#Capítulo 19

...Júlio...

(…)

Após deixar a Pâmela, voltei para casa com Stefany, ela estava muito sonolenta hoje, mas assim que passamos pela porta de casa, ela acordou e me olhou com olhos curiosos.

Stefany: Papai?

Júlio: Oi, anjinho! — Aperto-a forte contra o meu peito e deposito um beijo na sua bochecha. — O que acha de um banho?

Stefany: Bambanho. — Sorrio, balançando a cabeça, era muito fofo o jeito como ela fazia a pronúncia das palavras.

Júlio: Só espero que eu acerte dar banho em você, mas não deve ser tão difícil assim, né?

Subo as escadas com ela e vou direto para o seu quarto, vasculho a bolsa que Pâmela trouxe, e encontro tudo que preciso para o banho dela, em seguida tiro a sua roupinha e a sua fralda que para minha alegria, só tinha xixi.

Stefany: Mamãe?

Júlio: Hoje seremos apenas eu e você, anjinho, a mamãe foi pra casa dela! — Steff encarava-me atentamente, como se entendesse tudo que eu falava.

…

O banho foi tranquilo, apesar dela me molhar inteiro, era muito gratificante para mim, poder cuidar dela, Steff é uma garotinha ótima, cheia de luz, com o poder de encantar a todos ao seu redor com a sua sabedoria e doçura.

Na hora da fralda não teve outro jeito, tive que pesquisar no YouTube como se colocava, era vergonhoso para um pai, eu sei, mas era a minha realidade, eu não fazia ideia de como pôr, Paloma nunca me ensinou a cuidar da minha filha, nem ao menos como se trocava uma fralda, talvez fosse porque nem mesmo ela sabia como fazer isso, já que desde o nascimento, era a babá quem fazia tudo.

Por fim, após várias tentativas falhas, finalmente consegui colocar a fralda adequadamente, também vesti uma calça e uma blusa de manga cumprida nela, pois o tempo já começara a esfriar.

Júlio: Pronto, banho ok, o que vem agora?

Stefany: Mamãe.....

Júlio: É anjinho, bem que eu queria que ela também estivesse aqui com a gente. E, preciso te confessar uma coisa, filha, por mais que você não vá entender nada ainda, mas o papai está apaixonado pela sua mamãe!

Pâmela: A mamãe.... papai! — Ela estava sentindo falta da Pâmela, e também devo confessar que estava louco de saudades daquela mulher, principalmente agora que finalmente me declarei, não queria mais ficar longe dela, a minha vontade é tê-la por perto o tempo todo, vinte e quatro horas por dia e poder cuidar dela e encher de beijos.

Espero que ela perca esse medo bobo que tem de assumir o que sente, e se entregue a esse amor junto comigo, não sei se vou aguentar ficar sem ela por muito tempo. Esse sentimento é maior do que eu imaginava, e hoje ao beijá-la, me dei conta que ela é tudo que quero pra minha vida.

(…)

Após trocar algumas mensagens com ela, subi de volta com Steff quase dormindo no meu colo, após tomar toda a sua mamadeira, ela já estava morrendo de sono outra vez, o parque de diversões realmente a cansou.

Optei em colocá-la na minha cama comigo, sei que ela já se acostumou a dormir agarrada a Pâmela, e se eu quero que ela se acostume aqui, terei que fazer o mesmo.

Deixei ela dormindo e fui tomar um banho, precisava relaxar um pouco, a cena do beijo não saía da minha cabeça, eu sentia perfeitamente o gosto dos seus lábios nos meus, o seu corpo próximo ao meu. E tudo isso já estava resultando em alguém aceso lá em baixo, mas hoje eu não estava sozinho em casa, e em respeito a minha filha que dormia a poucos metros de mim, tentei tirar esses pensamentos maliciosos da minha cabeça e me concentrar apenas no banho, não foi uma tarefa fácil, mas foi necessário.

Após o banho, me sequei e vesti um pijama, já havia comigo algo com Stefany, então me deitei ao seu lado e fiquei admirando cada detalhe do seu pequeno rostinho angelical, me sentindo o cara mais sortudo desse mundo por ter uma preciosidade dessas como filha.

Quem diria que um dia eu seria pai de uma princesa tão linda assim?

A única coisa que eu mudaria se pudesse era na escolha da mãe, e em vez de Paloma, seria a Pâmela.

Sim, eu confesso que no início eu era louco por ela, era capaz de tudo por aquela mulher, entraria na frente de uma bala por ela se fosse preciso, mas hoje, eu não tenho certeza se aquilo tudo era amor, talvez fosse mais dependência emocional do que qualquer outra coisa.

Com a mente em um turbilhão de pensamentos, e o coração transbordando de amor, acabei adormecendo ali enquanto olhava a minha pequena dormir.

(…)

Fui despertado no meio da madrugada com o barulho estridente do choro de Stefany, levantei atordoado, acendi a luz e a peguei nos meus braços, ela chorava sem parar, e não era um choro comum, era escandaloso e muito alto, ela parecia estar com muita dor. Eu entrei em desespero, não tinha a menor ideia do que fazer, ou como agir, fiquei perturbado.

Steff chorava e chamava por Pâmela como se a sua vida dependesse dela nesse momento.

