Durante o caminho, ligou para Giovanni Bellucci, não demorou muito para ser atendido.
— Bellucci, aceito a proposta.
A linha ficou em silêncio por um breve instante após as palavras de Rafael, mas logo a voz calma e autoritária de Giovanni Bellucci soou do outro lado, carregada de satisfação.
— Ah, Rafael... Sabia que você tomaria a decisão certa. Confesso que esperava que me procurasse um pouco antes, mas entendo que grandes escolhas levam tempo.
Rafael parou de caminhar por um momento, apertando o celular contra o ouvido.
— Eu quero deixar uma coisa clara. Estou fazendo isso por Camila. Não quero nada além da garantia de que ela estará segura.
Bellucci riu suavemente, mas não com desdém.
— E isso é exatamente o que eu esperava de você. Sua irmã é sua prioridade. É isso que faz de você o homem ideal para o meu plano. Eu prometo, Rafael, enquanto você estiver comigo, Camila estará intocável.
Rafael engoliu seco, o coração batendo mais forte. Ele sabia que estava se entregando a algo que não entendia completamente, mas sentia que não tinha outra opção.
— E agora? O que acontece?
— Agora, Rafael, quero que você venha até mim. Vamos começar oficialmente. Há um carro esperando você no cruzamento da avenida principal. Meus homens te levarão até onde precisamos nos encontrar.
Rafael olhou ao redor, percebendo que estava próximo ao local que Bellucci mencionará.
— Você já tinha isso planejado, não é?
— Rafael, eu sempre planejo. É assim que eu sobrevivo nesse mundo. Agora, sem mais hesitações. Este é o primeiro passo de muitos. Nos vemos em breve.
A ligação caiu, deixando Rafael sozinho com seus pensamentos. Ele respirou fundo e começou a caminhar em direção ao cruzamento, sentindo o peso da decisão tomar conta de seu corpo.
Quando chegou ao ponto indicado, um carro preto de luxo estava estacionado, os faróis iluminando suavemente a rua vazia. Um dos seguranças de Bellucci desceu, abrindo a porta traseira sem dizer uma palavra. Rafael hesitou por um momento, mas entrou no carro, o estofado de couro macio contrastando com a dureza da situação.
O carro começou a se mover, e Rafael olhou pela janela, as luzes da cidade passando como borrões. Ele sabia que estava entrando em algo muito maior do que ele podia controlar, mas, no fundo, a decisão já estava tomada.
O carro deslizou pelas ruas da cidade, o silêncio pesado no interior contrastando com a suavidade do trajeto. Rafael olhava pela janela, o rosto refletido no vidro como um fantasma de si mesmo. Ele sabia que sua vida estava mudando naquele momento, mas ainda não compreendia o verdadeiro impacto da decisão que havia tomado.
O veículo entrou em um caminho mais isolado, longe do movimento das ruas principais, até parar diante de um prédio discreto, semelhante ao que Rafael havia visitado antes. O motorista desceu primeiro, abrindo a porta para ele com um aceno educado, mas sem dizer uma palavra.
Rafael saiu do carro, seus passos ecoando na calçada enquanto observava o local. Havia uma atmosfera de tensão no ar, mas também uma sensação de ordem. Dois homens armados estavam posicionados na entrada, e assim que viram Rafael, um deles fez um gesto indicando para ele entrar.
Dentro do prédio, Rafael foi guiado por um longo corredor que o levou a uma sala espaçosa. As paredes eram revestidas com madeira escura, e no centro havia uma mesa de reuniões, iluminada por um lustre moderno. Giovanni Bellucci estava sentado na ponta da mesa, vestido com o habitual terno impecável, com um sorriso quase triunfante nos lábios.
— Rafael. Que bom que veio. — falou Bellucci, gesticulando para que ele se sentasse em uma das cadeiras próximas.
Rafael hesitou por um instante antes de se sentar. Seu olhar estava fixo em Bellucci, a raiva e a determinação ainda misturadas em sua expressão.
— Estou aqui. Agora quero saber exatamente o que você espera de mim. Não quero mais enigmas ou joguinhos.
Bellucci inclinou-se ligeiramente para frente, apoiando os cotovelos na mesa.
— Direto ao ponto. Eu gosto disso. Muito bem, Rafael. O que espero de você é simples: eu preciso de alguém de fora do meu mundo. Alguém que possa navegar em territórios que meus homens não conseguem. Você será meus olhos e ouvidos em lugares onde o nome Bellucci não pode ser mencionado.
Rafael franziu o cenho, tentando decifrar as palavras de Bellucci.
— E como exatamente isso vai funcionar? Quer que eu espione? Recolha informações? O que está realmente pedindo?
Bellucci sorriu, pegando um copo de uísque que estava à sua frente e girando-o lentamente nas mãos.
— Espionagem é uma palavra tão... limitada. Quero que observe. Que ouça. Que compreenda os movimentos ao seu redor. E, quando necessário, que seja a ponte entre meu mundo e o deles.
— Deles? — Rafael perguntou, a confusão em sua voz evidente.
