Os três seguiram por ruas escuras e estreitas, onde as sombras pareciam se esticar interminavelmente. Hebert, o amigo de Henry desde a infância, andava à frente, com o olhar atento e vigilante, protegendo os dois príncipes das eventuais ameaças que poderiam surgir nas ruas desconhecidas. Eadric caminhava à frente, com um sorriso de quem estava se divertindo, como sempre. Mas Henry sentia uma crescente tensão, como se o mundo que se descortinava diante dele fosse algo completamente novo e assustador.
O chão de pedra estava úmido, e o cheiro de comida velha e sujeira pairava no ar. O som de pessoas discutindo, de mendigos pedindo esmola e das ruelas vazias fazia o coração de Henry bater mais rápido. Ele não conseguia desviar os olhos das faces marcadas pela miséria, dos corpos sujos e cansados. Ele nunca tinha visto nada assim antes, já que sua vida sempre esteve protegida pelos altos muros do castelo.
— Hebert, — disse Henry, sua voz baixa, mas carregada de preocupação — como as pessoas sofrem...
Hebert olhou por cima do ombro, mantendo-se alerta. Seu olhar era sério, como sempre. Ele respondeu com um suspiro.
— Sim, meu amigo. Essa é a realidade para muitos. Não podemos mudar isso sozinhos, mas é bom que você veja, para entender o que está além dos portões do castelo.
Henry ficou em silêncio por um momento, os pensamentos tumultuados. A cena diante dele parecia tão distante da vida que ele conhecia, e um peso de culpa se instalou em seu peito.
— Isso tudo por minha culpa? — Henry perguntou em voz baixa, os olhos se fixando nas figuras que passavam. A vergonha tomou conta dele, mas Hebert não respondeu, apenas manteve seu silêncio como um escudo. Henry sabia que seu amigo não diria nada, pois ele próprio sabia que nada poderia ser feito imediatamente.
O som dos passos de Eadric ecoou mais forte, interrompendo os pensamentos de Henry. Ele, como sempre, estava mais interessado no que viria a seguir.
— É por ali! — Eadric exclamou com entusiasmo, apontando para o final da rua. Henry seguiu seu olhar e viu o contorno de um edifício iluminado de forma provocativa. Ao se aproximarem, ele percebeu que era um bordel, a entrada marcada por luzes vermelhas e risadas altas que saíam de dentro.
Henry sentiu um nó na garganta, seu estômago se revirando com a visão. Ele parou por um momento, os olhos fixos no lugar.
— Você me trouxe para um bordel? — Henry perguntou, tentando esconder a surpresa e a indignação em sua voz.
Eadric, sem perder o entusiasmo, virou-se para ele com um sorriso largo e atrevido.
— E você acha que, numa hora dessas, eu te levaria para onde? — Eadric respondeu, rindo. — Você tem que ter experiências antes de se casar, Henry. Você precisa ver o mundo por trás das cortinas. O que é a vida se você não vivê-la ao máximo?
Henry sentiu o calor subir à sua face. Não sabia o que pensar, mas o que mais o incomodava era a insensibilidade de seu irmão. Como ele poderia estar tão empolgado com algo assim?
— Não vou fazer isso — Henry disse com firmeza, sentindo que estava sendo arrastado para algo que ele nunca escolheria.
Ele deu um passo para trás, afastando-se do bordel e, com a voz resoluta, continuou:
— Meu corpo será apenas da mulher que eu amo, e esse tipo de experiência não tem nada a ver comigo. Não sou como você, Eadric.
Eadric parou por um momento, olhando para o irmão com uma expressão que era um misto de surpresa e desdém. Ele deu um passo à frente, como se tentasse contornar a resistência de Henry.
— Ah, Henry, você ainda não entendeu como o mundo realmente funciona. Não há nada de errado em viver um pouco, ver o que há por aí. Você não pode continuar com essa mentalidade ingênua. — Eadric disse com uma risada cínica.
Hebert, que estava quieto até então, finalmente falou. Sua voz foi firme, como se quisesse pôr fim à discussão.
