∆ Capítulo 18 ∆ A Presença de Eadric

No grande salão do castelo, o eco dos passos firmes de Edith, a rainha, anunciava sua chegada. Seu vestido pesado arrastava pelo chão de mármore, e sua expressão séria deixava claro que ela não estava de bom humor. Ela encontrou Eadric sentado em uma poltrona próxima à lareira, observando as chamas com um olhar distante.

— Eadric — chamou Edith, sua voz firme e cortante.

Eadric se virou lentamente, levantando-se para saudar a rainha.

— Mãe, o que deseja?

Edith o encarou por um momento antes de falar.

— Quero saber sobre Amabel. Onde ela está?

Eadric bufou, com um tom de desprezo evidente.

— Está trancada em seus aposentos. Está sendo castigada.

A rainha franziu os lábios em aprovação, cruzando os braços.

— Ela merece mesmo ficar trancada. Aquela menina nunca aprendeu o lugar dela. Mas lembre-se, Eadric, ela tem um dever. Precisa dar à luz um filho, e que seja um menino.

Eadric suspirou e passou a mão pelos cabelos, a frustração evidente em sua postura.

— Ela foge de mim. Sempre encontra uma maneira de evitar minha presença.

Edith se aproximou dele, seus olhos frios e calculistas.

— Ela não tem direito algum de escolha. Você é o marido dela, e ela deve obedecer.

Eadric sorriu com amargura, seus olhos ardendo com uma mistura de raiva e arrogância.

— Se eu pudesse, trancaria aquela mulher no quarto para sempre.

A rainha inclinou a cabeça levemente, uma expressão de advertência surgindo em seu rosto.

— Cuidado, Eadric. O nobre Asher não pode saber de nada disso.

Ao ouvir o nome de Asher, os olhos de Eadric brilharam com desprezo.

— Quando eu for rei, a primeira coisa que farei será me livrar daquela família. O nome de Asher não será mais ouvido em Loran.

Edith abriu um sorriso de canto, satisfeito com a determinação do genro.

— Boa sorte, Eadric. Mas lembre-se, você precisa agir com inteligência. O caminho até o trono exige cautela.

A noite caía pesada sobre o castelo, e o ar estava denso com o cheiro de vinho derramado. Eadric, já embriagado, vagava pelos corredores com passos incertos, segurando uma garrafa pela metade. Seu rosto estava ruborizado, e sua voz ecoava em murmúrios incoerentes até ele parar em frente ao quarto de Amabel.

Ele abriu a porta com força, o rangido perturbando o silêncio da noite. Amabel, recolhida em um canto do quarto, ofegou ao vê-lo entrar. Seu coração disparou, e o medo queimarava em seus olhos.

Eadric fechou a porta atrás de si, sua presença opressora preenchendo o ambiente. Ele começou a tirar o cinto lentamente, enquanto seus olhos frios fixavam-se nela.

— Por favor, não se aproxime — implorou Amabel, sua voz trêmula.

Mas Eadric apenas gritou, sua voz cortando o ar como uma lâmina.

— Cale-se! Eu sou seu marido!

Amabel tentou se afastar ainda mais, mas encostou-se na parede fria. Desesperada, disse:

— Estou sangrando...

As palavras dela fizeram Eadric parar por um momento. Ele olhou para ela com uma expressão de desdém, como se processasse o que ouviu.

— Sua imunda — gritou ele, sua voz cheia de nojo e frustração.

Com passos cambaleantes, ele se virou, abrindo a porta de forma brusca. Antes de sair, ele cuspiu as palavras:

— Vou para um lugar onde tem o que eu procuro.

Cambaleando pelos corredores, Eadric encontrou um dos soldados de guarda.

— Você aí! Me leve... me leve àquele bordel. O último que eu fui. Agora! — ordenou, apontando o dedo trêmulo para o homem.

O soldado hesitou por um momento, mas sabia que contrariar o futuro rei poderia lhe custar caro. Com um aceno de cabeça, ele respondeu:

— Sim, meu senhor. Vou preparar o cavalo.

Eadric sorriu de forma torta e apoiou-se na parede, esperando que o soldado o conduzisse ao lugar onde buscaria saciar suas vontades, alheio à dor que deixava para trás no castelo.

O bordel estava cheio naquela noite, com risadas altas e música abafada preenchendo o ar. Quando Eadric entrou cambaleando, acompanhado por dois soldados, o ambiente mudou instantaneamente. Murmúrios espalharam-se entre os presentes, alguns se inclinando respeitosamente enquanto outros trocavam olhares de desagrado e desconfiança.

— Meu senhor — disseram em uníssono alguns clientes e funcionários.

Eadric ignorou as saudações, seus olhos semicerrados fixos em Evelina.

— Meu senhor, estou honrada em tê-lo aqui novamente — disse Evelina com um sorriso calculado, inclinando-se levemente.

— Não me importo — respondeu Eadric, com desdém. — Me sirva vinho. Quero mais vinho.

Evelina não perdeu a compostura, mantendo o sorriso enquanto rapidamente enchia uma taça e a entregava a ele.

Enquanto isso, no andar superior, Alys estava em seu quarto, sentada na beira da cama. Seus olhos encaravam uma pequena caixa de prata em suas mãos, que guardava as economias de anos.

— Preciso achar uma maneira de fugir deste lugar — murmurou para si mesma. — Mas o dinheiro que juntei não é suficiente para recomeçar.

Seu coração estava pesado, dividido entre a esperança de escapar e o medo do que poderia acontecer se Evelina descobrisse seus planos.

No salão principal, Eadric virou a taça de vinho com um gole só e olhou para Evelina com impaciência.

— Onde está aquela vadia que apresentou ao meu irmão?

Evelina hesitou por um momento, reconhecendo o tom agressivo dele.

— Alys? — respondeu. — Está lá em cima, mas logo descerá, meu senhor.

Eadric tirou dois sacos de moedas de sua bolsa e os jogou sobre a mesa.

— Quero ela hoje.

Os olhos de Evelina brilharam ao ver as moedas, e um largo sorriso surgiu em seu rosto.

— Claro, meu senhor. Vou chamá-la agora mesmo — disse ela, já se encaminhando para as escadas.

No quarto, Alys sentiu o coração acelerar ao ouvir passos firmes subindo. Ela fechou rapidamente a caixa de prata, escondendo-a sob a cama. A porta se abriu com força, e Evelina entrou com um sorriso que transparecia sua ganância.

— Alys, desça agora. O próximo ao trono a está esperando.

— Não quero descer — respondeu Alys, sua voz firme, mas baixa.

— Não é uma escolha sua, querida. Ele pagou bem, e você sabe o que isso significa.

Alys hesitou, mas sabia que recusar poderia trazer consequências terríveis. Com um nó na garganta, levantou-se lentamente, ajustando o vestido antes de seguir Evelina para o destino que ela temia.

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