— Homens poderosos. Eles pensam que controlam tudo, mas estão cegos para os detalhes que realmente importam. É aí que você entra. Você, Rafael, é a minha vantagem.
Rafael apertou os punhos sob a mesa, sentindo a pressão aumentar.
— E se eu falhar? O que acontece comigo? Com a Camila?
Bellucci colocou o copo na mesa e olhou diretamente para Rafael, sua expressão tornando-se séria.
— Eu não escolho pessoas para falhar, Rafael. Mas, no improvável caso de um erro... Eu protegerei você e sua irmã. Essa é a minha promessa. Desde que você mantenha a lealdade.
O silêncio na sala era opressor, mas Rafael sabia que não tinha como voltar atrás. Ele assentiu lentamente, ainda lutando contra o peso da decisão.
— Tudo bem. O que eu faço primeiro?
Bellucci sorriu novamente, satisfeito. Ele abriu uma pasta que estava sobre a mesa e deslizou um documento para Rafael.
— Aqui estão os detalhes da sua primeira tarefa. Leia com atenção.
Rafael pegou a pasta e começou a folhear os papéis, sentindo seu estômago revirar conforme lia as instruções. A primeira missão parecia simples, mas ele sabia que era apenas o começo de algo muito mais complicado.
— Bem-vindo ao meu mundo, Rafael. — Bellucci disse, levantando seu copo de uísque em um brinde simbólico.
Rafael não respondeu. Ele apenas olhou para os papéis em suas mãos, sabendo que havia cruzado a linha e que não havia mais como voltar.
— Como funciona esse treinamento para ser o seu noivo?
Bellucci ergueu uma sobrancelha, visivelmente surpreso e, ao mesmo tempo, divertido com a pergunta de Rafael. Ele colocou o copo de uísque de volta na mesa, inclinando-se ligeiramente para frente enquanto o observava.
— Vejo que você está começando a entrar no espírito da coisa. — Bellucci disse com um pequeno sorriso, o tom carregado de sarcasmo.
Rafael fechou a pasta, ainda tentando organizar os pensamentos. Sua voz era séria quando respondeu:
— Se isso vai acontecer — esse tal de noivado, eu quero entender como funciona. O que exatamente você espera de mim nesse papel? Porque, até agora, só ouvi palavras vagas sobre "estratégia".
Bellucci inclinou-se para trás na cadeira, parecendo ponderar antes de falar.
— Você quer um manual, Rafael? Tudo bem. Ser meu noivo não é sobre romance ou afeto. É sobre imagem. Aparências importam muito no meu mundo. Essa aliança será uma declaração para todos os meus inimigos e aliados: uma mensagem de que eu estou em completo controle. E que você é alguém em quem confio cegamente.
Rafael cruzou os braços, tentando esconder o desconforto que sentia com aquelas palavras.
— E o que isso significa para mim? Eu vou ser jogado em festas, reuniões... Ter que agir como se tudo fosse real?
Bellucci riu baixinho, como se a pergunta fosse óbvia.
— Exatamente. Você será apresentado em eventos importantes. Andará ao meu lado como um parceiro legítimo. Isso confundirá as pessoas certas, irritará os homens errados e, o mais importante, garantirá que ninguém ouse encostar em você ou em sua irmã. No entanto... há algo que você precisa entender: meu mundo tem regras próprias. Não é um jogo para amadores. Por isso, haverá um treinamento.
— Treinamento?
— Sim. Você aprenderá como se comportar, como falar, e, acima de tudo, como lidar com as pessoas que fazem parte desse círculo. Não se preocupe, Rafael, você não precisa ser perfeito. Só precisa convencer.
Rafael ficou em silêncio, absorvendo as palavras de Bellucci. Ele sabia que estava sendo levado para algo muito maior do que havia imaginado.
— E se eu cometer um erro? — perguntou finalmente, a voz mais baixa.
Bellucci fixou os olhos nele, sua expressão ficando mais séria.
— Se você cometer um erro, Rafael, eu estarei lá para corrigir. Mas, no meu mundo, erros têm consequências. Não para você, talvez, mas para outros. Então, eu sugiro que você preste atenção e leve isso a sério.
Rafael apertou os lábios, sentindo o peso daquela última frase. Ele não respondeu imediatamente, mas, no fundo, sabia que não havia mais como voltar atrás.
Bellucci levantou-se, ajeitando o terno com um movimento elegante.
— Descansaremos por hoje. Amanhã, você começará a aprender o que significa estar ao meu lado. O motorista o levará para casa. Tenha uma boa noite, Rafael. E bem-vindo ao papel mais importante da sua vida.
— Bellucci, se não for muito incômodo. Poderia me ajudar a pagar o meu aluguel, estou sem dinheiro, darei a quantidade de dinheiro de volta assim que receber.
Bellucci aproximou de Rafael e segurou no seu queixo fazendo a cabeça levantar um pouco, após deslizou o polegar sobre os lábios inferiores deixando claro quem estava no controle da situação. Seus olhos encontraram os de Rafael, fixos, penetrantes, como se estivessem analisando cada pensamento que passava por sua mente.
