Lua Sangrenta

Neo fitava o corpo inerte de seu irmão mais velho.

— Suas desculpas não me servem, irmão... — murmurou, suspirando, enquanto os dedos se perdiam em seus próprios cabelos.

Então, uma voz ecoou atrás dele, carregada de um entusiasmo cruel:

— Ora, ora... Você matou o próprio irmão? Que fascinante!

Neo se virou. Era Kio.

— Você sempre aparece do nada... Nunca entendi como faz isso — murmurou Neo, franzindo a testa.

Kio sorriu de lado, divertido.

— Se me disser como consegue parar o tempo de um corpo, talvez eu revele meu segredo.

Caminhando até o corpo de Reo, ele analisou o corte profundo na garganta.

— Brutal... Mas necessário. Você fez o certo, garoto. Estou orgulhoso.

Neo manteve o olhar neutro, mas dentro de si, a raiva queimava. Raiva de Kio. Raiva de si mesmo. Ele nunca quis matar seu próprio irmão. Mas contra um traidor, hesitar não era uma opção.

— Por favor, coloque-o em um lugar onde possa descansar em paz — pediu Neo, voltando-se para Kio.

Mas, ao olhar novamente, tudo o que restava era uma poça de sangue. Kio e o corpo de seu irmão haviam sumido.

Com um suspiro pesado, Neo seguiu pelo corredor. Seu corpo se moldou mais uma vez, assumindo a forma da guarda que havia eliminado. Sem tempo para luto, sua jornada continuava.

Enquanto isso, em outra parte do castelo, Kaela repousava perto da janela, perdida na beleza silenciosa da lua. Seus pensamentos fluíam como as nuvens no céu, até serem interrompidos por passos sutis.

Ao virar-se, seus olhos encontraram a figura de Rebecca, a princesa.

Por um instante, Kaela baixou a guarda. Ao seu lado, Rebecca contemplava a mesma lua silenciosa, compartilhando aquele momento efêmero de paz.

— Kaela, posso te fazer uma pergunta? — indagou a princesa, a voz suave, mas cautelosa.

A jovem manteve o olhar fixo no luar, avaliando suas intenções.

— Depende da pergunta… Mas antes, preciso saber: você pretende falar sobre os poderes de Nataria?

Rebecca balançou a cabeça, negando com um pequeno suspiro.

Kaela compreendeu de imediato: aquela informação era sigilosa e não poderia ser entregue a qualquer um.

— Tudo bem, pode perguntar. Vou tentar responder — disse, ainda fixando o olhar na lua.

Rebecca hesitou por um momento antes de desviar os olhos do céu para Kaela.

— O que acha da participação do Nirai em um pequeno torneio?

O silêncio pairou entre as duas enquanto trocavam um olhar enigmático, banhadas pela luz prateada da lua.

— Humm… uma pergunta interessante. Mas, na verdade, essa decisão cabe ao próprio Nirai — comentou Kaela, enquanto Rebecca refletia sobre suas palavras.

— Tem razão, foi um erro meu. Mas imagino que Nirai já esteja dormindo, então resolvi perguntar a você. Gostaria que levasse essa mensagem a ele. Ah, e só para avisar, o torneio será em três dias — disse Rebecca, a voz serena, mas firme.

Kaela assentiu, voltando o olhar para a lua.

— Certo, falarei com ele. Mas não sei se aceitará… De qualquer forma, tentaremos.

Rebecca nada mais disse. Apenas se virou e caminhou em direção ao seu quarto.

No entanto, nenhuma das duas estava realmente sozinha.

No final do corredor, oculto nas sombras, Neo se mantinha colado à parede, como um espião atento a cada detalhe.

"Um evento? Então esse é o movimento do rei… Interessante. A informação falsa surtiu efeito mais rápido do que imaginei."

Um sorriso irônico surgiu em seu rosto. Tudo corria conforme o planejado. O rei havia dado seu primeiro passo.

Na manhã seguinte, Nirai despertou lentamente. Seus olhos se abriram aos poucos, ajustando-se à luz suave que inundava o quarto. Ainda sonolento, deixou-se cair de volta sobre a cama, desejando apenas mais alguns instantes de descanso.

Mas esse desejo foi interrompido quando Kaela entrou no quarto.

— Que bom que você está acordado! O café da manhã está pronto — disse Kaela, sorrindo enquanto segurava a mão de Nirai e o puxava suavemente para fora da cama.

Ainda meio sonolento, ele a seguiu pelo corredor até a cozinha.

Ao entrarem, foram recebidos por uma mesa farta, repleta de delícias. A visão das guloseimas despertou Nirai por completo, e ele rapidamente se acomodou em sua cadeira, seguido por Kaela, que fez o mesmo.

O rei, sentado à cabeceira, observava tudo com atenção, quase se divertindo com o comportamento dos presentes.

Enquanto isso, as princesas Rebecca e Clara estavam mergulhadas em pensamentos. Os próximos dois dias traziam consigo expectativas incertas: o torneio se aproximava, assim como a ameaça de um ataque misterioso, cuja data e forma ainda eram desconhecidas.

A tensão pairava no ar, mas aquele não era o momento para preocupações. O café da manhã era um instante de respiro, um breve refúgio antes da tempestade que se aproximava.

As empregadas aguardavam pacientemente, prontas para limpar a mesa assim que terminassem.

Após a refeição, Kaela chamou Nirai para uma conversa.

Em um canto distante do castelo, onde olhares curiosos não alcançavam, encontraram-se em uma ampla sala forrada de estantes abarrotadas de livros. A luz dourada do sol filtrava-se pela janela, envolvendo o ambiente em um calor sereno e acolhedor.

— Então, o que gostaria de me dizer, Kaela? — perguntou Nirai, deixando a dúvida pairar no ar, esperando que ela tomasse a iniciativa.

Kaela cruzou os braços e respirou fundo antes de responder.

— Ontem à noite, conversei com a princesa Rebecca sobre um assunto… e gostaria de saber se você tem interesse em participar de um evento que acontecerá em dois dias — disse ela, sua voz carregando um tom perspicaz.

Nirai desviou o olhar por um instante, sentindo uma leve inquietação crescer dentro de si.

— Não sei… — murmurou, a incerteza pesando em suas palavras.

— Tudo bem, não quero te forçar a nada, e a princesa também não. Só queria saber o que você pensa sobre isso — disse Kaela, olhando diretamente para Nirai. Um pequeno sorriso começou a se formar em seus lábios, um sorriso que parecia capaz de dissipar toda a incerteza que o envolvia.

Nirai se sentou um pouco mais ereto, como se o brilho no olhar de Kaela tivesse tocado algo dentro dele.

— Bom... talvez eu participe. Mas prometo que darei o meu melhor — afirmou, seus olhos agora brilhando com confiança e determinação. Kaela percebeu essa luz em seu olhar, algo que a encantava profundamente nele.

— Se é isso que você deseja, então está bem — concordou Kaela, retribuindo o sorriso com um gesto encorajador.

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