— Limpem esses vidros. — falou em direção a um grupo de homens com ternos.
Dominic pegou outro copo e novamente deu outro gole no líquido.
— Senhor, o seu pai está lhe chamando. Ele acabou de acordar. — uma moça bem vestida entrou na sala para dar o aviso vindo de Albert Valente.
Dominic desviou o olhar do copo de uísque, a expressão endurecida suavizando por um breve instante ao ouvir o nome do pai. Respirou fundo e colocou o copo sobre a pequena mesa de vidro ao lado da poltrona, os dedos tamborilando de leve contra a madeira maciça do apoio de braço.
— Ele está acordado? — perguntou Dominic, sem se levantar ainda. Sua voz soou mais baixa, quase distante, como se a ideia de ver o pai naquele estado ainda lhe causasse desconforto.
— Sim, senhor. Ele pediu que fosse até o quarto imediatamente — confirmou a jovem, sua postura impecável e tom respeitoso. Ela sabia que Albert Valente não era apenas um homem poderoso, mas uma sombra constante que dominava a vida de Dominic.
Dominic se levantou devagar, ajeitando o terno impecavelmente cortado sobre os ombros largos. Caminhou até a porta, os sapatos de couro ecoando pelo mármore brilhante sob seus pés. Passou pela jovem com um breve aceno de cabeça, o rosto agora neutro, escondendo qualquer vestígio de emoção.
— Prepare o carro. Quero um relatório completo sobre os movimentos de Bellucci assim que eu voltar — ordenou ele, sem olhar para trás.
— Sim, senhor. — respondeu a jovem prontamente, desaparecendo no corredor.
Dominic atravessou o longo corredor da mansão, decorado com quadros antigos e móveis importados que eram testemunhas silenciosas de décadas de poder e decadência. Cada canto da casa parecia sussurrar histórias do passado: negócios fechados, inimigos eliminados, lealdades quebradas. Tudo começava e terminava com Albert Valente, o homem cuja palavra era lei.
Chegando à porta do quarto do pai, Dominic parou por um momento, respirando fundo antes de girar a maçaneta. Quando entrou, o ambiente abafado o envolveu. As cortinas pesadas bloqueavam a maior parte da luz do sol, deixando o espaço mergulhado em penumbra. O cheiro de remédios e velas perfumadas misturava-se ao ar.
Na grande cama de madeira escura, Albert Valente repousava, os traços envelhecidos e a pele pálida contrastando com os olhos ainda vivos e intensos. Mesmo debilitado, havia algo em sua presença que impunha respeito. O velho patriarca virou lentamente a cabeça para encarar Dominic, e um leve sorriso curvou seus lábios finos.
— Finalmente apareceu, rapaz. Pensei que fosse me deixar esperando o dia todo. — murmurou Albert, a voz rouca, mas firme.
Dominic aproximou-se e sentou-se em uma cadeira ao lado da cama. Ele encarou o pai por um instante, vendo de perto as marcas que a vida e o tempo haviam deixado. Ali estava o homem que moldará não apenas seu destino, mas o de todos ao seu redor. E agora, fragilizado, ele parecia mais humano do que jamais fora.
— O senhor pediu para me ver. — respondeu Dominic, mantendo a voz controlada.
Albert soltou uma risada fraca, que terminou em uma tosse seca. Ele ergueu uma mão trêmula, apontando para Dominic com o indicador ossudo.
— Não banque o indiferente, meu filho. Sei o que está acontecendo. Sei que Bellucci está avançando nas nossas operações. Você acha que eu não percebo? A guerra está batendo à nossa porta, e você precisa estar pronto.
Dominic apertou os punhos sobre os joelhos. Aquilo não era novidade, mas ouvir o pai mencionar o conflito iminente deixava tudo mais real.
— Estou cuidando disso, pai. Bellucci não vai nos pegar desprevenidos — garantiu Dominic, com firmeza.
Albert assentiu lentamente, os olhos cansados, mas ainda cheios de fogo.
— Cuidado, Dominic. Não confie em ninguém. A traição vem de onde menos esperamos... — Ele parou, respirando com dificuldade, antes de continuar: — Não quero que o império que construí seja destruído quando eu partir. A família Valente precisa continuar... E você é a chave para isso.
Dominic olhou para o pai em silêncio, as palavras pesando sobre ele como um manto invisível. Por mais que evitasse pensar, sabia que Albert não viveria muito mais tempo. Quando aquele dia chegasse, toda a responsabilidade — a fortuna, o poder, as alianças e as dívidas de sangue
— cairia sobre seus ombros. E ele não podia falhar.
— Eu não vou decepcionar o senhor. — afirmou Dominic, levantando-se da cadeira. Seu tom não tinha hesitação.
Albert sorriu novamente, um sorriso fraco, mas satisfeito.
— É isso que quero ouvir. Agora vá, Dominic. Faça o que precisa ser feito. — sussurrou o patriarca, fechando lentamente os olhos.
Dominic ficou ali por mais alguns segundos, observando o homem que, mesmo deitado e doente, ainda parecia comandar o mundo. Então, sem dizer mais nada, ele deixou o quarto, fechando a porta suavemente atrás de si.
Do lado de fora, a mansão parecia mais silenciosa do que nunca. O jogo estava prestes a mudar, e ele precisava estar preparado. Bellucci não teria piedade, e ele também não teria.
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Atualizado até capítulo 123
Comments
Vose devia smtr #minha opinião
CD o pobre?
2025-03-05
0
Maria Socorro Netos
comecei ler agora 14/02/2025
2025-02-14
0
Maryan Carla Matos Pinto
eita
2025-02-12
0