...Pâmela...
(…)
Algum tempo depois, já estávamos a caminho da minha casa, eram pouco mais de quatro da tarde, assim que pegamos a estrada, Steff logo adormeceu de novo. E só pela cara do Júlio, eu diria que ele não estava nem um pouco contente por me levar embora, e preciso confessar que também não queria me despedir dele ainda, mas querendo ou não, eu precisava encarar a realidade, um romance com ele não daria certo, e essa proximidade não estava ajudando nem um pouco. Mesmo que o meu coração dissesse o contrário, não podíamos ter esse tipo de envolvimento, era errado, e eu tinha que me convencer, não podia deixar isso fluir.
Júlio: No que está pensando? — Acabo me assustando com a sua pergunta, estava tão distraída com os meus pensamentos. — Desculpe, não queria, assustá-la, você parecia longe!
Pâmela: Tudo bem...eu só estava pensando em algumas coisas! — Digo me ajeitando no banco.
Júlio: Pensava no nosso beijo? — O encaro de soslaio. — Porque eu não consigo pensar em mais nada! — Confessa.
Pâmela: Júlio, assim você não está ajudando, já lhe disse que não deveria ter feito aquilo! — Volto a minha atenção para a estrada à nossa frente.
Júlio: Você está sendo muito dura consigo mesmo, diga-me, do que tem tanto medo?
Pâmela: Não estou, não, só estou sendo realista com nós dois, somos de mundos diferentes, isso nunca daria certo.
Júlio: Se o problema for a sua religião, não se preocupe, faremos do seu jeito se preferir, eu não me importo em esperar, por você eu espero o tempo que for preciso! — Por essa eu não esperava, devo confessar que fiquei bastante surpresa, mas não era só isso, haviam muitas outras coisas que nos impediam.
Pâmela: Júlio, olha, tenta entender o meu lado. Até pouco tempo você dividia a sua vida e a sua cama, com a minha irmã, a minha única "irmã", você entende isso? Como acha que eu vou me sentir sabendo que estou usurpando o lugar dela....isso, isso é demais para mim!
Júlio: Ok, tudo bem, não vou mais insistir, pelo menos não hoje, vou te dar tempo para pensar em tudo, sei que sente o mesmo, mas precisa se convencer disso sozinha, porém como disse antes, não vou desistir de lutar por você tão facilmente, os meus sentimentos são reais e verdadeiros, Pâmela!
(…)
Fomos o restante do caminho em silêncio, o nosso trajeto durou pouco mais de uma hora, o trânsito de São Paulo estava um caos, e fora o fato dele morar do outro lado da cidade não contribuiu nem um pouco.
Júlio: Chegamos! — Diz assim que o carro para em frente a minha casa.
Pâmela: Obrigada por me trazer, e obrigado pelo dia de hoje. — Dou um meio sorriso de lábios fechados. — Apesar de ter sido meio doido, teve também os seus bons momentos, Stefany se divertiu, e é isso que importa! — Destravo a porta, mas ele me impede de descer, me puxando para perto de si. — O que está fazendo? — Pergunto, a minha respiração já estava mais acelerada que o normal e ele estava próximo demais.
Júlio: Isso! — E antes mesmo que eu pudesse protestar, ele gruda nossos lábios mais uma vez, e sem ao menos pedir licença invade a minha boca com a sua língua quente, preenchendo cada canto.
Me xinguei mentalmente por estar o correspondendo, isso só lhe daria mais certeza de que eu também o amava, mas no momento, nada mais importava, apenas as nossas línguas entrelaçadas dando estalos molhados.
Quando enfim nos afastamos, eu estava sem fôlego, ele sorriu satisfeito, e eu não soube onde enfiar o meu rosto de tanta vergonha, sabia que estava toda corada, as bochechas queimando.
Júlio: Você fica linda assim vermelhinha! — Ele acaricia o meu rosto antes de me roubar mais um selinho de despedida. — Amo você, Pâmela!
Pâmela: Eu tenho que ir, cuide dela, e qualquer coisa pode me ligar, não importa o horário! — Olho para o banco de trás onde a minha menina dormia na sua cadeirinha e desço do carro logo em seguida.
Júlio: Tem certeza que não quer que eu entre com você? Posso encarar o seu pai! — Sacudi a cabeça em negativo.
Pâmela: Não, pode ir, obrigado pela carona!
Júlio: Até mais, se cuide, Pam! — Apenas assinto e atravesso a rua, quando olho para trás, ele continuava lá me olhando com aquele sorriso bobo de orelha a orelha. — Aceno e entro em casa.
Fecho a porta atrás de mim e me encosto na mesma de olhos fechados, ainda tentando assimilar tudo que havia acontecido. E só então, quando mamãe me chama é que volto à realidade.
Palmela: Oi, mãe, sou eu! — Ela estava na cozinha, fui ao seu encontro e a cumprimentei com um beijo no rosto, ela estava toda suja de farinha de trigo.