— Vamos, Henry. Não vale a pena discutir. — Ele falou em tom baixo, tentando apaziguar a situação. — O que você escolher fazer é sua decisão. Mas lembre-se que o mundo é vasto e que nem tudo se encaixa na vida do castelo.
Henry olhou para Hebert, então para Eadric, e por fim, olhou para o bordel à sua frente. Ele ainda se sentia desconfortável, mas a resistência dentro dele se mantinha firme. Ele sabia que não estava pronto para aquilo, nem queria estar.
Os três entraram no bordel, e Henry se sentiu imediatamente deslocado. Som de risadas altas e conversas inapropriadas preenchia o ambiente. Eadric, por sua vez, parecia completamente à vontade naquele lugar, como se já tivesse visitado inúmeras vezes. Ele foi direto até o balcão, onde um senhor barbudo lhe entregou um copo de bebida. O rosto de Eadric estava radiante, como se ele estivesse em casa.
Henry e Hebert, no entanto, ficaram parados, observando o ambiente com espanto. O olhar de Henry buscava algum tipo de familiaridade, mas não havia nada que pudesse confortá-lo. Ele trocou um olhar com Hebert, que parecia igualmente incomodado, mas tentava disfarçar.
Eadric, percebendo o desconforto de Henry, caminhou até ele com um copo de vinho na mão.
— Vamos, meu irmão! — Eadric disse, passando o braço pelos ombros de Henry e lhe mostrando o copo. — A noite é para se divertir. Beba, você vai ver como tudo vai ser mais leve.
Henry hesitou, mas, sentindo a pressão do irmão, acabou virando o copo de vinho de uma vez. O líquido quente desceu pela garganta, e ele fez uma careta, mas não comentou nada. Seu corpo parecia resistir, mas ele sabia que não podia mostrar mais resistência.
Eadric sorriu satisfeito e caminhou em direção à dona do bordel, uma mulher de risada escandalosa que se destacava entre as outras mulheres no local. Dona Evelina observou o príncipe com um olhar sedutor, e logo se aproximou dele com passos leves e confiantes.
— O que quer, belo rapaz? — Ela perguntou, o sorriso largo nos lábios. — Seu rosto é familiar... Você é um príncipe, não é?
Eadric riu, sem vergonha alguma de sua identidade, e com um sorriso atrevido respondeu:
— Traga a mulher mais atraente que tem aqui. É para o meu irmão. Ele precisa de uma experiência.
Henry, escutando aquelas palavras, ficou ainda mais desconfortável. Ele mordeu o lábio e, com a voz tímida, tentou protestar:
— Pare com isso, Eadric. Eu não quero isso...
Mas Evelina não deu ouvidos. Ela se aproximou de Henry, olhou seu rosto com um sorriso malicioso e colocou delicadamente o dedo no queixo dele, analisando-o com um olhar que parecia ter visto tudo antes.
— Tem rosto de anjo... — Evelina comentou em voz baixa, quase sussurrando. Então, ela gritou, com sua risada escandalosa: — Alys! Venha cá!
No canto do bordel, Alys estava sentada no colo de um velho que gargalhava de forma ruidosa, um copo de bebida caindo ao lado de seu banco. Quando ouviu seu nome, ela se levantou rapidamente, empurrando o velho para o lado com um movimento ágil.
— Com licença — ela disse suavemente, virando-se para o homem que a chamava. Seus olhos se fixaram em Henry por um momento, mas logo se afastaram, como se soubesse que nada ali seria simples.
Alys começou a caminhar até Evelina, sentindo o peso dos olhares dos homens ao seu redor, mas com uma calma imperturbável. Henry observou sua aproximação, sentindo-se ainda mais fora de lugar, como se a noite fosse se estender muito além de qualquer coisa que ele tivesse imaginado.
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Atualizado até capítulo 61
Comments
Claudia
Coitado do Henrý está todo assustado 🤭🤭🤭🤭🤭♾🧿
2024-12-18
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