Capítulo 6

Gisele…

Meu nome é Gisele LeBlanck, poliglota, formada em administração e resido em Miami. 

Tenho 1,70 de altura, de olhos verdes-acinzentados, cabelos loiros, liso na altura do ombro com uma pequena ondulação e magra com curvas acentuadas.

Sou uma mulher obstinada, impulsiva, egoísta, desconectada emocionalmente e estou sempre na defensiva.

Alguns me acham arrogante, supercial e muitas outras coisas, mas a verdade é que sou sincera e não escondo quem sou de verdade. É impossível não notar como a vida me tratou bem, a pele impecável, o cabelo perfeitamente arrumado, com um olhar cheio de confiança, fazendo com que todos ao nosso redor se sintam pequenos. 

Sim, sou assim mesmo! Arrogante, mimada e superficial. E quem pode me culpar?

Desde pequena, sempre tive tudo o que quis. Meus pais nos cercaram de mimos e privilégios, criando uma bolha de conforto ao nosso redor. 

Aprendi que, se quero, eu tenho!

E por que não ser assim? Minha mãe sempre disse que sou especial e destinada a coisas grandiosas. Essa crença se transformou em uma armadura de superioridade, uma maneira de me proteger das críticas, da maldade e da decepção do mundo real.

Nas festas luxuosas, sempre sou o centro das atenções, sempre vestida com as melhores marcas e cercada por pessoas que me admiram.

… Quem não gostaria de estar ao meu lado?…

Esse negócio de profundidade nas relações nunca me importou, o que realmente conta são as aparências e o status. Sou assim porque cresci em um mundo onde tudo me foi dado.

Muitos me veem como alguém fútil, mas isso não importa. Minha mãe me ensinou que ser arrogante é uma forma de defesa contra aqueles que simplesmente não conseguem entender nosso estilo de vida privilegiado. Assim, ninguém se aproximaria por interesse, para nos machucar.

Sou cercada de pessoas que alimentam meu ego, vivendo em uma bolha de glamour e superficialidade. Os únicos que não me entendem, são meu pai e minha irmã gêmea Francielle. Essa adora fazer caridade, prefere ficar estudando do que curtir toda a riqueza que os nossos pais têm.

Fomos adotadas por Elias e Cassandra, os dois sempre nos amaram e nos deram tudo. Nunca tive interesse em conhecer a mulher que nos deu a vida, afinal, nos vendeu. Espero que tenha aproveitado todo o dinheiro que ganhou a nossas custas.

Estou radiante, pois em breve me casarei com um dos homens mais ricos de toda Miami. A minha mãe nos apresentou e, em poucas vezes que saímos, me pediu em casamento. Ainda não me entreguei para ele, pois não quero arriscar engravidar e estragar o meu corpo antes do casamento.

...Na verdade, eu não quero ter filhos!...

Nosso casamento tem que ser perfeito, será o evento do ano, e contará com muitos jornalistas cobrindo cada detalhe. A lista de convidados é uma verdadeira seleção da elite, com amigos influentes e conhecidos de nossa família.

Esse casamento será um sucesso absoluto! Já imagino as fotos perfeitas que iram inundar as redes sociais. 

Cada escolha, desde o vestido deslumbrante até a decoração luxuosa, reflete a minha personalidade extravagante. 

Para mim, o dia do casamento não é apenas sobre o amor, isso a minha mãe diz que vem com o tempo. O brilho dos diamantes em meu anel de noivado é apenas um reflexo da vida que sempre sonhei.O casamento é uma jornada, não um destino, por isso a convivência diária transformará a paixão inicial em algo mais profundo e duradouro.

Após toda aquela confusão de ontem entre nossa mãe e Francielle, pensei em cancelar a primeira prova do meu vestido de noiva, mas mamãe insistiu muito para que eu fosse com Francielle. 

Assim que chegamos no ateliê, encontramos com o caipira que trabalhava na fazenda dos nossos pais, ajudando os caseiros.

Não controlo o meu corpo e fico pálida, coração acelera, mãos suam frio, o ar falta de meus pulmões e a voz da minha irmã fica distante.

O seu olhar vem ao encontro do meu e ele paralisa.

… Já faz tantos anos e...

— Gisele! Gisele! Está tudo bem, Gi? — pergunta ela e a olho com um olhar vago.

Respiro fundo, tentando me recuperar.

— Sim! Vamos entrar de uma vez! — afirmei olhando para a minha bolsa de mão.

Quando vamos passar por ele, viro o rosto, mas Francielle o cumprimenta.

Os dois dão um beijo no rosto, eu o olho com ódio que domina todo o meu ser.

— Quanto tempo, que não te vejo Davi! Está mais bonito, forte… O que anda fazendo? — pergunta Francielle.

— Trabalhando muito!

— Veio comprar um vestido de noiva? — pergunta divertida. 

— Não, a minha namorada trabalha aqui! Como está Gisele? — pergunta ele, mas o ignoro.

— Vamos logo, Fran! — digo a puxando.

Se despedem e nós duas entramos no ateliê.

— O que foi isso, Gi? Que falta de educação!

— Para que perder tempo com esse pobretão caipira?

— Só porque temos dinheiro, acha que é melhor que eles? — pergunto indignada.

— Eu não acho, eu sou! Agora vamos logo!

Entramos na loja e meu vestido é perfeito…

Fui até o provador e, quando subi até o palco e me olhei no espelho, parecia não me reconhecer. A costureira começou a fazer alguns ajustes e eu reclamava da demora e das vezes que espetou a agulha em mim.

Virei para o lado da vidraça e lá do lado de fora estava Davi, ele me admirava com seus olhos claros e brilhavam, me admirando.

Meu coração quase saiu pela boca, meu peito subia e descia, demonstrando meu nervosismo e a respiração descompassada.

— Ficou linda, Gi! — diz minha irmã, tirando dos meus devaneios e estava emocionada.

Olhei para ela e não conseguia compreender a sua emoção.

— Está perfeito! — digo, descendo rapidamente do local e indo até o provador.

Soltei todo o ar que nem sabia que prendia em meus pulmões.

Aquele vestido estava me sufocando, então o tirei e me troquei.

Ao sair do closet, entreguei o vestido para a mulher e ela disse que faria alguns ajustes e ficaria perfeito. 

Quando olhei pela janela, já não o vi mais e respirei aliviada.

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