Olhou para os lados. Por agora, Rafael estava mais esperto. Começou a gravar a conversa. O carro avançava pelas ruas da cidade, cada quilômetro percorrido aumentando a tensão que Rafael sentia no peito. Ele olhava pela janela, tentando memorizar o caminho, mas a velocidade e as esquinas desconhecidas tornavam isso quase impossível.
Os dois homens na frente do carro não falavam nada, o que só tornava o ambiente ainda mais opressivo. O silêncio era pesado, interrompido apenas pelo ruído do motor e pelo som dos pneus na estrada.
Rafael finalmente quebrou o silêncio.
— Para onde estamos indo?
O homem do banco do passageiro virou a cabeça ligeiramente para trás, mas não o suficiente para encará-lo diretamente.
— O senhor Bellucci gosta de manter as coisas em um ambiente controlado. Ele não faz visitas casuais. Estamos indo para um lugar seguro onde ele pode falar com você sem interrupções.
Rafael soltou um suspiro frustrado e cruzou os braços, recostando-se no banco. Ele sabia que estava entrando mais fundo no jogo de Bellucci, mas sentia que não tinha outra escolha.
Depois de cerca de vinte minutos, o carro entrou em uma estrada estreita que levava a um prédio discreto, cercado por altos muros. As luzes da rua pareciam desaparecer à medida que eles se aproximavam. A entrada principal tinha dois homens armados, que acenaram para o motorista antes que os portões se abrissem.
O carro estacionou em frente ao prédio, e os dois homens saíram primeiro, abrindo a porta para Rafael.
— Venha. O senhor Bellucci está esperando.
Rafael saiu do carro, olhando ao redor. O lugar era silencioso, quase opressivamente tranquilo. O prédio não era tão luxuoso quanto a mansão, mas exalava uma sensação de poder e controle. Ele foi escoltado até o interior, passando por mais homens armados ao longo do caminho.
Finalmente, eles chegaram a uma sala ampla, com paredes de madeira escura e janelas altas que deixavam entrar a luz do dia. No centro, uma longa mesa de conferência estava cercada por cadeiras de couro.
Bellucci estava sentado na ponta da mesa, usando o mesmo terno impecável e com uma expressão que parecia alternar entre curiosidade e impaciência.
— Rafael. — Bellucci disse, levantando-se levemente enquanto estendia a mão. — Fico feliz que tenha vindo. Espero que o trajeto tenha sido tranquilo.
Rafael não apertou a mão dele, apenas o encarou com firmeza, tentando esconder o nervosismo.
— Eu não tinha muita escolha, tinha? Você manda dois caras à minha porta e espera que eu recuse? O que você quer agora? Não poderia ter ido presencialmente?
Bellucci deu um sorriso pequeno, gesticulando para que Rafael se sentasse.
— Por favor, sente-se. Vamos conversar. Garanto que é para o seu benefício.
Rafael hesitou por um momento, mas acabou se sentando em uma das cadeiras próximas. Bellucci recostou-se na sua, entrelaçando os dedos enquanto o observava.
— Eu ouvi falar de algo que pode te interessar. Um homem seguindo sua irmã, não é?
O sangue de Rafael gelou. Ele tentou manter a expressão neutra, mas o impacto das palavras de Bellucci era impossível de ignorar.
— Como você sabe disso?
Bellucci inclinou-se para frente, o sorriso desaparecendo.
— Rafael, eu sei mais do que você imagina. Minha informação é precisa, e ela confirma o que você já teme: o mundo em que você vive já está contaminado pelo meu.
Rafael apertou os punhos, sentindo a raiva crescer.
— Contaminado pelo o seu? Eu não entendo… Por que você fala como estivéssemos dentro de um jogo? Seja direto. O que você faz? Vende droga? Mata? Rouba? Trabalha no job? Para ser um mundo tão diferente do meu… Já lhe disse que estou acostumado a ver muitas coisas. Seja mais direto e vamos acabar logo com isso. Estou muito ocupado hoje.
Bellucci deu uma risada.
— Tudo bem, vamos ser direto. Qual é a sua resposta?
— colocou uma maleta sobre a mesa. — Uma ajuda para dar a resposta.
— O que é isso? — olhou psts o envelope.
— Abra.
Aproximou as mãos e abriu a maleta tendo a imagem de muitas notas de dinheiro. Rafael encarou a maleta aberta diante de si, os olhos fixos nas pilhas de dinheiro perfeitamente organizadas. Era uma quantia absurda, suficiente para resolver todos os seus problemas imediatos e mais. Por um momento, ele sentiu o peso de sua realidade e o que aquela oferta poderia significar: o aluguel pago, a segurança de Camila, e talvez até um recomeço.
