∆ Capítulo 8 ∆ Noite Nupcial

O salão de festas estava em plena atividade. Mesas recheadas de iguarias, músicas animadas tocadas por trovadores e risadas preenchiam o ambiente. O rei Godric, em sua robustez, deliciava-se com o banquete, comendo sem cerimônia. Enquanto isso, os nobres mantinham conversas formais, e os camponeses, do lado de fora, ouviam de longe a música e os aplausos.

Adeline, deslumbrante em seu vestido, aproximou-se de sua irmã. Com um sorriso que oscilava entre sarcasmo e falsa ternura, ela comentou:

— Estou tão feliz por você, minha querida irmã.

Amabel, com sua expressão abatida, olhou para ela sem disfarçar seu desgosto:

— Pare de fingir estar feliz por mim, Adeline.

Adeline suspirou e continuou, fingindo sinceridade:

— Estou dizendo a verdade. Aliás, olhe lá... Henry não para de me olhar. Tenho certeza de que ele mal pode esperar pelo nosso casamento. Só não me chama para dançar porque é tímido.

Amabel desviou o olhar, visivelmente cansada da conversa:

— Tenho coisas mais importantes para me preocupar. Preciso dançar com Eadric agora.

Nesse instante, Eadric surgiu, estendendo a mão para Amabel. Ela aceitou o convite sem entusiasmo, deixando-se guiar para o centro do salão. Ele a conduzia em passos de dança firmes, mas seu toque não transmitia gentileza, apenas a firmeza de alguém que se via no controle.

Enquanto dançavam, ele inclinou-se ligeiramente e murmurou em tom baixo:

— Logo subiremos para o quarto, minha querida.

As palavras de Eadric ressoaram na mente de Amabel como um sino de condenação. Ela sabia o que esperava por ela naquela noite e lutava para manter a compostura enquanto todos os olhos estavam sobre eles.

Do outro lado do salão, Henry permanecia ao lado de Hebert, que se destacava com sua postura impecável de soldado. Com um olhar sério, Henry confessou:

— Estou muito mal com tudo isso, Hebert.

O fiel guarda perguntou, curioso:

— Por que, senhor?

Henry desviou o olhar para Amabel, que parecia dançar sem alma:

— Ela não está feliz. É evidente.

Hebert, com sua experiência e visão prática da vida, respondeu com sinceridade:

— Me perdoe, senhor, mas todos os casamentos que presenciei foram arranjados. É assim que o mundo funciona.

Henry suspirou profundamente e questionou:

— Quando as pessoas vão se casar por amor?

Hebert ergueu as sobrancelhas, mas manteve sua expressão neutra:

— Amor não costuma ser prioridade em famílias reais, senhor. Afinal, está pronto para o seu próprio casamento?

Hebert lançou um olhar discreto na direção de Adeline, que se esforçava para chamar a atenção de Henry. Ele, no entanto, bufou em desgosto:

— Adeline é uma chata.

Henry inclinou-se levemente para o guarda, um sorriso travesso surgindo em seus lábios:

— E, a propósito, preciso te contar o que aconteceu no bordel.

Hebert arregalou os olhos, levantando a mão como um sinal de alerta:

— Fale baixo, senhor! Se a rainha ouvir isso...

Antes que Hebert pudesse completar, Henry se afastou rindo, deixando o guarda balançando a cabeça e tentando conter um sorriso.

Aqui está o texto completo com as partes anteriores conectadas:

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O casamento no castelo havia acontecido sob olhares de toda a nobreza. Apesar da grandiosidade da cerimônia, era evidente que Amabel, a noiva, estava infeliz. Após a troca de votos, iniciou-se um banquete com música, risadas forçadas e uma falsa atmosfera de alegria. Eadric, com sua postura sempre arrogante, parecia se divertir à custa dos outros, enquanto Amabel mal conseguia disfarçar o peso que sentia.

