O castelo estava em silêncio naquela noite, exceto pelo suave estalar da madeira das velhas paredes e o farfalhar das cortinas que se moviam com a brisa fria que entrava pela janela. No quarto de Henry, uma pequena lamparina iluminava o ambiente, lançando sombras suaves nas paredes. O príncipe estava sentado à mesa de madeira escura, com a cabeça inclinada, mergulhado no mundo de seus poemas e melodias. Suas palavras fluíam como um rio tranquilo, suas mãos guiando a pena sobre o papel com delicadeza. Ele sempre encontrava consolo em suas palavras e nas notas que formava, cada uma delas um reflexo de seu coração sonhador e romântico.
Foi quando a porta foi aberta abruptamente, sem aviso, e Eadric entrou no quarto com seu passo impetuoso, sem sequer bater. O barulho da porta se batendo contra a parede fez Henry levantar os olhos da sua folha e observar seu irmão com um olhar cansado. Eadric, com sua postura arrogante e energia incontrolável, estava mais uma vez invadindo seu espaço.
— Pare de tanto escrever, Henry. Vamos sair essa noite, se é que você tem coragem. — Eadric disse, sua voz carregada de impaciência, enquanto se aproximava e apertava os ombros de Henry com força.
Henry sentiu o aperto, mas ao invés de se deixar abalar, desviou-se do toque rude de Eadric, levantando-se lentamente da cadeira.
— Pare com isso, Eadric. Não gosto de sair à noite, e também... — Henry fez uma pausa, sua voz suave, mas firme — ... não me interesso pelas mesmas coisas que você.
Eadric olhou para o irmão com um sorriso desdenhoso. Ele sempre se divertia em provocar Henry, em forçá-lo a se afastar do seu mundo de poesia e melancolia.
— Ah, claro, você prefere ficar aqui, com seus poemas e melancolia, como se o mundo lá fora não existisse. Você é um príncipe, Henry, não pode passar a vida escrevendo versos de amor! — Eadric disse com sarcasmo, dando um leve empurrão em seu irmão.
Henry, irritado com a provocação, virou-se para ele, seus olhos brilhando com uma raiva silenciosa, mas controlada. Ele sempre sabia que Eadric não entendia seu mundo, sua busca por algo mais profundo e verdadeiro do que o poder e a brutalidade que o irmão tanto almejava.
— Eu não sou como você, Eadric. Não quero ser um príncipe cruel, alguém que vive para agradar o pai ou a corte. Eu tenho o direito de seguir meu próprio caminho. Não todos somos feitos do mesmo barro. — Henry respondeu, sua voz firme, mas cheia de uma tristeza contida.
Eadric deu uma risada baixa e debochada, mas sua expressão logo se endureceu. Ele não entendia o irmão, e sua impaciência o fazia afastar ainda mais de Henry, como se o comportamento do irmão fosse uma fraqueza, algo que ele nunca poderia admitir.
Eadric, com seu temperamento impetuoso, não parecia disposto a deixar Henry em paz. Ele deu um passo à frente e, com um sorriso travesso, disse:
— Henry, o dia do meu casamento está quase chegando. Vai ser uma vida de obrigações e compromissos. Antes disso, quero me divertir um pouco. Descobri um lugar que tenho certeza de que você vai gostar... — Eadric fez uma pausa, observando o irmão com um brilho desafiador nos olhos. — Vamos, Henry. Vamos sair e esquecer por uma noite esse seu mundo de poesia. Só um pouco de diversão, só por hoje.
Henry olhou para o irmão, seus olhos cansados refletindo o cansaço da batalha interna. Ele sabia onde isso iria levar, mas também sabia que Eadric não desistiria facilmente.
— Mas eu não gosto dos lugares que você gosta, Eadric. — Henry respondeu, sua voz suave, mas firme, ainda relutante em ceder à pressão do irmão.
Eadric, impaciente, não deu ouvidos à resposta de Henry. Sem aviso, estendeu a mão e retirou a pena das mãos de seu irmão, colocando-a de lado com um movimento brusco.
— Vamos, Henry. Você vai gostar, vai ver. — disse ele, já começando a se dirigir para o armário onde as capas dos dois estavam penduradas. — Coloque sua capa para não perceberem que somos nós. Hebert irá conosco, ele vai te fazer companhia se você estiver tão desconfortável assim.
Henry sentiu o peso da capa sendo colocada em seus ombros, mas, sem conseguir resistir completamente, colocou a capa e se levantou da cadeira. Ele sabia que, apesar de sua relutância, não poderia mais adiar a noite. Além disso, Eadric e Hebert eram seus amigos desde a infância, e havia algo em seu coração que sentia falta de momentos simples, longe das obrigações de ser príncipe.
Sem dizer mais nada, Henry se levantou e seguiu seu irmão para fora do quarto, com um olhar distante e pensativo. Algo dentro dele ainda se agarrava à esperança de que, um dia, encontraria algo mais do que a vida imposta pelo nome e pelo reino. Mas por agora, ele teria que enfrentar a noite que Eadric insistia em fazer parte de seu destino.
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Atualizado até capítulo 61
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