O álbum de fotos

— Irmão, também tenho um presente. Abra!

— É um álbum de fotos?

— Sim.

Rafael passou os dedos sobre a capa do álbum, que tinha um tecido macio e um padrão simples de biscoitos desenhados. Ele abriu lentamente, e a primeira imagem era uma foto antiga dele ainda bebê, no colo da mãe. Camila observava ansiosa a reação do irmão, um sorriso tímido nos lábios.

— Olha só isso... Eu era uma bola de tanto que comia, né? — Rafael comentou, rindo baixo, enquanto examinava a foto com atenção.

— Você era fofo, isso sim! Mamãe vivia te mimando. Dizia que você ia ser forte e cuidar de todos.

Os olhos de Rafael se suavizaram ao ouvir isso. Ele passou para as próximas páginas, onde havia mais fotos da infância deles. Algumas mostravam os dois brincando em um quintal, cobertos de lama, outras capturavam momentos simples, jantares, aniversários, tardes na praia. Cada imagem parecia carregada de uma nostalgia que aqueceu o coração de Rafael.

Ele parou em uma foto da mãe, com o sorriso gentil que ele nunca esqueceu, mesmo depois de tantos anos sem ela. Ela estava sentada em uma cadeira de madeira, segurando um pequeno bolo, com Rafael e Camila ao lado, rindo com as bochechas sujas de glacê.

— Essa... Essa é da última festa que fizemos juntos, não é? Antes de tudo mudar.

Camila assentiu, as lágrimas começando a se acumular em seus olhos.

— Sim... Eu achei que seria bom ter tudo isso guardado, sabe? Para nunca esquecermos quem somos. Mesmo que a gente esteja passando por tanta coisa agora.

Rafael fechou o álbum por um momento, colocando a mão sobre a capa. Ele olhou para Camila, sentindo um aperto no peito ao perceber o esforço que ela colocava naquele presente.

— Você tem razão, Camila. Às vezes, a gente precisa lembrar de onde veio... Para ter força para continuar.

Ela sorriu, mesmo com os olhos marejados.

— Então, você gostou?

— Gostei? Eu amei, Camila. Isso significa muito para mim. Mais do que você imagina. Obrigado!

Ele a puxou para um abraço apertado, e por um momento, tudo ao redor pareceu ficar em silêncio. O álbum de fotos era mais do que um presente, era uma âncora para os dois, uma lembrança de que, mesmo com as dificuldades, eles ainda eram uma família.

Quando se afastaram, Rafael voltou a olhar o álbum, agora com um sorriso mais largo no rosto.

— Você sempre foi boa em guardar coisas, hein? Até as fotos que eu achava que estavam perdidas.

Camila riu, enxugando as lágrimas.

— Alguém tinha que fazer isso, já que você só pensa em trabalho.

Os dois riram juntos, a tensão do dia se dissipando por um instante. Mas no fundo, Rafael sabia que aquele presente era mais do que uma coleção de memórias. Era um lembrete de que ele precisava proteger o futuro deles e garantir que um dia pudessem criar novas fotos, novas histórias.

Com o álbum no colo, ele fez uma promessa silenciosa: faria tudo o que fosse preciso para garantir o futuro de Camila. Mesmo que isso significasse entrar no mundo perigoso.