Mas, ao mesmo tempo, uma onda de desconfiança e raiva cresceu dentro dele. Bellucci tinha um talento especial para manipular, e Rafael sabia que, se aceitasse aquele dinheiro, estaria cruzando uma linha sem volta.
Ele olhou para Bellucci, que o observava com um sorriso satisfeito, como um jogador confiante no xeque-mate.
— Isso é um suborno? Um pagamento adiantado para me comprar? — perguntou Rafael, a voz carregada de indignação.
Bellucci inclinou-se para frente, apoiando os cotovelos na mesa, sua expressão serena.
— Chame como quiser, Rafael. Eu prefiro chamar de... Investimento. Eu acredito em você, no seu potencial. Esse dinheiro é apenas um gesto, uma porta para algo maior. Um sinal de que, se você estiver ao meu lado, nunca mais precisará se preocupar com as coisas mundanas da vida.
Rafael fechou a maleta com um movimento firme, empurrando-a para longe.
— Você acha que dinheiro resolve tudo? Acha que pode me comprar? Não é só sobre o que você está oferecendo. É sobre o que isso significa. Trabalhar para você significa abrir mão de quem eu sou. E, honestamente, não sei se estou disposto a pagar esse preço.
Bellucci soltou um suspiro longo, mas sua expressão não mostrava raiva, apenas paciência.
— Você está certo, Rafael. Não é só dinheiro. É um compromisso, uma aliança. É um salto para um mundo onde você pode controlar o que acontece ao seu redor, ao invés de ser uma vítima dele. Eu não estou aqui para te enganar. Quero que saiba exatamente no que está entrando.
Rafael recostou-se na cadeira, cruzando os braços, os olhos ainda fixos em Bellucci.
— E esse controle, como você chama, vem de quê? De roubar, de matar? Seja honesto comigo, porque eu não vou aceitar nada sem saber o que estou me tornando.
Bellucci riu novamente, mas dessa vez havia algo mais sombrio em seu tom.
— Eu faço o que é necessário, Rafael. Alguns chamam de crime, outros de sobrevivência. O que você precisa entender é que o meu mundo não é tão diferente do seu. A única diferença é que, no meu mundo, eu sou quem dita as regras. Sim, às vezes há sangue. Sim, às vezes há segredos que não podem ser revelados. Mas, acima de tudo, há ordem. Há segurança. Algo que você, sozinho, nunca poderá garantir para si mesmo ou para sua irmã.
Rafael ficou em silêncio por um momento, lutando contra os pensamentos que o bombardeavam. Bellucci era perigoso, isso era óbvio. Mas ele também oferecia algo que ninguém mais tinha: poder, proteção, um escudo contra o caos.
— E se eu disser não? — Rafael perguntou finalmente, com a voz mais baixa.
Bellucci levantou-se lentamente, pegando a maleta e fechando-a com cuidado. Ele colocou-a de lado e olhou para Rafael, os olhos frios, mas não agressivos.
— Se você disser não, Rafael, eu aceito.
Rafael apertou os punhos novamente, sentindo o peso das palavras de Bellucci. Ele queria recusar, queria sair daquele lugar e esquecer que tudo aquilo havia acontecido. Mas ele sabia que, no fundo, não tinha para onde correr.
— Eu preciso de mais tempo para pensar.
Bellucci sorriu, um sorriso cheio de controle.
— Claro, Rafael. Tempo é algo que você ainda tem... Por enquanto. Mas não deixe essa decisão te escapar. Quando você estiver pronto, sabe onde me encontrar.
Com isso, Bellucci fez um gesto, e os dois homens que haviam trazido Rafael entraram na sala novamente, prontos para escoltá-lo para fora. Enquanto saía, Rafael sentiu o peso invisível daquela escolha pendendo sobre ele.
Ao entrar no carro, ele olhou novamente para o prédio desaparecendo ao longe, sabendo que sua vida nunca mais seria a mesma. Bellucci havia plantado uma semente em sua mente, e agora ela crescia, impossível de ignorar.
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Atualizado até capítulo 123
Comments
★𝕺𝖘𝖈𝖆𝖗 𝕬𝖑𝖍𝖔★
Mano, o Giovani fica se achando o protagonista kkkkkkkk que ódio
2025-03-06
2
Esther Gonçalves Felipe Gonçalves Felipe
"trabalha no job" kkkkk a não vei, eu não posso rir Rafael colabora kkkkkkk
2025-03-19
0
Quinta 🤎
muito suspeito esse lugar seguro, muito suspeito mesmo
2024-12-19
0