Capítulo 11

Devon

O tapa que Ayla deu no meu rosto ardeu, mas não fiquei furioso, senti prazer. Um prazer que me fez desejar puni-la ali mesmo pelo seu abuso. Mas me segurei, sei que ela vai voltar e vai se ver obrigada a aceitar a minha proposta.

É a proposta que vai salvar a vida do irmão dela, da família dela. Uma proposta irrecusável em sua atual situação, eu só preciso ter paciência e esperar.

Vou para casa e passo minha noite na sala, no mesmo lugar olhando para a cidade enquanto bebo. Ver o dia amanhecer na sala já virou uma rotina para mim, assim como virar minha noite bebendo.

Pelo menos no meu último check-up médico disse que eu estava saudável, não sei como. Não me alimento direito e bebo todos os dias, acho que nem o diabo me quer lá embaixo.

O sol nasce lindo como sempre, e eu sou privilegiado com essa visão magnífica. Fico ali um tempo até que olho para o meu celular e vejo que já está na hora de ir trabalhar.

Faço o de sempre, tomo meu banho, escolho meu melhor terno e vou para a garagem pegar meu carro. Passo numa cafeteria para comprar dois cafés e vou para o escritório. Porém, ao chegar na minha sala, Gaab não está à minha espera como sempre.

Decido passar na sala dele até que o vejo sair de uma sala ao lado da dele. Ele me olha e aponta para a sala dele entrando em seguida.

— Obrigado pelo café. Não tive tempo de comprar um para mim depois que saí do hospital.

— Por que você foi ao hospital? Está se sentindo mal?

— Não... E não sei se devo te contar!

— Não temos segredos, Gaab. Quer começar com isso agora?

— Não é isso... — ele passa as mãos no cabelo — James quase morreu ontem a noite, parece que os dias dele estão contados. Ayla não está muito bem. O pior é que ela é muito teimosa, já falei para ela ir para casa e tirar o dia de folga depois de passar uma noite acordada, mas ela se recusa.

— Ah, o irmão dela que está no hospital... Interessante. — coloco a mão no meu queixo e olho para o lado.

— Eu não disse que era irmão dela... Como sabe que é irmão dela? Mandou alguém investigá-la? Você realmente a quer como sua submissa?

— Acho melhor não falarmos sobre isso, você não parece lidar bem com a situação.

— Devon, por favor, sai da minha sala.

— Vou sair porque tenho um dia cheio, até mais tarde, Gaab.

Volto para a minha sala e foco no trabalho, mas toda hora me pego pensando que essa é a minha chance, é o momento perfeito.

— Senhor Storn? Seu almoço com os advogados foi marcado para hoje às treze horas. — Natasha me avisa.

— Por que eles querem falar comigo?

— É sobre a patente roubada! Parece que já tem o que o senhor queria.

— E eles precisam me incomodar no meu almoço?

— Me desculpe, senhor.

— Não se desculpe, tudo bem, eu vou.

Ela sai e eu volto minha atenção para o trabalho. Mas desisto quando aquela baixinha aparece nos meus pensamentos. Que droga, não gosto de perder... Por que essa mulher não veio até aqui falar comigo ainda?

Quase perder o irmão não foi suficiente para vencer o orgulho dela? Será que precisa ser tentada por mim novamente? Acho que não custa nada tentar.

Vou para o almoço com dois advogados, mas estou muito entediado. Eles só falam coisas que eu já sei e isso se torna insuportável, nem consegui comer.

— Então descobrimos que foi um homem do TI que forneceu a cópia do arquivo da patente do jogo para a concorrência. — Donald fala.

— Sim, já pedimos a prisão preventiva dele e a polícia baterá na casa dele em breve. — Carlson fala.

— Algo mais para me fazer perder meu dia? — eles ficam em silêncio — Ótimo! Peçam sobremesa, é por minha conta.

Deixo a conta paga e sai do restaurante voltando para o escritório. Chegando lá termino de revisar uns relatórios financeiros, olho para a hora e para a porta a cada segundo que passa.

Ela realmente não vai vir até mim, então eu vou até ela. Quando penso em me levantar, Gaab chega com alguns relatórios em mãos.

— Você me enviou esse balanceamento mais cedo, só que os números não estão batendo. — Gaab fala me mostrando o documento.

— Eu sei, te enviei para você revisar e procurar saber o que está acontecendo no sexto andar. Eles deveriam enviar isso para nós de forma esclarecedora.

— Tudo bem, vou resolver. Você já almoçou?

— Não consegui, a reunião com os advogados foi tediosa. Mas não estou com fome.

— Claro que não está, seu almoço foram duas garrafas de whisky. — ele fala apontando para as garrafas vazias na ponta da mesa.

— Não enche o saco. Já terminou?

Ele sai me deixando sozinho, espero alguns minutos até que abro a porta para sair quando estou chegando próximo a sala de Gaab escuto ele falar com Natasha:

— Minha assistente está nessa sala, avise para ela que surgiu um imprevisto e preciso sair agora.

Quando Natasha caminha na direção da sala de Ayla eu a chamo me certificando que Gaab já está no elevador.

— Pode deixar comigo, e você já está liberada. Pode ir embora.

Natasha me olha, mas não discute. Eu entro na pequena sala de Ayla, ela está olhando para o horizonte de braços cruzados e parece ter lágrimas nos olhos pelo que vejo no reflexo do vidro.

Paro atrás dela coloco minhas mãos no vidro me abaixo o suficiente para sussurrar no ouvido dela:

— Acho que agora está mais propensa a aceitar minha proposta ou vai esperar o coração do seu irmão parar de bater de vez?

Os olhos dela que estavam no horizonte agora encontram os meus através do reflexo no vidro. Até que ela se vira para mim, e me encara ao levantar a cabeça... Será que vou levar outro tapa ou dessa vez ela vai aceitar ser a minha submissa?

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