Rafael saiu do aeroporto com a sensação de que algo estava errado. O breve encontro com aquele homem de terno, agora identificado como Bellucci, deixará um gosto amargo. Ele não sabia exatamente o motivo, mas instintos não mentem.
Do lado de fora, o ar fresco da manhã o recebeu, mas a inquietação não foi embora. Ele caminhou em direção à estação de autocarros, já pensando na rotina que voltaria a enfrentar agora que Camila estava a caminho de um futuro promissor.
Enquanto isso, no interior do aeroporto, Giovanni Bellucci sentou-se em uma das cadeiras da sala de espera VIP, com os seguranças discretamente posicionados nas extremidades da sala. Ele segurava um copo de café, mas não parecia interessado na bebida. Sua mente estava focada no nome que acabara de ouvir: Rafael.
— Senhor, sobre o rapaz... — um dos seguranças aproximou-se, falando baixo para não atrair atenção.
— Diga.
— Ele é ninguém no nosso meio.
O copo de café parou a poucos centímetros dos lábios de Bellucci. Seus olhos se estreitaram, e ele apoiou o copo na mesa sem beber.
— Não tem nada de interessante?
— Um rapaz humilde que cuida da irmã.
Bellucci deu um sorriso. — Ele me chamou atenção, nunca erro. Talvez seja útil, consigam o número de telefone dele. Mas não o investiguem. Quero marcar um encontro com ele.
— Ele é o seu tipo? Não me diga que gosta de pobre, Bellucci. — um dos seus amigos sentou sobre a mesa e cruzou as pernas.
— Ele gosta de um pobrezinho. Lhe dar tesão? — falou o outro amigo.
— E aquele boy que roubou o gás do apartamento enquanto Bellucci estava dormindo? — falou Barnado.
— Sim, bem lembrado! O pobre do gás.
— Artur riu. — Coitado, estava precisando de um gás. Necessitado! Ele roubou o gás, as carnes e a churrasqueira. Pobre homem com fome, só queria comer uma carninha assada.
Bernardo riu. — O pobre do gás só queria comer uma carinha assada!
Bellucci ouviu as risadas ecoarem pela sala, mas manteve-se impassível. Ele inclinou-se ligeiramente para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos e entrelaçando os dedos. Bellucci era suficiente para cortar o clima.
— Vocês terminaram? — perguntou ele, em um tom que era calmo, mas carregado de ameaça subentendida.
As risadas diminuíram imediatamente, e os dois amigos endireitaram as posturas, percebendo que haviam ultrapassado um limite. Bellucci levantou-se lentamente, ajeitando o terno com gestos precisos.
— Engraçado como vocês têm tanto tempo para rir de histórias de mendigos, mas quando eu preciso que mostrem competência, a piada sempre são vocês dois.
O silêncio que se seguiu era sufocante. Artur tentou forçar um sorriso nervoso.
— Ah, Bellucci... É só brincadeira. Você sabe como somos, sem maldade.
Bellucci deu um passo à frente, parando ao lado de Bernardo, que ainda estava sentado na mesa. Ele colocou uma mão pesada no ombro do amigo, apertando com força o suficiente para que Bernardo engolisse seco.
— Brincadeiras têm sua hora e lugar, Bernardo. E eu gosto de brincar quando sou eu quem controla as regras.
Mais tarde, Rafael se preparava para mais um dia de trabalho na pequena lanchonete como garçom que ficava em uma humilde rua.
No início da tarde, Rafael se preparava para mais um longo dia de trabalho como garçom na pequena lanchonete localizada em uma rua simples e tranquila. Era um ambiente modesto, mas frequentado por clientes habituais, onde cada detalhe exalava a simplicidade da vida cotidiana.
— Rafael, chegou bem na hora! Hoje tá puxado, então nada de enrolar, hein? — chamou Roberto, o proprietário da lanchonete, um homem de 45 anos de fala direta, mas com um coração generoso, embora muitas vezes escondido por trás de sua postura rígida.
— Certo, pode deixar. — respondeu Rafael, já apressado. Ele nem precisou cruzar totalmente a porta antes de ser engolido pela correria do lugar. Assim que colocou o avental, os pedidos começaram a chegar sem parar, e ele se viu indo de uma mesa a outra, equilibrando bandejas e sorrisos, como quem faz malabarismos para não perder o equilíbrio.
A rotina era desgastante. Rafael trabalhava de segunda a sábado, sempre no mesmo ritmo frenético. O salário mal cobria as despesas do mês, mas ele resistia, encarando cada dia como um degrau em sua luta por uma vida melhor.
Em meio ao caos, um incidente inesperado abalou o turno. Um homem de expressão irritada o chamou com um tom de voz elevado:
— O meu pedido veio errado! Você não sabe trabalhar? Essa lanchonete é horrível. Eu pedi um suco de laranja e veio suco de maracujá. Quer que eu mostre a diferença?
Antes que Rafael pudesse se desculpar ou corrigir o erro, o cliente, sem aviso, arremessou o líquido do copo em seu rosto. O silêncio momentâneo na lanchonete foi cortado apenas pelo som do copo sendo colocado com força na mesa. Rafael permaneceu estático por um instante, o rosto molhado e a respiração pesada, mas se conteve.
— Desculpe, senhor, vou trazer o pedido correto.
— respondeu, com a voz trêmula, enquanto sentia a humilhação queimando dentro de si.
Mesmo após o episódio, Rafael continuou seu turno. Ele não teve tempo de processar o que sentia, pois os pedidos não paravam de chegar. Trabalhou sem descanso, como se ignorar a mágoa fosse a única forma de seguir em frente.
Quando o fim do expediente chegou, Rafael soltou um suspiro de alívio. A lanchonete, agora quase vazia, parecia um refúgio silencioso após o caos do dia. Ele enxugou o rosto com a toalha pendurada no balcão, tentando apagar a lembrança amarga daquele momento, enquanto a rua simples lá fora começava a ser engolida pela noite.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 123
Comments
Esther Gonçalves Felipe Gonçalves Felipe
aí tome, receba! mais pra que a arrogância homi, eu hein
2025-03-19
0
★𝕺𝖘𝖈𝖆𝖗 𝕬𝖑𝖍𝖔★
Pobre do gás é foda KKKKKKKKKKKKKK
2025-03-06
0
★𝕺𝖘𝖈𝖆𝖗 𝕬𝖑𝖍𝖔★
Vida de CLT é bem triste
2025-03-06
0