Paulina: Achei que só viesse mais tarde, querida!
Pâmela: Humm, o que está fazendo?
Paulina: Bolinho de chuva, e onde está a Steff? — Puxo a cadeira e me sento.
Pâmela: Ficou com o Júlio, ele me deixou e a levou de volta, achei que seria bom para ambos, se ela passar o restante do fim de semana com ele!
Paulina: É, você fez bem, eles precisam mesmo desse tempo para pai e filha. E como foi o passeio, onde foram?
Pâmela: Foi bom, Júlio nos levou ao parque, não preciso nem dizer o quanto Steff amou. — Sorrio ao lembrar do seu sorriso banguela. — Ela brincou tanto que capotou, e após o almoço ele nos levou para sua casa!
Paulina: Que bom, meu bem, e como é a casa dele? — Pergunta com curiosidade.
Pâmela: Na verdade, é uma mansão imensa, e muito luxuosa, você precisa ver, o Júlio é muito detalhista, o quarto que ele mandou montar para Steff é lindo, um verdadeiro quarto de princesa!
Paulina: O Júlio é rico, mas, ao mesmo tempo, é um homem muito simples, isso é o que importa. Gosto disso nele! — Confessa. — E o que mais aconteceu, querida, você está com um brilho diferente nesses olhos, não me diga quê? — Ela tinha um sorrisinho zombeteiro no rosto.
Pâmela: Mãe..... — Sabia que se não mudasse de assunto logo, ela iria me encher de perguntas. — E onde está o papai? Não me diga que está trabalhando hoje?
Paulina: Não, ele saiu já faz algum tempo... — O semblante da minha mãe muda de repente, como se algo começasse a preocupa-la.
Pâmela: Está tudo bem, mãe?
Paulina: Preciso ser honesta com você, filha, não está nada bem! — Me levanto preocupada.
Pâmela: O que houve?
Paulina: Precisamos conversar, Pam. Mas, é melhor que o seu pai esteja presente! — A preocupação agora era nítida na sua voz, e isso já estava me deixando muito angustiada.
Pâmela: Mãe, me diz o que é? Aconteceu alguma coisa, você voltou a ter crises? — Já estava surtando de preocupação.
Paulina: Não, meu amor, não é nada disso, eu estou bem, não se preocupe. — Me tranquiliza.
Pâmela: Então o que é, mãe? O que está havendo?
Paulina: Tenta se acalmar, querida, espere o seu pai chegar, e aí nós conversamos, está bem? Eu garanto que ele vai te explicar tudo, agora vá tomar um banho, coma alguma coisa, e assim que ele chegar, eu prometo que ele irá lhe explicar tudo.
Pâmela: Seja o que for, mãe, eu quero saber, não me escondam nada, já sou adulta o suficiente para entender quando as coisas não estão bem.
Paulina: É claro, filha, não se preocupe!
Pego a minha bolsa de cima da mesa, e vou para o meu quarto com o coração apertado.
…
Tomei um banho, vesti algo leve e confortável já que não pretendia mais sair de casa hoje, permaneci no meu quarto mexendo no celular, decidi enviar uma mensagem ao Júlio, para saber sobre Stefany.
📤 Pâmela: Oi, tudo bem, por aí?
Esperei por sua resposta por cerca de uns trinta minutos, talvez ele ainda estivesse a caminho de casa.
📥 Júlio: Oi, sim, estamos bem, mas assim que chegamos aqui, a nossa filha começou a perguntar por você!
📤 Pâmela: Logo ela se acostuma, dê um beijo nela por mim...
📥 Júlio: Também queria um beijo seu, o seu gosto ainda permanece aqui nos meus lábios.....
Não consigo evitar um sorriso que se forma nos meus lábios, mas, ele não precisava saber disso.
📤 Pâmela: Você é muito convencido, não é?
📥Júlio: Você não faz idéia do quanto. Quando eu quero uma coisa, eu não desisto tão facilmente...
📤 Pâmela: Ok, qualquer coisa relacionada a Steff me liga..
📥 Júlio: Saiba de uma coisa, Pâmela. Eu gosto de desafios!
Dito isso, desligo a tela do celular e o ponho na minha mesinha de cabeceira, mesmo que o beijo não saísse da minha cabeça, havia algo mais preocupante no momento, eu estava disposta a esperar pelo meu pai lá na sala, queria saber o que estava acontecendo, e eles teriam que me contar.
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Atualizado até capítulo 69
Comments
MARIA RITA ARAUJO
o pai deve ter entrado numa verdadeira furada
2025-02-01
1
Fátima Ribeiro
continuo preocupada com o que o George aprontou com o tal cara feio.
2025-03-13
0
Fátima Ribeiro
autora linda, você é maravilhosa ⚘️
2025-03-13
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