— Rafael... Pedir minha ajuda é como assinar um contrato. Nada que eu faço vem sem um preço. Você está preparado para isso? — perguntou Bellucci, sua voz baixa, mas carregada de uma autoridade que fazia o ar parecer mais denso.
Rafael sentiu o estômago revirar, mas não recuou. Ele sabia que havia cruzado uma linha e que pedir ajuda a Bellucci significava afundar-se ainda mais em sua teia. Mas ele também sabia que não tinha muitas opções.
— Eu não estou pedindo por luxo, Bellucci. É uma necessidade. É só para não ser despejado. Assim que eu receber meu salário, eu pago cada centavo de volta.
Bellucci soltou uma risada baixa, mas não era de escárnio. Parecia mais um gesto de diversão, como se Rafael o tivesse surpreendido de alguma forma.
— Sempre tão orgulhoso. Isso é algo que admiro em você, Rafael. Mas deixe-me ser claro: você não precisa pagar de volta. Quando você está ao meu lado, sua lealdade é o único pagamento que eu exijo. Dinheiro, aluguel, segurança... tudo isso agora é minha responsabilidade. Entendeu?
Rafael respirou fundo, tentando processar as palavras de Bellucci. Ele odiava a ideia de depender de alguém como ele, mas sabia que não tinha alternativa.
— Entendido.
Bellucci soltou o queixo de Rafael e deu um pequeno sorriso, um misto de triunfo e satisfação.
— Ótimo. Então está resolvido. Vou garantir que o seu aluguel seja pago antes do amanhecer. Considere isso o primeiro passo na sua nova vida ao meu lado. No entanto, como disse. No meu mundo tudo tem uma consequência.
Ele fez uma pausa, seus olhos ainda cravados nos de Rafael.
— Como começo e consequência do seu pedido, me beije Rafael.
Rafael congelou, seus olhos arregalados fixos em Bellucci, como se tentasse confirmar se tinha ouvido corretamente. A sala parecia mais silenciosa, cada som abafado pelo peso daquela declaração.
— Beijar? — Rafael perguntou, sua voz mais baixa, quase um sussurro.
Bellucci permaneceu imóvel, o mesmo sorriso enigmático nos lábios. Ele inclinou a cabeça ligeiramente, como se estivesse desafiando Rafael a recusar.
— Sim. Um beijo, Rafael. Para selar nosso acordo. Um começo simbólico para nossa aliança... E, claro, um lembrete do que significa estar ao meu lado.
Rafael sentiu o coração bater mais rápido, a confusão e o desconforto misturando-se dentro dele. Ele tentou desviar o olhar, mas Bellucci segurava sua atenção, como se estivesse no controle até de sua vontade.
— Você disse que era só sobre negócios. Que isso era estratégico. E agora quer... Isso?
Bellucci deu um passo à frente, reduzindo ainda mais a distância entre os dois.
— E ainda é, Rafael. Não se engane. Mas meu mundo não é feito apenas de contratos frios e acordos distantes. No meu mundo, tudo é pessoal. E você, Rafael, já começou a se tornar muito mais do que apenas um "intermediário". Agora, me mostre que entende o que significa lealdade.
Rafael respirou fundo, sentindo a pressão daquela situação esmagar seus pensamentos. Ele sabia que recusar poderia ter consequências, mas também sabia que aceitar significava ceder mais do que estava preparado.
— Então, tudo bem. — murmurou, sua voz tremendo levemente, mas firme o suficiente para mostrar que ele havia tomado uma decisão.
Ele deu um passo hesitante para frente, fechando os olhos por um momento antes de se inclinar. Seus lábios encontraram os de Bellucci em um toque breve, mas firme. Foi um gesto carregado de tensão, mas também de aceitação.
Quando o beijo terminou, Bellucci sorriu, agora com uma expressão mais suave.
— Muito bem, Rafael. Considere nosso acordo oficialmente selado. Vá descansar agora. Amanhã, começamos o treinamento. E lembre-se... No meu mundo, confiança é tudo.
Rafael saiu da sala sem dizer mais nada, sentindo uma mistura de alívio e inquietação. Ele havia cruzado outra linha, e o peso dessa escolha ainda pairava sobre ele.
— Até onde isso vai me levar? — pensou, enquanto entrava no carro que o aguardava.
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Atualizado até capítulo 123
Comments
Mary"d
É O QUÊ 🤨🤨 calma Rafael ele não falou a onde joga o famoso joguinho brasileiro da um beijo na bochecha e sai correndo 😂😂😂😅 mais cuidado para não vira saudade😁😅
2025-03-26
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Mary"d
hum 😏 nem lutou nem Deu chilique só aceitou 🤔🤨 cadê o chilique de um esposo revoltado.
2025-03-26
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Mary"d
vixe lascou 😂😂😂 eu já tinha virado estampa de camisa 😂😂😂😂😂 ia responder ele não ia gostar 😂😂
2025-03-26
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