A rainha Edith acompanhava tudo com um olhar satisfeito, enquanto o rei Godric se esbaldava com os pratos servidos. Adeline, irmã de Amabel, estava deslumbrada com os olhares furtivos que recebia de Henry, o irmão mais novo de Eadric. Já Henry, visivelmente desconfortável, comentou com seu fiel amigo Hebert:

— Estou muito mal com tudo isso.

Hebert, sempre prudente, respondeu:

— Senhor, todos os casamentos da nobreza são arranjados. É assim que os reinos se mantêm fortes.

Henry balançou a cabeça, inconformado:

— Quando as pessoas começarão a se casar por amor?

Hebert olhou para Adeline, que parecia sonhar acordada com Henry, e disse:

— Prepare-se para o seu próprio casamento, meu senhor.

Henry sorriu, com ironia:

— Adeline é uma chata. E afinal, depois vou te contar o que aconteceu no bordel.

— Fale baixo, senhor! — alertou Hebert, com uma expressão de preocupação. — Se a rainha ouvir isso…

Henry apenas riu e saiu de perto, enquanto o salão continuava imerso em celebração.

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Na ala reservada para os noivos, Amabel sentia seu coração apertado. Retiraram seu pesado vestido de noiva com a ajuda das servas e da rainha Edith, que supervisionava cada detalhe. Amabel permaneceu em silêncio, sua expressão era a de alguém que carregava um fardo insuportável.

A rainha, com a voz firme, ordenou:

— Deixe-a pronta. Eadric logo chegará.

As servas penteavam os cabelos de Amabel, mas mesmo naquele momento de preparação, ela não conseguia esconder seu olhar vazio. Uma das servas, enquanto a penteava, lançou um olhar de pena para ela, mas nada disse.

De repente, Eadric entrou no quarto, sem cerimônia, com um sorriso satisfeito no rosto.

— Todas para fora — ordenou ele.

A rainha assentiu com a cabeça, lançou um último olhar para Amabel e saiu, junto com as servas. Amabel, ainda sentada no banco, levantou-se com dificuldade e, com uma voz baixa e hesitante, pediu:

— Por favor, deixe-me ao menos lavar meu rosto.

Eadric, já tirando sua roupa, respondeu com impaciência:

— Então ande depressa.

Ele parou em frente ao espelho, ajustando os detalhes de sua roupa de dormir, enquanto Amabel, com dedos trêmulos, pegava um pano molhado e esfregava delicadamente o rosto. Cada movimento parecia carregado de tensão, como se ela estivesse tentando adiar o inevitável.

Quando terminou, virou-se para ele. Eadric a observava com um sorriso de superioridade.

— Achei que fosse mais resistente. Não precisa fingir, sei que está aqui por causa do que sua família deseja.

Ela ergueu o olhar, suas palavras saindo com um tom de desafio contido:

— Estou aqui porque não tive escolha.

Eadric aproximou-se dela com passos lentos, ergueu seu queixo com dois dedos e forçou-a a olhá-lo nos olhos:

— E é assim que as coisas funcionam, querida esposa. Você vai aprender a fazer o que eu quero.

Amabel manteve o olhar firme, mas por dentro sua alma gritava por liberdade. Ele soltou seu queixo com um sorriso satisfeito e voltou a se olhar no espelho.

Ela, no entanto, não conseguiu conter suas emoções e disparou:

— Você pode ter meu corpo, Eadric, mas nunca terá minha alma.

Ele riu, uma risada cheia de desprezo, enquanto se jogava na cama:

— Sua alma não me interessa, Amabel. Eu só preciso de um herdeiro.

Essas palavras perfuraram o coração de Amabel como uma lâmina, deixando-a em silêncio. Lentamente, ela caminhou até a cama, o olhar perdido, enquanto lutava para conter as lágrimas.

Naquele momento, Amabel decidiu que faria de tudo para resistir e encontrar uma maneira de retomar o controle de sua vida, por mais impossível que parecesse naquele instante.

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