Capítulo 16

A praia estava cheia, mas o som das ondas e o cheiro salgado do mar faziam o caos parecer distante. Caminhei de volta para o quiosque com meu coco gelado na mão, sentindo o calor da areia sob meus pés. Nicholas estava lá, sentado em uma cadeira de madeira, com os cotovelos apoiados na mesa e aquele olhar intenso que parecia enxergar mais do que eu estava pronta para mostrar.

— Tá se divertindo? – perguntei casualmente, tentando ignorar o modo como seus olhos me acompanharam desde o momento em que me aproximei.

— Bem mais agora. – ele respondeu, aquele sorriso enviesado surgindo no canto dos lábios.

Revirei os olhos e sentei na cadeira ao lado, fingindo que não notei a provocação. Ele estava sem camisa, o peito bronzeado brilhando sob o sol, e eu odiava o quanto parecia confortável com aquela aura de confiança.

— Deveria jogar com os outros. – comentei, tomando um gole da água do coco. – Ou vai ficar aí me encarando o dia todo?

— Talvez as duas coisas. – ele respondeu, com a maior cara de pau.

Dei uma risada curta, balançando a cabeça. Era impossível não entrar no jogo dele, mesmo sabendo que era um campo minado.

— Você é insuportável, sabia?

— Já me disseram isso antes. – ele brincou, inclinando-se na cadeira, como se fosse o dono do lugar.

O silêncio que se seguiu não foi desconfortável. Ficamos ali, lado a lado, observando os outros jogarem. O Rio de Janeiro era quente. Quente demais. Eu não estava acostumada com tanto calor, e a sensação de estar constantemente grudada no suor começava a me irritar. Mesmo assim, a vista compensava. O mar brilhava sob o sol escaldante, e o som das ondas parecia trazer um pouco de paz em meio ao caos.

— Isabela? — A voz de Nicholas quebrou o silêncio.

— Oi. — respondi, levantando os olhos para encará-lo.

— Minha irmã... ela e o Pietro...?

Revirei os olhos, já prevendo onde aquilo ia dar.

— Não. Eles não estão juntos, se é isso que você quer saber. — falei, tentando manter a paciência enquanto encarava seu rosto bonito e cheio de expectativa.

Ele hesitou, coçando a nuca.

— Mas eles já ficaram?

— Nicholas, pelo amor de Deus! Pietro é um babaca. Ele não sabe respeitar ninguém. Você realmente acha que a Jade, sua irmã, ficaria com alguém como ele?

Ele franziu o cenho, claramente desconfortável com a situação.

— Mas eles foram fotografados juntos...

Soltei um suspiro pesado.

— Eles são duas celebridades no auge da fama. Todo mundo quer vê-los como capa de revista, é óbvio que vão criar histórias. Isso não significa que tem algo acontecendo.

Ele permaneceu em silêncio por um momento, digerindo minhas palavras.

— Entendi.

Aquela preocupação fraterna era quase fofa, mas ao mesmo tempo me fazia querer dar um tapa na cabeça dele.

— Olha, Nicholas, relaxa. Jade sabe muito bem o que está fazendo. Se tem uma coisa que ela não precisa, é de você agindo como o irmão superprotetor.

Ele me lançou um olhar meio emburrado, mas percebi que ele sabia que eu estava certa.

— Só quero que ela esteja bem.

— Ela está. Agora aproveita a praia e para de pensar besteira. — falei, apontando para o mar.

Ele deu um sorriso torto e, por um momento, parecia mais tranquilo. Talvez eu tivesse ajudado mais do que percebi.

...ᯓᡣ𐭩...

A boate estava cheia, o som alto fazia o chão vibrar, e as luzes piscavam em tons de azul e roxo, iluminando os rostos animados de todos ao nosso redor. Nós estávamos num camarote mais reservado, onde as garrafas de bebida e os risos não paravam. Era a última noite no Rio antes de voltarmos para casa, então todo mundo parecia decidido a aproveitar ao máximo.

Eu estava sentada ao lado de Nicholas, que, para variar, estava relaxado e despreocupado, segurando um copo de whisky com gelo. Alguns dos jogadores sugeriram um jogo de "Verdade ou Consequência", e antes que eu pudesse recusar, já tinham me colocado no círculo.

— Vamos lá, Isabela, você não vai fugir dessa! — Lion disse, rindo e batendo na mesa.

Suspirei, mas aceitei. Uma bebida depois, todos já estavam muito mais soltos, e as perguntas e desafios começaram a esquentar. Quando chegou a vez de Nicholas, ele girou a garrafa no centro da mesa, e o gargalo parou apontado diretamente para mim.

— Verdade ou consequência? — ele perguntou, aquele sorriso provocador nos lábios.

— Verdade. — respondi, cruzando os braços.

Ele inclinou a cabeça para o lado, me analisando como se já tivesse a pergunta perfeita.

— Você está solteira?

Revirei os olhos diante do clichê, mas respondi:

— Sim, estou.

— Isso explica muita coisa... — ele murmurou, o tom brincalhão, mas com um brilho no olhar que era impossível ignorar.

O jogo continuou, e o clima ficou cada vez mais descontraído. Quando foi a minha vez de girar a garrafa, o destino decidiu que Nicholas seria minha "vítima".

— Verdade ou consequência? — perguntei, tentando parecer impassível, mas a bebida começava a me deixar mais à vontade.

— Consequência. — ele respondeu, arqueando uma sobrancelha, desafiador.

Pensei por um momento e então sorri de canto.

— Quero que você dance comigo.

Ele não hesitou nem por um segundo. Levantou-se, estendeu a mão para mim e, quando eu a segurei, ele me puxou para a pista de dança.

A música era envolvente, e Nicholas parecia ainda mais à vontade ali do que na quadra. Ele colocou as mãos em minha cintura, e dançamos em um ritmo quase sincronizado, os olhares presos um no outro.

— Você está me provocando, Isabela? — ele perguntou, a voz baixa o suficiente para eu ouvir por cima da música.

— Talvez. — respondi, tentando soar casual, mas meu coração disparava.

Ele sorriu daquele jeito que me fazia querer rolar os olhos e beijá-lo ao mesmo tempo.

Quando voltamos ao camarote, a provocação continuou. No próximo desafio, Nicholas foi desafiado por Julie a dar um beijo na bochecha de alguém à sua escolha. Sem hesitar, ele virou-se para mim e deu um beijo demorado, o suficiente para fazer todo mundo ao redor começar a assobiar e gritar.

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