!

Júlio: Só isso? Eu pensei que...

Pâmela: Deus é muito justo, Júlio, Ele só pede dez por cento, e posso garantir que Ele multiplica muito mais para nós, digo isso por experiência própria, sempre que trabalho eu tiro o meu dízimo, é bem pouquinho, mas a palavra do Senhor diz que o pouco com Deus se torna muito, e o muito sem Deus não é nada!

Júlio: Impressionante!

Pâmela: Sim, os milagres de Deus são incríveis, a minha mãe é uma prova viva disso!

Júlio: É lindo ver você falando assim com tanta convicção, eu nunca ouvi ninguém falando de Deus dessa maneira, confesso que agora fiquei curioso para saber mais sobre Ele.

Pâmela: Você será bem-vindo a nossa igreja, sempre que desejar fazer uma visita. — Termino o meu lanche. — Bem, agradeço pelo sanduíche, tava uma delícia, você é realmente uma caixinha de surpresas....mas acho melhor irmos agora! — Digo por fim me levantando.

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