A lanchonete já estava quase vazia, e Rafael, exausto, começava a pensar que finalmente teria um momento de descanso. Enquanto limpava o balcão, Roberto se aproximou, com um tom um pouco mais calmo, mas ainda incisivo:
— Rafael, chegou mais um cliente. Esse será o último. Será que poderia atendê-lo?
Rafael suspirou discretamente, tentando reunir forças para continuar. No entanto, a próxima frase de Roberto chamou sua atenção:
— É um cliente diferente. Nunca o vi por aqui. As roupas dele, a elegância, a postura... Dá para ver de longe que é uma pessoa rica e poderosa.
Curioso, Rafael olhou para a porta. De fato, o homem recém-chegado destoava completamente do ambiente simples da lanchonete. Vestia um terno impecável, de corte fino, e um relógio caro reluzia em seu pulso. Sua postura altiva e olhar atento transmitiam uma aura de autoridade, mas havia algo intrigante em sua expressão: parecia simultaneamente distante e profundamente atento aos detalhes ao redor.
Rafael pegou seu bloco de anotações e caminhou até a mesa onde o homem havia se sentado. Ao se aproximar, percebeu que, apesar do ar de sofisticação, o cliente observava o espaço com certa curiosidade, como quem analisava cada canto e absorvia o ambiente.
— Boa noite, senhor. Posso ajudá-lo com o cardápio?
— disse Rafael, esforçando-se para soar profissional, apesar do cansaço.
O homem ergueu os olhos para Rafael, e um pequeno sorriso surgiu em seus lábios, quase imperceptível. Sua voz era grave e calma, com uma entonação que parecia medir cada palavra antes de dizê-la:
— Boa noite. Sim, por favor. Mas antes, me diga... como é trabalhar aqui?
Rafael ficou surpreso com a pergunta incomum. Não era comum um cliente demonstrar interesse em algo além do cardápio. Sem saber exatamente como responder, ele manteve o tom educado:
— Bem, é um trabalho como qualquer outro. A gente faz o possível para atender bem os clientes e manter as coisas funcionando.
O homem assentiu, como se a resposta tivesse alguma importância que Rafael não compreendia. Depois de um momento de silêncio, ele disse:
— Muito bem. Então traga o que tiver de melhor no cardápio. Quero experimentar o que este lugar tem a oferecer.
Sem saber o motivo, Rafael sentiu que havia algo mais por trás. Mesmo sem entender o motivo de sua inquietação, voltou para o balcão para preparar o pedido. Havia algo no cliente que fazia parecer que ele não estava ali apenas por comida.
Enquanto Rafael preparava o pedido, não conseguia tirar o homem da cabeça. Algo em sua presença era desconcertante, quase magnético. Ele não parecia apenas um cliente comum. Talvez fosse o modo como olhava para tudo, como se cada detalhe tivesse um significado oculto. Roberto, que observava a cena do balcão, também parecia intrigado.
— Quem será esse cara? — murmurou Roberto, mais para si mesmo do que para Rafael. — Não é o tipo de gente que costuma vir aqui.
Rafael terminou de montar o prato — um sanduíche artesanal acompanhado de suco natural, uma das poucas opções mais elaboradas da lanchonete. Ele ajeitou tudo com cuidado, sem saber ao certo por que estava tão preocupado em fazer tudo perfeito, e caminhou até a mesa.
— Aqui está, senhor. Espero que goste.
O homem olhou para o prato com a mesma atenção que demonstrava por tudo. Antes de provar, perguntou, sem tirar os olhos de Rafael:
— Há quanto tempo você trabalha aqui?
Rafael hesitou por um momento, surpreso pela segunda pergunta pessoal em tão pouco tempo.
— Há quase dois anos, senhor.
— E está satisfeito?
A pergunta direta o pegou de surpresa. Ele olhou rapidamente para os lados, tentando entender onde aquilo estava indo, mas a expressão do homem era séria, embora não ameaçadora.
— Bom, é um trabalho honesto. Dá para pagar as contas.
O homem assentiu, pensativo, e então deu a primeira mordida no sanduíche. Ficou em silêncio por alguns instantes, como se avaliasse não só o sabor, mas algo muito além. Quando terminou de mastigar, disse.
— Sabe, Rafael, as melhores histórias começam em lugares simples como este.
Rafael franziu o cenho, confuso.
— Perdão, senhor?
O homem ergueu os olhos, fixando-os diretamente nos de Rafael.
— Lugares como este são cheios de pessoas como você. Trabalhadores honestos, resilientes, que enfrentam adversidades diariamente. E é nesse tipo de ambiente que eu sempre encontro as pessoas certas para os meus projetos.
Antes que Rafael pudesse entender, o homem tirou do bolso um cartão preto com letras douradas e o entregou.
— Estou procurando alguém como você, Rafael. Alguém com determinação. Alguém que sabe o valor do esforço. Apareça nesse endereço amanhã, se estiver interessado.
Rafael pegou o cartão, ainda sem palavras..
O homem terminou seu suco e levantou-se, ajeitando o terno com tranquilidade.
— Pense nisso. Às vezes, as oportunidades aparecem onde menos esperamos.
Roberto se aproximou, arregalando os olhos ao ver o cartão.
— O que ele queria?
Rafael, ainda atônito, respondeu baixo:
— Não sei, ele me deu um cartão com um número para contato.
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Atualizado até capítulo 123
Comments
Maryan Carla Matos Pinto
se entrar nessa vai se ferrar
2025-02-12
0
★𝕺𝖘𝖈𝖆𝖗 𝕬𝖑𝖍𝖔★
Não cai nessa Rafael.
2025-03-06
1
Carla Santos
Cai fora não caia nessa
2024-12-27
1