O mundo de Rafael pareceu parar por um momento. Ele piscou, como se tivesse ouvido errado, mas o olhar sério de Bellucci indicava que a frase não era uma piada ou algum tipo de provocação. A tensão no ar ficou quase palpável enquanto Rafael tentava absorver o que acabara de ser dito.
— O quê? — Ele perguntou, a incredulidade transparecendo em sua voz.
Bellucci sorriu levemente, inclinando-se para frente, como se quisesse enfatizar o peso de suas palavras.
— Você ouviu bem. Quero que seja meu noivo.
Rafael balançou a cabeça, ainda confuso e tentando encontrar lógica naquilo.
— Eu... Eu não entendo. Por quê? O que você está querendo com isso?
Bellucci recostou-se novamente na poltrona, cruzando as pernas com a mesma calma calculada de antes.
— Pense no que falamos até agora, Rafael. Você é discreto, está fora do meu mundo, e tem algo que nenhum dos meus homens pode me oferecer: autenticidade.
Ele fez uma pausa, deixando que as palavras afundassem.
— Meu mundo é cheio de inimigos, alianças forçadas e aparências calculadas. Mas uma coisa é certa: ninguém ousaria tocar no noivo de Giovanni Bellucci. Você seria intocável, protegido pelo meu nome e pela nossa união.
Rafael sentiu o estômago revirar.
— E o que acontece se eu recusar essa ideia absurda?
Bellucci riu, mas o som não tinha humor.
— Você volta para a sua vida simples, lutando para pagar as contas e proteger sua irmã em um mundo que não liga para você. Mas saiba disso: no meu mundo, recusar uma oferta como essa não é só uma questão de opinião. É uma escolha com consequências.
Rafael sentiu a ameaça velada naquelas palavras.
— Como sabe que tenho uma irmã? Investigou a minha vida?
Bellucci deu um sorriso enigmático, recostando-se na poltrona com uma tranquilidade que só tornava a situação mais desconfortável para Rafael. Ele pegou o copo de uísque que estava sobre a mesa, girou o líquido dourado lentamente e deu um pequeno gole antes de responder.
— "Investigar" é uma palavra tão pesada, Rafael. Eu prefiro "entender". Quando estou interessado em alguém, gosto de saber quem eles realmente são. E sua irmã, Camila, é uma parte importante de você, não é?
Rafael cerrou os punhos, sentindo a raiva borbulhar sob a superfície.
— Então é isso? Isso é doentio! Eu nem lhe conheço. Está usando a minha irmã para me ameaçar? Eu nem realmente sei o que quer.
Bellucci colocou o copo de volta na mesa, inclinando-se levemente para frente. O sorriso desapareceu, e sua expressão tornou-se séria.
— Não confunda minhas intenções, Rafael. Eu não estou aqui para ameaçar você ou sua irmã. Mas quero que entenda que no meu mundo, informações são poder. Saber com quem você se importa me ajuda a entender quem você é. E eu valorizo pessoas que se importam com alguém além de si mesmas. Isso me diz que você é leal, protetor. Características que, para mim, valem mais do que dinheiro.
Rafael respirou fundo, tentando controlar a mistura de raiva e medo que o consumia.
— E se eu recusar sua proposta, Bellucci? Você usaria minha irmã contra mim? Porque se isso for uma ameaça, eu prefiro saber agora.
Bellucci levantou-se lentamente, caminhando até a enorme janela da sala que dava vista para os jardins da mansão. Ele colocou as mãos nos bolsos do terno, olhando para fora antes de responder.
— Não uso crianças ou inocentes como moeda de troca. Camila está segura. Meu interesse é em você, e apenas você. Mas... se você entrar neste mundo, tudo ao seu redor muda. Inclusive sua segurança e a dela. Essa é a realidade que precisa considerar antes de tomar sua decisão.
Rafael observou Bellucci por um momento, tentando decifrar se havia verdade em suas palavras. Ele sentia que estava sendo empurrado para algo muito maior do que podia entender, mas também sabia que recusar poderia ser tão perigoso quanto aceitar.