Júlio: Calma, filha, o papai está aqui! — Faço tudo que posso para tentar acalmá-la, balanço, dou água, desço para o andar de baixo, ligo a televisão, preparo a mamadeira, mas nada estava resolvendo, o choro dela não cessava, e para piorar ainda mais a situação, agora o seu corpinho começava a esquentar. Entrei em pânico quando medi a sua temperatura e constatei que ela estava com 39° de febre, era muito para uma criança, levá-la ao hospital foi o que me ocorreu nesse momento, mas antes precisava tentar uma última opção, eu sabia que essa, não era uma febre comum, talvez fosse mais emocional do que qualquer outra coisa. Era tarde, mas eu disquei o número da Pam sem pensar duas vezes.

Chamava, chamava, mas nada dela atender. E de repente uma sensação muito ruim tomou conta de mim, como se algo grave estivesse acontecendo, continuei tentando até cair na caixa postal. Enquanto isso, Stefany não parava um só minuto de chorar.

Stefany: Mama..... mamãe...... 😭😭😭😭😭😭

Júlio: Meu Deus, o que eu faço? Me ajuda, Senhor! — Clamo com desespero.

E no mesmo instante recebi uma chamada de dona Paulina no meu celular, achei que pudesse ser a Pâmela, talvez o seu celular tivesse acabado a bateria e ela não pôde me retornar.

📱Júlio: Alô?

📱Paulina: Júlio, graças a Deus você atendeu.... — A sua voz era de preocupação, e isso me fez gelar.

📱 Júlio: Dona Paulina, o que aconteceu? — Engulo seco.

📱Paulina: Fogo....a nossa casa está coberta por chamas e a Pâmela ainda está lá dentro...

Isso foi o bastante para me fazer perder o meu chão, com o impacto da notícia, deixei o celular cair sem me importar com mais nada, subi no quarto feito um raio, vesti a primeira roupa que encontrei e saí feito um louco com Stefany no meio da madrugada, no momento nada mais importava, e agora eu entendia o porquê do choro convulsivo de Steff, ela estava sentindo que a mãe corria perigo.

Saí em alta velocidade pelas ruas da cidade, passando por todos os sinais vermelhos que encontrava, por sorte, as ruas e avenidas estavam com pouco fluxo de carros, por ser tarde da madrugada, não sei nem quanto tempo demorei para chegar, mas foi menos que o normal.

A cena que vi ao chegar foi assustadora, a rua estava cheia de curiosos, paramédicos, viaturas da polícia e do corpo de bombeiros, parecia mais um filme, do que uma realidade, a casa estava completamente em chamas, o meu coração estava prestes a explodir dentro do peito, só de imaginar que o pior poderia ter acontecido com a mulher que eu amava. Steff ainda chorava no banco de trás.

Desci imediatamente, atravessando a multidão de pessoas com Stefany grudava em meu pescoço, mas a cena que vi a seguir, me desestabilizou por inteiro e eu quase me desfaleci.

Um dos bombeiros saía nesse exato momento de dentro da casa em chamas com Pâmela desacordada nos seus braços, enquanto os demais lutavam contra o fogo que já haviam destruído completamente a casa, vi quando a dona Paulina correu até a filha em total desespero, fiz o mesmo com o coração na mão, já temendo pelo pior.

Policial: Hey, afaste-se, você não pode chegar perto, tirem esse homem daqui! — Alguns policiais tentam me barrar, mas nenhum deles consegue me segurar.

Paulina: Deixem ele passar, ele é da família!

Os bombeiros imediatamente puseram Pâmela numa maca e a colocaram no oxigênio, já iniciando os primeiros socorros, mas ela não esboçava nenhuma reação ou movimento. O meu desespero só aumentou diante da cena, jamais imaginei presenciar algo assim tão assustador, principalmente com a mulher por quem estava perdidamente apaixonado, foi perturbador demais, nunca havia sentido tanto medo, como estava sentindo agora. Eu estava apavorado!

Júlio: Pâmela, por favor, acorda! — Choro sacudindo o seu corpo mole.

Paramédico: Precisamos levá-la ao hospital imediatamente, infelizmente ela inalou muita fumaça!

Paulina: Júlio, eu não posso perdê-la....não posso!

Eles a colocaram na ambulância e pediram que dona Paulina que a acompanhasse.

Mulher: Eu vou com a senhora! — Uma garota mais ou menos da idade da Pâmela se oferece para ir com dona Paulina, eu não a conhecia, talvez fosse uma amiga.

Paulina: Obrigada, querida! — As duas se abraçaram e dona Paulina assentiu para mim.

Júlio: Levem-na ao Hospital Samaritano! — Ordenei ao condutor da ambulância que me encarou estranho. — Não se preocupem, cuidarei da papelada, apenas vá. — Ele assente, e no minuto seguinte, sai a toda a velocidade cantando pneu.

Esse era um dos melhores hospitais de São Paulo, sabia que lá eles cuidariam bem dela. Enquanto a ambulância se afastava, fui até o senhor Georges.

A essa altura as chamas já estavam sendo controladas pelos bombeiros, a polícia também já estava dispersando metade da multidão, que agora só restavam alguns vizinhos.

Júlio: senhor Georges, vamos, vou levá-lo até o hospital! — Ele estava num canto mais afastado completamente atônito, e em choque diante do acontecido. — Toco o seu ombro chamando a sua atenção. — Dessa vez ele não protesta, apenas assente e me acompanha até o meu carro com uma certa dificuldade para andar.

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