Maria Lúcia…
Sou Maria Lúcia, tenho 42 anos, solteira, brasileira e dona de casa.
Tenho 1,70 de altura, olhos verdes, cabelos ondulados compridos, caído nos ombros em camadas, com movimento leve castanho escuro.
Dizem que o meu olhar, reflete a profundidade das minhas emoções e a sabedoria adquirida ao longo dos anos.
Sou uma mulher que aprendeu a ser forte e determinada após enfrentar a tragédia da perda das minhas filhas. Essa dor profunda moldou o meu caráter e me transformou em uma pessoa resiliente. Apesar das dificuldades, nunca deixei que a tristeza me consumisse. Pelo contrário, encontrei um jeito de canalizar meu amor em ações bondosas.
Perdi meus pais muito jovem e quem ficou comigo até seus últimos dias foi minha avó querida. Veio de uma família de classe média, que sempre teve muito amor envolvido. Me ensinaram a maior riqueza que existe no mundo, o amor.
Quando perdi meus pais, minha vó me ensinou a cozinhar, um modo que encontrei para superar a dor da perda. Ela me presenteou com um caderno especial de receitas, um objeto de família.
A cozinha se tornou um espaço sagrado, um lugar onde posso expressar e transmitir meu amor de maneiras deliciosas. Quando entro na cozinha me sinto em outro mundo, um mundo de variedades e maravilhosas sensações. O amor por cozinhar não se limita a cozinhar sozinha, adoro envolver outras pessoas nesse processo e ensiná-las, principalmente as minhas filhas.
Tenho uma coleção especial de receitas passadas de geração em geração. Cada prato que preparo carrega consigo uma história com memórias e tradições.
Por amor a cozinhar, optei em fazer faculdade de gastronomia e foi nesse período que conheci outro amor. Um amor avassalador e destruidor, um amor que faz o coração bater freneticamente, um amor que te faz perder o ar. No entanto, destruidor quando saí ferida disso tudo.
Eu me apaixonei perdidamente por ele, me entreguei de corpo, alma e coração. Ficamos juntos por quase dois anos e não me arrependo de nada do que vivemos.
Quando ele recebeu essa oportunidade de trabalho, não tive coragem de interromper os seus sonhos e o incentivei.
Ele foi um homem maravilhoso, sempre muito carinhoso e atencioso. Esteve ao meu lado o tempo todo, quando perdi a minha avó e cuidou de mim enquanto estivemos juntos. Sei o quanto foi difícil para ele me deixar para trás, mas não podia ir com ele, por não conseguir fazer o passaporte. Ele prometeu que me buscaria, mas nunca mais voltou.
Romero esteve ao meu lado, sua amizade parecia ser sincera e quando decidi que não poderia mais omitir a gravidez do pai das minhas filhas, era tarde demais. Perdemos o contato e foi quando Romero me contou que o grande amor da minha vida, havia se casado.
Romero mais uma vez me surpreendeu, fingiu me amar e compartilhar do sonho de ser pai e acabei me casando com ele.
Depois disso a minha vida virou um verdadeiro inferno, ele roubou o dinheiro da minha família, vendeu duas das minhas filhas e fingiu se matar.
Sozinha, com uma bebê, coração partido e medo de ser pega pelos bandidos que Romero devia, fui obrigada a procurar uma tia que morava no morro. Ela foi a única que me estendeu a mão. Essa tia sempre foi ajudada por minha avó, mas nunca renunciou a sair de sua casinha. Ela teve apenas uma filha, que só lhe deu desgosto, mas Lia veio para lhe trazer felicidade e faleceu com seu coração aquecido, por não falhar com Lia.
Passei a cuidar de Lia e se tornou uma filha, em seguida, veio Ana Júlia, uma adolescente desprotegida e cheia de traumas. Não tive a oportunidade de cuidar das minhas outras duas filhas biológicas, mas a vida me deu duas de coração. Me tornei uma mãe protetora e fiz o que esteve ao meu alcance para ajudá-las e tenho muito orgulho das mulheres fortes e lindas que se tornaram.
Sou grata a vida por cada pessoa bondosa que entrou em meu caminho e me ajudou.
Estou realizando um dos grandes sonhos da minha vida, abrir o meu próprio restaurante e conto com a ajuda das minhas filhas, meus genros e Gorete, que se tornou uma grande amiga.
As minhas filhas são um grande orgulho, Tatiane, Lia e Ana Júlia são grandes tesouros.
Recentemente descobri que as minhas filhas estão vivas, cresceram com uma família rica e finalmente iremos nos conhecer.
Não dá para expressar tudo o que estou sentindo, um verdadeiro turbilhão de emoções.
Logo de manhã, recebemos a notícia de que estavam vindo para o morro, a ansiedade e emoção tomou conta do meu ser.
A sala parecia envolvida numa atmosfera pesada, carregada de emoções conflitantes. Sentia o meu coração acelerar a cada segundo que passava. Vinte e três anos se passaram desde que minhas filhas foram levadas de mim e agora, finalmente, o momento tão aguardado estava prestes a acontecer. A ansiedade pulsava dentro de mim como um tambor frenético.
Me sentei no sofá com as mãos trêmulas repousando sobre o meu colo, com minhas filhas de coração as segurando com firmeza. O pensamento de encontrar finalmente as minhas meninas me deixava esperançosa e aterrorizada.
A imagem das duas recém-nascidas sempre ocupou a minha mente, mas agora me perguntava como estariam agora e o medo de não querer me conhecer me deixava angustiada.
Mesmo Tatiane e Ana Júlia, me dizendo coisas emocionantes, não controlava os meus sentimentos.
Olhava para o relógio na parede e os minutos pareciam se arrastar infinitamente. Cada tique-taque era como um lembrete cruel do tempo que havia perdido. As memórias das noites em claro, das lágrimas derramadas e da dor constante inundaram a minha mente. Eu me lembrava do cheiro dos cabelos das minhas joias, quando estiveram em meus braços.
Quando os minutos finalmente começaram a passar mais rápido e a hora do encontro se aproximou, comecei a sentir um nó na garganta. A expectativa era quase insuportável, eu queria correr até elas, abraçá-las apertado, mas também temia que esse sonho desmoronasse em um instante. E se as minhas filhas não quisessem saber de mim?
Ouvimos o carro estacionar em frente à casa e saltei no meio da sala.
— Chegaram! — diz João Pedro.
… Meu Deus, é agora!…
Meu coração disparou enquanto eu respirava fundo para tentar acalmar a minha mente tumultuada. Olhei para a porta com os olhos arregalados, com a ansiedade aumentando.
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Atualizado até capítulo 101
Comments
Francisca Santos
meninas estou super ansiosa para ver este reencontro.
2024-12-23
2
Josecleia Farias
queremos mas capítulos por favor não demora não coração ❤️ a mil
2024-12-23
2
Helena
Malu cada pessoa que te ajudou e se tornou importante pra vc foi pq vc mereceu.vc já sofreu demais e continua essa pessoa boa,meiga,generosa.
2024-12-24
1