#Capítulo 04

...Pâmela...

(…)

Pâmela: Então, esse é o endereço da noiva? — pergunto olhando para o pedaço de papel que Louise acaba de anotar e entregar para mim.

Louise: Isso. E não se preocupe amiga, ela paga muito bem, eu disse que você é a melhor no que faz.

Pâmela: Obrigada por lembrar de mim, eu realmente estou precisando. — Digo com uma certa tristeza na voz. Olho para os lados, me certificando de que a mamãe não esteja nos ouvindo.

Louise: Amiga, sabe que pode me pedir ajuda se precisar. Não precisa passar por tudo sozinha. É pra isso que servem as amigas, lembra? Me conta, o pai da Steff não está ajudando com as despesas dela?

Pâmela: Não, ele ajuda sim, tudo que diz respeito a ela, está saindo do bolso dele. Eu estou preocupada mesmo é com as contas de casa, ultimamente tenho visto o meu pai muito cabisbaixo, não sei, mas me parece que está escondendo algo de nós.

Louise: Porque não fala com o Júlio, quem sabe ele não pode ajudar?

Pâmela: Não, não, isso seria muito abuso da minha parte, a única obrigação dele é com a Stefany. Eu não posso fazer isso, até porque o seu Georges jamais aceitaria. — Conheço o meu pai o suficiente para saber que ele é orgulhoso demais para pedir ajuda, por menor que ela seja.

Louise: Me diz a verdade amiga, você tá gostando dele não tá? — Sorri travessa.

Pâmela: Até você? De onde tirou essa ideia? É claro que não, ele é o ex da minha irmã, isso nunca daria certo. — O meu coração se aperta ao dizer essas palavras, mas, essa é a verdade, não posso pensar nele, não dessa forma, não é certo.

Louise: Esquece a Paloma, você precisa pensar um pouco mais em você, sabia? E se você não tentar, nunca vai saber, Pam. E pelo que me contou, ele é uma ótima pessoa, um pai incrível, sem contar que é um gato né, fala sério! Nossa, aqueles olhos azuis são tão intensos, que eu me perderia facilmente neles — Sorri e suspira ao mesmo tempo. — A minha amiga é muito comédia, quem a vê assim, nem imagina que ela guarda um grande trauma dentro de si. Quando aos onze anos de idade foi abusada pelo próprio padrasto, na época nem a mãe dela acreditou. Desde então, nunca mais foi a mesma, ela até superou, mas nunca conseguiu se relacionar com ninguém, todos os seus namorados se afastaram depois de um tempo. Infelizmente até o momento ainda não consegui fazê-la ir à igreja, por mais que eu tente, ela não acredita que Deus a ame.

Pâmela: Não, amiga, de verdade, eu tô bem como estou. No momento existem outras prioridades na minha vida, e uma delas é concluir a faculdade, enfermagem sempre foi o meu sonho, não quero abrir mão disso! — Falo sincera.

Louise: Pam, isso não é desculpa. A faculdade sempre vai estar lá, e você pode tentar uma bolsa, mas o amor não. Amiga, não seja como eu, uma de nós duas precisa ser feliz ao lado de um homem maravilhoso, eu já desisti, mas não vou permitir que você faça o mesmo. — Nunca vi Louise falar dessa forma antes, estou bastante surpresa.

Pâmela: Desde quando você se tornou tão poética, hein? E que história é essa de já ter desistido da sua felicidade? Pois saiba que também não vou permitir um absurdo desses, está me ouvindo, Louise Martins? — Sou tão sincera quanto ela.

Louise: Ok, ok, não vou desistir, mas só se você pensar no que eu falei! — Ela me encara com os olhos semicerrados.

Pâmela: Tá bem! Vou pensar sobre isso, mas não prometo nada, estou esperando em Deus, e sei que no momento certo, ele vai me mostrar a pessoa perfeita para mim! — Digo isso na intenção de afastar quaisquer pensamentos no único homem que não posso ter. — Bem, e com relação a uma bolsa de estudos, você acha que eu tenho chances? — Mudo rapidamente de assunto.

Louise: Claro que sim, porque não? Você precisa confiar mais no seu potencial, é muito inteligente, super estudiosa, se eu fosse você já ia atrás disso hoje mesmo. — a minha amiga é tão sincera que consegue me tirar lágrimas.

Pâmela: Não custa nada tentar né, obrigada pela força, amiga. — A abraço.

Louise: Bom, agora eu preciso ir, já são quase dez, e ainda preciso pegar as minhas coisas em casa. — Ela mora numa rua abaixo da minha, bem pertinho.

Pâmela: Tá bom, diz pra sua amiga que eu irei mais tarde no horário combinado. — Seco os meus olhos com a ponta dos dedos.

Louise: Falo sim. Tchau bonequinha linda! — Ela se abaixa e beija Steff que brincava com pecinhas de montar no tapete da sala. — A acompanho até a porta e me despeço dela, agradecendo-a mais uma vez por ter me indicado.

A manhã se passa rápido, ajeito as coisas em casa, ajudo a minha mãe com o almoço e também arrumo o meu quarto e deixo a minha maleta de manicure pronta para levar. Após o almoço, dou banho em Steff e brinco um pouquinho com ela até dar a hora de sair. Felizmente ela acaba dormindo, caso contrário seria um chororó ao me ver sair.

Pâmela: Vou indo, mãe, não demoro! — lhe dou um beijo e pego as minhas coisas.

Paulina: Vá com Deus, meu amor, se cuida! — Sorrio para ela e saio.

Acabou que eu demorei mais que o esperado, achei que seria só a unha da noiva, mas teve também a da mãe dela, da sogra e das madrinhas, sem contar que ainda tive que ajudar com o penteado.

Mas não posso reclamar, pois assim como Louise disse, elas pagaram muito bem pelo serviço. Essa é mais uma prova de que Deus não me desampara, com esse dinheiro poderei arcar com as contas de energia e água que estão pendentes.

— Obrigado, meu Deus!

Agradeço pouco antes de descer do ônibus e ser pega de surpresa por uma chuva que surgiu praticamente do nada. Pois, até então, o céu não tinha nenhuma nuvem, mas se não fosse assim não seria São Paulo, não é mesmo?

Por sorte, o ponto de ônibus não era tão longe de casa, fui andando a passos largos até lá, mas enquanto seguia o meu caminho, começo a lembrar do Júlio e do seu olhar tão penetrante no meu. Não é possível, Pâmela!

Eu não posso!

Não posso gostar dele!

É errado!

Muito errado!

Ele era da sua irmã, sua boba!

E sabemos o quão diferente nós somos uma da outra, o que significa que entre Paloma e eu, obviamente será sempre ela.

Presa no meu conflito interno, nem me dou conta de que já estou na rua de casa, ao me aproximar, tiro as chaves da bolsa e quando estou prestes a destrava-la, sinto alguém tocar o meu ombro, na mesma hora o meu coração começou a disparar feito um louco, minhas pernas ficam bambas, e um medo absurdo toma conta de mim, seria um ladrão tentando me roubar na porta de casa?

Tenha misericórdia de mim, Senhor!

Foi tudo o que consegui pensar.

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Comments

Fátima Ribeiro

Fátima Ribeiro

muito bom autoraaaaa!
👏👏👏👏👏👏🫶

2025-03-02

0

Jeneci Nunes

Jeneci Nunes

Pâmela Deus colocou o Júlio na sua vida, vocês foram feitos um para o outro ❤️

2025-01-22

2

Tania Cassia

Tania Cassia

kkkkkk e Deus tem minha filha, esta lute abençoando com um marido

2025-01-21

2

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