Entre o Amor e a Intriga

Pouco depois, chegaram ao quarto. Nirai se jogou na cama de Kaela, enquanto ela apenas se sentou à beira, deixando escapar um longo suspiro.

— Uau… minha cabeça dói só de ler tantos livros atrás dessa habilidade — disse Nirai, lembrando-se de Clara lhe ensinando aquelas palavras estranhas. Ele se espreguiçou, sentindo o cansaço no corpo.

Kaela apenas assentiu, compartilhando do mesmo peso.

— É verdade, mas o problema maior não é esse. O que realmente perturba é a briga sem fim entre eles, a dança constante de desentendimentos — refletiu Kaela, relembrando a breve desavença entre Clara e Jack.

— Pois parecem ser o exato oposto de nós, não? — perguntou ele. Ainda assim, nos olhos de Kaela brilhava outra dúvida: “Você realmente acha isso?”

— Pensando melhor… não. Somos diferentes deles — disse Nirai, com os olhos perdidos no teto.

Kaela, então, deitou-se ao seu lado, voltando o olhar para ele. Havia uma pergunta em seu coração, uma que não podia mais ser silenciada.

— Nirai, o que você sente por mim? Mais cedo, compartilhei meus sentimentos… mas agora quero saber os seus — sussurrou ela, esperando ouvir do homem que a conquistou no momento mais difícil.

— Sentir… é tudo tão confuso. Hoje de manhã, algo despertou em mim quando aquele médico deixou o quarto. Um sentimento enigmático, que escapa às palavras — disse Nirai, olhando para o nada.

Ao ouvir, Kaela sentiu uma luz interior, uma felicidade suave que iluminava a incerteza.

"Ele, mesmo sem querer, demonstra ciúmes de mim." refletiu Kaela, com um doce brilho nos olhos. "Isso me encanta, pois sinto seus sentimentos desabrochando devagar, e em breve ele mesmo os reconhecerá."

Enquanto falava, um suspiro leve e romântico escapou dela, como a brisa suave de um amanhecer.

Kaela se levantou da cama, lançou um último olhar para Nirai e sorriu.

— Vou dar uma volta pelo castelo. Pode ficar e descansar o quanto quiser.

Ele assentiu em silêncio, e Kaela saiu, deixando-o sozinho para relaxar.

Enquanto isso, no laboratório, Clara mergulhava em pensamentos profundos. Para Jack, aquela contemplação era familiar, mas algo parecia diferente. Clara demorava mais que o habitual, perdida em suas reflexões.

Intrigado, Jack decidiu chamá-la de volta à realidade.

— Clara, onde se perdem seus pensamentos? — perguntou ele, com um olhar terno e sincero. Para Jack, era raro ver tamanha delicadeza em devaneios. Clara, então, emergiu de seu mundo etéreo e retornou ao presente.

— Ah, eu estava pensando no Nirai... — respondeu, com um tom suave e quase sonhador. Nesse instante, Jack percebeu, pela primeira vez, o brilho secreto de um novo sentimento em seu coração.

— M-mas por que ele? — questionou Jack, curioso, mas sem perder a compostura.

Clara sorriu de leve, os pensamentos ainda vagando.

— Ele é... interessante. Durante nossa pesquisa, teve dificuldade com a leitura, mas quando o ensinei, algo foi diferente. Ele aprendeu os símbolos muito mais rápido do que o normal — disse ela, pegando uma chave de fenda e voltando ao trabalho em sua mais nova criação.

— Ah, é verdade, também reparei nisso. É raro ver alguém aprender a ler com tanta rapidez; há tanto sobre ele que ainda nos escapa — comentou Jack, enquanto recolhia as peças danificadas e as empilhava como vestígios do passado.

— Exato! Que emoção, que alegria indescritível! Esse sentimento é puro encanto. Quero desvendar mais sobre o Nirai; ele pode ser uma fonte rara de conhecimento, sobretudo com sua habilidade no Nexo do Vazio — exclamou Clara, movendo-se com um entusiasmo quase infantil, como se cada gesto fosse uma dança leve ao vento.

Batidas firmes ecoaram pela porta do laboratório. Jack se levantou e a abriu, deparando-se com um guarda real.

— A princesa foi chamada pelo rei para a sala de reuniões — anunciou ele, com a postura impecável.

Clara suspirou, levantando-se de seu banco.

— O que meu pai quer desta vez? — murmurou, cruzando os braços por um instante.

Antes de sair, lançou um olhar para Jack.

— Continue de onde parei.

Ele assentiu, e ela sorriu de leve antes de seguir o guarda, deixando para trás o suave rastro de sua curiosidade inacabada.

Ao chegar, Clara parou diante da porta da sala de reuniões. Sem hesitar, abriu-a e adentrou o espaço, onde o guarda real já se havia despedido, cumprindo sua missão silenciosa.

Dentro, o rei, Nataria e a princesa Rebecca a aguardavam. Clara encontrou seu lugar em uma cadeira, e com a calma de um sussurro, esperou pelo momento em que o rei romperia o silêncio com suas palavras.

— Bem, agora que todos estão aqui, tenho um anúncio a fazer — declarou o rei, sua voz preenchendo a sala. — Daqui a três dias, realizaremos um pequeno torneio. Os cavaleiros reais competirão pelo direito de permanecer ao lado de Rebecca.

Clara arqueou uma sobrancelha, cruzando os braços com desdém.

— Espera… você me chamou aqui só para isso? Se soubesse, nem teria perdido meu tempo — resmungou, balançando a cabeça em desaprovação.

— Não exatamente, Clara. Este torneio é apenas uma cortina de fumaça — disse Nataria, com um tom sereno. Clara lançou-lhe um olhar confuso.

— Ouça, irmã, recebemos um aviso anônimo: algo pode acontecer dentro do castelo — completou Rebecca, com um mistério sutil na voz.

— Isso é impossível! Nossas defesas são sólidas, um ataque não teria chance — retrucou Clara, firme em sua convicção. O rei, porém, suspirou, balançando a cabeça com serenidade.

— Você tem razão, Clara. Nossas defesas são fortes. No entanto, há aqueles que já conseguiram burlá-las… como alguém disfarçado entre nossos próprios guardas — explicou ele, com um olhar grave.

Clara refletiu por um instante, e a dúvida se fez em sua mente. Se isso fosse verdade, então o perigo estava mais perto do que imaginava.

— Então, iremos enfrentar rebeldes? — perguntou Clara, com um tom de dúvida.

— Não os vejo como simples rebeldes. — disse nataria sorrindo suavemente.

— É por isso que faremos este evento, para descobrir se, de fato, são rebeldes ou se há outra verdade oculta — Rebecca completou com voz serena.

— Isso é frustrante… Nem mesmo posso confiar inteiramente em meus próprios soldados. Da próxima vez, eu mesma farei a seleção — declarou Nataria, sua voz carregada de determinação.

— Uma escolha sábia — respondeu o rei, cruzando os braços. — Mas devemos vigiar cada movimento ao nosso redor. Além disso, evite discutir assuntos que possam ser cruciais para eles.

— Tudo bem, pai. — Rebecca suspirou suavemente. Em sua mente, um pensamento ecoou: "Então, a conversa sobre os poderes de Nataria não poderá acontecer com Nirai e Kaela."

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