Capítulo 16

Ayla

Tive um encontro com Devon na minha sala que me deixou estressada. Ele vai mesmo me cobrar cada passo que dou? Tenho essa sensação. Mas a ignoro e me preparo para ir embora.

Meus dois últimos dias se resumiram a colocar o implante contraceptivo e aguentar o Devon me secando como se eu fosse um pedaço de filé e ele um carnívoro com fome.

O dia da cirurgia do James chegou, ele me perguntou como consegui o dinheiro, tive que mentir. Não posso contar a verdade para ele, vai se sentir péssimo e recusar a cirurgia.

Estou em casa com meus pais, minha mãe já orou tanto que precisou da ajuda do meu pai para se levantar do chão.

— Mãe, eu sei que vai dar tudo certo. Ele vai sair dessa cirurgia outro James. Logo teremos ele em casa.

— Está preparada para dividir o quarto com o seu irmão novamente? — ela pergunta.

— Estou ansiosa, mãe! Não vejo a hora de vê-lo aqui dentro de casa, bem e assistindo televisão.

— Vocês duas já estão prontas? Se demorar mais vamos pegar o ônibus cheio e ainda tem o trânsito. — meu pai nos lembra que precisamos sair logo.

No caminho para o hospital minha mente me tortura com a minha primeira vez na cama com Devon. Por que não namorei e perdi minha virgindade como uma mulher normal?

Tinha que ser logo com o demônio? Droga. Saio dos meus devaneios quando minha mãe diz que precisamos descer do ônibus. Olho para o hospital agora com novos olhos.

Subimos, no quarto com James está uma enfermeira de meia idade conversando com ele que está curioso com o que vai acontecer.

— Mas tem certeza que não vou sentir nada? — ele pergunta aflito.

— Não, meu jovem, estará dormindo profundamente por causa do sedativo que vai inalar. Fique calmo, quando acordar vai ver que não é como está pensando. — ela responde com gentileza.

— James, não se preocupe com nada. Não pode ficar agitado num dia tão importante. — falo ao dar um beijo na sua testa.

— Eu te amo, Ayla. Eu te amo, pai. Eu te amo, mãe. — ele fala como se estivesse se despedindo de nós.

— Ei, garoto, te proíbo de falar isso para mim agora. Quero ouvir isso quando você voltar mais tarde. Então esquece, não vou ouvir mais nada.

Ele sorri para mim e segura minha mão, meus pais também o beijaram na testa. Logo o médico chega e diz que James já vai ser levado para o centro cirúrgico e eu não aguento segurar as lágrimas.

Corro para o banheiro e me olho no espelho. Tento me conter o máximo que posso e volto para o quarto a tempo de vê-lo sendo levado. Meus pais e eu o beijamos na testa uma última vez e acompanhamos ele até a entrada do centro cirúrgico.

Poucos minutos depois uma enfermeira diz que precisamos esperar na salinha que tem ali mesmo. Nós nos sentamos no sofá que tem ali e minha mãe volta a orar. Meu pai segura as mãos dela e ora junto. Esse momento está acabando comigo.

— Quer que eu segure sua mão também? — olho para o lado e vejo Gaab.

— Gaab? E a festa dos funcionários na empresa?

— A festa vai continuar sem mim! Tenho algo mais importante para fazer aqui. Uma amiga precisa de mim.

Acabo me levantando e abraçando ele muito forte. Em meio ao meu nervosismo e lágrimas agradeço por ele estar ali o que gera um pequeno engano com meus pais.

— Foi o senhor que pagou a cirurgia do nosso menino? — meu pai pergunta ao se levantar.

— Que Deus em sua infinita bondade possa lhe dar bênçãos infinitas por seu ato de misericórdia por nosso filho. — minha mãe fala e caminha até Gaab para apertar sua mão.

— Mãe, pai, esse é o Gaab. Meu chefe, mas ele não...

Eles não me deixam falar e Gaab apesar de tentar também não consegue até que uma voz atrás de nós chama a atenção para si.

— Mas não é para ele que vocês devem agradecer. Eu que paguei a cirurgia do filho de vocês. — Devon está de braços cruzados e um olhar de congelar a alma de alguém.

— O que você... — olho para os meus pais — Pai, mãe, esse é o senhor Devon Storn, dono da empresa em que trabalho e também meu chefe. Ele que pagou a cirurgia de James.

Meus pais olham para mim e depois para Devon e vão até ele para agradecer. Olho para Gaab que não tira os olhos de Devon, enquanto meus pais estão com Devon, Gaab sussurra para mim:

— O que você fez com o meu amigo?

— O que? Como Assim? Eu não fiz nada! — sussurro de volta.

— Devon jamais teve empatia por qualquer ser humano, ele é incapaz disso. Por qual motivo ele estaria aqui? — ele pergunta.

— Eu sei lá! O amigo é seu vai perguntar você.

— Eu? Não foi por minha causa que ele veio até aqui.

Estamos discutindo aos sussurros até que Devon faz nossas almas dar um passeio ao falar:

— Deveriam perguntar para mim se estão com alguma dúvida sobre minha presença aqui.

— Você por um acaso quer me matar de susto? Não chega nas pessoas tão quieto assim. — falo tentando fingir que está tudo bem.

— Oi Gaab, perguntei para a Natasha se você estava na empresa, por causa da festa dos funcionários... Até ela me dizer que não. Como eu tinha que vir até aqui deduzi que você também estaria.

— Mas não precisava vir. Você tem muitas responsabilidades e perder seu precioso tempo vindo até aqui faz eu me sentir mal. — falo tentando convencê-lo de ir embora.

— Mas o Gaab também é alguém muito ocupado e está aqui, por que eu também não posso? — ele pergunta olhando para nós dois.

— Senhor Storn, tem certeza de que quer ficar? A cirurgia vai demorar horas, a espera vai ser longa.

— É por isso que tem essa sala com esses confortáveis sofás.

Ele se senta e começa uma conversa com meus pais. Gaab olha para mim e depois para Devon e vai se sentar ao lado dele. Eu preciso de uma bebida bem forte, porque esse pesadelo está muito real para mim.

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