Um Nome, Duas Memórias

Em uma manhã ensolarada, Nirai acordou e olhou para o teto, tentando se localizar. Sem se lembrar de onde estava, ele se levantou e se deparou com um quarto desconhecido.

Confuso, decidiu deixar o ambiente e caminhou pelo corredor até chegar à cozinha, onde uma mulher estranha preparava o café da manhã.

A mulher enigmática sentiu a presença de alguém na cozinha e, ao se virar, reconheceu o garoto que havia encontrado antes.

— Ah, é você. Venha, sente-se à mesa, o café da manhã está quase pronto — convidou a mulher, enquanto Nirai a olhava com uma expressão confusa, mas acabou obedecendo e puxando uma cadeira para se sentar.

— Por favor, me diga, onde estou? Não me lembro de como cheguei aqui — questionou Nirai, fixando o olhar na mulher.

— Ah, claro. Eu encontrei você e a garota caídos no meio da rua e pedi a um dos meus vizinhos que ajudasse a trazê-los até a minha casa — explicou a mulher, enquanto servia o café na mesa.

— E a Kaela, onde ela está? — perguntou Nirai, preocupado com o que poderia ter acontecido a ela.

— Então, o nome da garota é Kaela. Coitadinha, ela quase não tinha mana, creio que usou demais alguma magia — respondeu a mulher, enchendo sua xícara com café. — Mas não se preocupe, ela está bem. Está descansando no quarto, embora só deva acordar amanhã, pois realmente utilizou muita energia mágica.

— Entendo — murmurou Nirai, enquanto observava a xícara de café que aquela mulher lhe entregara. Sua mente voltava à noite anterior, quando Kaela havia esgotado toda a sua mana em um esforço desesperado para curar suas feridas, até desmaiar.

As últimas palavras que ele recordava antes de ser tomado pela inconsciência Ecoavam em seus pensamentos: “Não, agora não. Agora que eu te encontrei, não posso deixar você morrer. ” Essas palavras, ditas por Kaela, permaneciam gravadas na mente de Nirai, como um eco persistente.

Depois de um tempo, a mulher estranha se pôs a lavar a louça do café da manhã que eles acabavam de compartilhar. Enquanto lidava com os pratos, ela lançou um olhar para Nirai, que parecia perdido em seus pensamentos, e decidiu interrompê-lo.

— Você mencionou o nome daquela garota, mas ainda não me disse o seu. Qual é mesmo o seu nome? — perguntou, com a esponja na mão.

— Na verdade, eu não sei qual é o meu nome verdadeiro. . . Mas, ontem, descobri que me chamam de Nirai — respondeu ele, encarando a mulher que agora parecia mais próxima. Em seguida, decidiu fazer a mesma pergunta a ela.

— Meu nome. . . é Satella — respondeu ela, agora com um nome definido, revelando um toque de familiaridade na conversa.

Enquanto lavava a louça, Satella percebeu que Nirai a observava com uma expressão de preocupação. Havia algo em seu olhar que sugeria que ele estava tirando conclusões sobre o que ela pensava a respeito de seu nome.

— Olha, Nirai, não tire conclusões sobre mim. Eu não sei nada sobre você se é assim que você pensa — disse Satella, surpreendendo Nirai com sua atitude.

— Então… você realmente não sabe nada sobre mim ou sobre a minha reputação? — questionou Nirai. Satella o encarou por um momento e suspirou. Parando de lavar a louça, ela se dirigiu a Nirai e sentou-se à mesa, diante dele.

— Não, eu não sei nada sobre você ou sua reputação. Por que está me perguntando isso? — questionou Satella, intrigada pela indagação. Talvez ela estivesse desinformada sobre as histórias do arrogante aventureiro.

— Desde que pisei no reino da lua, enfrentei inúmeros problemas, todos relacionados a uma fama ou título, como se costuma dizer. Você sabe, é estranho. . . Por que isso aconteceu apenas comigo? Não me lembro de nada desde que cheguei aqui, mas outras pessoas parecem saber mais sobre mim do que eu mesmo. Não compreendo qual é o meu papel em tudo isso — respondeu Nirai, lutando para conter as lágrimas. No entanto, Satella segurou sua mão, e o toque reconfortante fez com que Nirai voltasse a olhar nos olhos dela.

— Agora eu compreendo. Sei exatamente pelo que você está passando. Você se sente perdido em um mundo desconhecido e sem memórias, e isso é algo que vivenciei durante anos — disse Satella. Nirai arregalou os olhos, surpreso ao descobrir que a mulher à sua frente havia vivido uma situação semelhante no passado. Agora, ela estava ali, levando uma vida tranquila e sem problemas.

— Então. . . então. . . há pessoas que me entendem, e isso é reconfortante — murmurou Nirai, sua voz falhando enquanto a tristeza o dominava. Ele se calou ao sentir o peso da dor, lágrimas escorrendo de seus olhos em um momento de desespero. Diante de sua luta emocional, Satella se levantou de sua cadeira e caminhou em direção a ele, envolvendo-o em um abraço acolhedor.

Após alguns minutos, Nirai avança pelo corredor, perdido em pensamentos sobre sua conversa com Satella. Um suspiro escape de seus lábios quando ele para diante de uma porta. Era a entrada do quarto onde Kaela descansava.

Ao girar a maçaneta e abrir a porta, Nirai encontra Kaela deitada na cama, imersa em um sono profundo. Ele se aproxima e se posiciona ao lado da cama, observando o delicado rosto adormecido dela, que emanava uma beleza tranquila.

— Bom dia, Kaela. Não se preocupe, eu acordei bem e estou curado dos ferimentos. Sou grato a você por isso — diz Nirai, enquanto suas lembranças do dia anterior vêm à tona, especialmente a cena em que Kaela se esforçou ao máximo para curá-lo.

De repente, o corpo de Kaela se contorce, seu semblante revelando um misto de medo e desespero, como se estivesse presa em um pesadelo. Ao notar isso, Nirai rapidamente pega a mão dela, esperando que seu toque a ajude a se acalmar.

Nirai observou Kaela se acalmar, e isso fez com que um pequeno sorriso surgisse em seu rosto. O toque dele desencadeou sentimentos que ela preferia evitar: um passado temido, marcado pelo seu poder descontrolado, que resultou na morte de várias pessoas.

— O que será que você está sonhando, Kaela? — sussurrou Nirai, observando o belo rosto dela. Ele notou que Kaela estava apertando sua mão com mais força e, em um murmúrio suave, ela disse: — "Nirai, Nirai, Nirai. . . obrigada por me salvar daquelas épocas difíceis. " Nirai ouviu atentamente as palavras de Kaela, intrigado. Ele se perguntava se realmente havia salvado Kaela em alguma ocasião, pois não conseguia lembrar de sua vida passada. Mas estava disposto a ouvir dela sobre como eles se conheceram.

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