Capítulo 7

Gisele…

Assim que terminamos por ali, eu e minha irmã saímos do ateliê de noivas conversando. 

Conversávamos sobre os detalhes da cerimônia, compartilhando o sonho do meu grande dia, quando, de repente, o clima leve foi interrompido por um som ensurdecedor.

Dois carros escuros surgiram do nada, acelerando em direção a nós. A expressão de felicidade rapidamente se transformou em horror quando percebemos que homens armados saíam do veículo com intenções ameaçadoras na nossa direção. Os seguranças de Francielle se posicionaram.

O desespero tomou conta do ar enquanto nos entreolhávamos, sem saber o que fazer.

Os seguranças que estavam de olho na situação, imediatamente se mobilizaram. O chefe dos seguranças gritou para nos afastarmos, enquanto os homens armados se aproximavam rapidamente e não havia saída para nós. O caos estava instalado, gritos e ordens ecoavam pela rua.

Um dos homens mascarado ordenou aos outros:

— O chefe quer as duas! Peguem elas…

Nesse momento Davi apareceu entre a multidão. 

— Fiquem atrás de mim! — diz ele sacando a sua arma, que estava no coldre por dentro do terno.

Os seguranças tentavam conter os meliantes enquanto Davi se posicionava na linha de frente, nos protegendo. Ele parecia treinado para situações como essa e agiu muitíssimo rápido. Com movimentos ágeis e precisos, ele enfrentou os homens armados que tentavam se aproximar. Amedrontadas, com nossos corpos trêmulos e coração disparado, observávamos tudo apavorado.

As balas começaram a zunir pelo ar, enquanto os seguranças lutavam bravamente contra os sequestradores. 

Davi desviava dos ataques habilmente, usando o ambiente ao seu favor para nos proteger e efetuava disparos com precisão.

Um dos homens pegou minha irmã por trás, mas imediatamente ela se defendeu, dando-lhe uma cotovelada no estômago, e um murro nas partes baixas. Ele caiu ajoelhado e um dos seguranças se aproximou e o rendeu.

Gritei seu nome desesperada, com lágrimas banhando meu rosto.

— Confie em mim! — pede Davi, olhando no fundo dos meus olhos e apenas concordo com a cabeça.

Cobri meus ouvidos, como defesa para os ouvidos daquele som estrondoso.

O clima era tenso e a luta parecia interminável. Os homens armados estavam determinados a nos levar embora, mas o trabalho em equipe dos seguranças e de Davi começou a fazer efeito. Um dos sequestradores foi derrubado por um golpe certeiro enquanto outro tentava fugir.

Finalmente, após um confronto intenso e cheio de adrenalina, os sequestradores começaram a recuar. Davi nos puxou para perto dele enquanto os seguranças cercavam o último homem armado que ainda estava na luta.

Com o som das sirenes se aproximando ao fundo, os sequestradores perceberam que não tinham mais chances e decidiram escapar. Quando tudo parecia finalmente sob controle, ele virou-se para nós com um olhar preocupado.

— Vocês estão bem?

Estávamos abaladas, mas ilesas. Francielle respondeu com lágrimas nos olhos: 

— Sim… só assustadas! Obrigada, Davi... se não fosse por você!

Ele nos abraçou apertado, parecia aliviado por ter nos protegido naquele momento aterrorizante.

Os seguranças chegaram até nós, garantindo estarmos seguras agora. A tensão começou a dissipar-se lentamente enquanto as sirenes da polícia ecoavam mais perto. O cheiro inebriante daquele homem parecia um calmante, mas ao mesmo tempo despertava inúmeras sensações.

— Obrigada… você nos salvou! — digo num momento de fragilidade.

— Sempre! — afirma com um olhar intenso e engulo em seco com tal resposta. — Seu pai me contratou para te proteger!

Sua última frase me faz voltar a realidade e o empurro com força.

— Pode se afastar de nós agora! Já cumpriu o seu trabalho!

… Meu pai tem muito o que explicar!…

Os outros seguranças o cumprimentam, pelo visto são colegas.

— Gisele! Se não fosse por Davi…

— Aí para de drama, Francielle! Não ouviu o que ele disse, está sendo pago para nos proteger! 

A polícia chegou e começou a fazer o seu trabalho e fomos encaminhadas para o departamento de polícia, para dar o nosso depoimento.

Francielle ficou assustada, mas fiquei muito mais, meu corpo ainda tremia muito e meu coração faltava saltar pela boca.

Chegamos à delegacia, com meu pai que estava em tempo de surtar. Nos olhou de cima a baixo, conferindo se estávamos bem e inteiras. Abraçamos o fortemente e ele nos passou toda a segurança de que precisávamos.

Foi a maior confusão naquele lugar, demos o nosso depoimento na presença do nosso advogado e não via a hora de ir embora confrontar meu pai.

Tivemos que aguardar os seguranças dar o seu depoimento e estar no mesmo ambiente que Davi, me sufocava de uma maneira horrível.

Não me atrevia a olhá-lo e sei que ele também não me olhava, pois toda vez que sinto ele me olhar é como se um ímã me atraísse para ele.

Quando finalmente pudemos ir embora, ele seguiu para casa conosco, no mesmo carro que nós.

… Meu pai só pode estar de brincadeira!…

Chegamos em casa e assim que entramos em casa, meu pai veio logo atrás com Davi.

Já não estava mais aguentando toda essa situação.

— Pai, agora pode me explicar que história é essa de ter pago esse caipira para me seguir? 

— Olha o respeito com o Davi, Gisele! Se não fosse por ele, não sei o que teria acontecido com vocês hoje! Na verdade, Davi veio apenas cobrir seu…

— Meu colega de trabalho, senhor! — interrompe.

… Caipira e mal-educado!…

Meu pai o olha com uma das sobrancelhas arqueada, não entendi a situação e nem quero entender, só quero esse homem o mais longe possível de mim.

— Davi ficará como seu segurança a partir de hoje! Ele é o único em quem confio para isso!

— Nunca mais quero ver esse homem na minha frente, contrate outro! — exijo.

— Estou pensando no seu bem-estar, portanto, ele será o seu segurança sim!

— Eu não quero esse caipira, pobretão perto de mim! 

— Pare de ficar brigando por algo tão bobo, Gisele! O papai está pensando no seu bem-estar… O que temos que nos preocupar agora é com o que acabou de acontecer e fica aí fazendo escândalo! Davi é de confiança…

A porta de casa abre e nossa mãe entra, surpreendendo.

— O que esse homem faz em nossa casa? — pergunta rispidamente.

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