— Eu não confio em você. Nem ao menos lhe conheço. Por favor, me explique melhor tudo isso. Não estou conseguindo entender. E por que quer casar comigo? Sou um homem.
Bellucci virou-se lentamente da janela, suas mãos ainda nos bolsos do terno. Seu rosto, até então sério, suavizou-se levemente, mas seus olhos continuavam carregados de intensidade. Ele deu alguns passos na direção de Rafael, parando à distância de uma conversa íntima.
— Ah, Rafael. Eu sei que é confuso. É normal que se sinta perdido diante de algo tão fora do comum. Mas deixe-me esclarecer. O casamento, a aliança, não tem a ver com gênero ou tradições. Tem a ver com o que isso representa no meu mundo.
Ele fez uma pausa, avaliando a reação de Rafael antes de continuar.
— Veja, neste meio em que vivo, alianças são ferramentas. A escolha de um "noivo" ou "noiva" pode ser tanto um símbolo de poder quanto uma jogada estratégica. No meu caso, um noivo como você é uma declaração. Um grito para os meus inimigos de que eu escolhi alguém fora do sistema. Alguém inesperado, impossível de manipular pelas regras que eles conhecem.
Rafael cruzou os braços, tentando processar as palavras.
— Então você quer me usar como uma peça do seu jogo de poder? Só isso?
Bellucci inclinou a cabeça, seus lábios curvando-se em um sorriso leve.
— Não apenas isso. Quero alguém que me entenda. Alguém que ainda tenha algo puro em si, que não tenha sido completamente consumido por este mundo. Você é esse alguém, Rafael. Um homem que luta por sua irmã, que trabalha com honestidade, que valoriza princípios. Essa é a sua força. E é disso que preciso ao meu lado.
— E por que chamar isso de casamento? Isso não é um negócio? — Rafael perguntou, sua voz carregada de incredulidade.
Bellucci soltou uma risada baixa, balançando a cabeça.
— Chame do que quiser. Se prefere "acordo" ou "aliança", tanto faz. Mas, no meu mundo, as pessoas entendem apenas o que podem ver. E um "casamento" é algo que eles entendem. Algo que confunde, desestabiliza. Você seria minha declaração de independência desse sistema podre.
Rafael balançou a cabeça, ainda tentando processar a ideia.
— E se eu não quiser ser essa declaração? Se eu não quiser me envolver em nada disso?
Bellucci deu mais um passo na direção de Rafael, sua voz tornando-se mais baixa, quase um sussurro.
— Então você volta para sua vida comum. Mas, Rafael, seja honesto consigo mesmo. Por quanto tempo acha que conseguirá viver sem interferências? Estou apenas te oferecendo uma escolha antes que essa escolha seja tirada de você.
Rafael olhou para o chão, tentando organizar os pensamentos. A oferta de Bellucci era ao mesmo tempo absurda e alarmante, mas ele não podia negar que havia uma lógica perversa por trás dela.
— Eu ainda não sei. Isso é... grande demais. Preciso de tempo para pensar.
Bellucci deu um passo para trás, dando espaço a Rafael. Ele fez um leve aceno de cabeça.
— Tempo é o que você terá, Rafael. Mas não se demore. O mundo não espera por ninguém.
Os dois permaneceram em silêncio por um momento. Bellucci fez um gesto para seus seguranças, indicando que o levassem de volta.
— Levem-no para casa. Quero que ele chegue em segurança.
Enquanto os seguranças escoltavam Rafael para fora da mansão, sua mente fervilhava. Ele sabia que havia algo maior em jogo, algo que ele ainda não conseguia entender completamente.
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Atualizado até capítulo 123
Comments
Ravena Araujo
no meu mundo no meu mundo .e so o que ele sabe falar .quanta enrolaçao para dizer o que quer logo
2025-04-07
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Eliane Pereira
oi, coloca fotos dos personagens, como são, fiquei curiosa, nesses quero saber mais como são é possível
2025-03-31
1
Yasmin Emanuelle
odiei esse cara ele e um M E R di NHaaaaaaa que ódio
2025-03-15
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