Na casa do nobre Asher, a luz do dia atravessava as janelas altas, iluminando o salão onde Amabel experimentava seu vestido de noiva. Um alfaiate experiente ajustava os detalhes com precisão, enquanto ela se olhava no espelho. Cada toque no tecido parecia aumentar o nó em sua garganta. Ela sabia que, em poucas horas, estaria diante de Eadric, um homem que ela não amava, mas que estava destinada a chamar de marido.
De repente, a porta se abriu, e Adeline entrou com passos leves e olhos curiosos. Ao ver sua irmã, soltou um suspiro exagerado:
— Querida irmã, você está deslumbrante. Esse vestido é maravilhoso. Só não será mais bonita do que eu no meu casamento, é claro.
Amabel revirou os olhos e respondeu, com a voz carregada de frustração:
— Por favor, Adeline, não fale asneiras perto de mim.
Mas Adeline não se deixou abalar. Com seu sorriso característico, aproximou-se e analisou o reflexo da irmã.
— Quando irá mudar essa cara sua? Este casamento é importante para todos nós. Não se esqueça de que é uma união que reforça o poder de nossa família.
Amabel, incapaz de conter sua angústia, retrucou:
— Você fala isso porque está destinada a se casar com alguém que ama. Mas eu? Todos no reino conhecem a fama de Eadric. Ele é cruel, arrogante... Não tenho dúvidas de que meus dias ao lado dele serão terríveis.
Ao ouvir essas palavras, Adeline apenas sorriu, parecendo alheia à dor da irmã. Seu sorriso se alargou ao pensar em Henry, e ela comentou em tom sonhador:
— Mas Henry é diferente. Ele é um verdadeiro príncipe: delicado, romântico... Não vejo a hora de encontrá-lo novamente.
Enquanto as irmãs conversavam, o alfaiate olhou impacientemente para Amabel e disse:
— Senhora, por favor, fique parada ou posso lhe ferir com meus alfinetes.
Amabel, distraída, pediu desculpas e tentou se acalmar, mas seu olhar no espelho continuava vazio, refletindo o peso de suas emoções.
Adeline, sem perceber o sofrimento da irmã, deu um giro animado pelo quarto e anunciou com entusiasmo:
— O grande dia chegou, Amabel! Você será a noiva mais admirada de todo o reino.
Mas, para Amabel, essas palavras soavam como uma sentença, e seu coração apertava ainda mais.
O grande salão do castelo estava repleto de luxo e expectativas. Candelabros brilhavam no alto, e o aroma das flores dispostas por todo o lugar misturava-se com o perfume das damas nobres. O som do burburinho ecoava pelo salão, mas diminuía à medida que a cerimônia começava.
Do lado de fora, camponeses curiosos e entusiasmados se amontoavam próximo aos portões, tentando vislumbrar a grandiosidade do evento. Guardas bem armados impediam a entrada, mantendo a multidão afastada.
No altar, o padre estava posicionado, com sua postura serena e sua Bíblia aberta, pronto para conduzir o matrimônio. Eadric, impecável em seu traje de príncipe, estava ao lado de Henry, que usava roupas menos ostentosas, mas ainda assim dignas de sua linhagem. Eadric, com um sorriso largo no rosto, parecia estar no auge de sua satisfação. Já Henry, desconfortável, olhava para o chão enquanto percebia os olhares insistentes de Adeline. Ele desviava a cada instante, incapaz de retribuir o entusiasmo dela.
No trono, a rainha Edith observava a cena com um semblante satisfeito, enquanto o rei, ao seu lado, mantinha uma postura de poder e orgulho. O nobre Asher, pai de Amabel e Adeline, irradiava uma alegria quase palpável, como se aquele casamento fosse o ápice de sua ambição.
Então, o som de passos interrompeu o silêncio que tomava conta do salão. Todos os olhares se voltaram para a entrada, onde Amabel apareceu.
Ela entrou devagar, com seu rosto escondido parcialmente pelo véu longo que se arrastava pelo chão. Suas mãos seguravam firmemente um terço, como se buscasse força divina para suportar aquele momento. Seu olhar estava baixo e triste, cada passo carregando o peso de sua resignação.
Os murmúrios começaram novamente, desta vez em admiração ao vestido impecável e à beleza melancólica da noiva. Mesmo em sua tristeza, Amabel exalava uma elegância natural que encantava a todos, exceto a si mesma.
Eadric, impassível, manteve seu sorriso triunfante enquanto a aguardava no altar. Para ele, aquele era mais um prêmio de sua posição, um reflexo de sua vitória pessoal e política.
Quando Amabel finalmente chegou ao altar, o padre fez sinal para que todos ficassem em silêncio. Com a voz firme, ele iniciou a cerimônia.
— Estamos aqui reunidos para celebrar a união do príncipe Eadric e da dama Amabel, diante dos olhos de Deus e de todo o reino. Que esse matrimônio simbolize paz, aliança e prosperidade.
Enquanto as palavras do padre ecoavam, Amabel manteve-se imóvel, seu coração pesado, enquanto Eadric olhava para ela com um sorriso que parecia desdenhar de seus sentimentos. Ao fundo, Henry observava a cena com uma expressão séria, como se sentisse o que sua cunhada estava enfrentando.
O casamento seguia, mas dentro de Amabel, uma chama de resistência crescia, lutando contra a maré de obrigações e expectativas que a cercavam. Eadric, por outro lado, via apenas a vitória que lhe era garantida.
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Atualizado até capítulo 61
Comments
Claudia
Que tristeza😥😥🧿♾
2024-12-19
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