Capítulo 9

Devon

Minha mãe resolveu me dar trabalho atrapalhando meus planos com Ayla. Depois que eu disse que iria punir meu pai ela recusou tratamento e se alimentar. Sua greve de fome foi além do limite, falei que iria diminuir os três meses para um mês.

Um pouco contrariada ela acabou cedendo e voltou a comer. Quando ela finalmente recebeu alta e eu a levei para casa tive que contratar um pessoal que fosse realmente profissional e não permitisse a entrada de uma gota de álcool na casa dela, assim como agora ela só sairá de casa com dois seguranças.

— Devon, para que isso tudo? Não sou criança, meus pais já morreram.

— Mas eu sou seu filho e estou vivo! Enquanto eu respirar, enquanto eu estiver nessa terra vou mantê-la viva mesmo que não queira.

— Por que está fazendo isso comigo?

— Porque não vou permitir que encurte sua vida por alguém que não merece sua atenção! Porque sou seu único filho, porque me deu a vida, porque me criou apesar de eu ser a cópia exata daquele desgraçado. Por vários motivos, por várias razões.

— De que adianta todo esse cuidado? Só vi você por mais tempo porque quase morri, agora vai voltar para sua torre de ouro e diamante e me deixar aqui sozinha.

— Foi uma escolha sua desde o início viver aqui sozinha.

— Porque eu pensei que o seu pai iria ver o erro que cometeu e iria voltar para mim.

— Mesmo que eu ache que esse seria o pior erro da sua vida pensou mesmo que ele iria voltar para a senhora depois de me obrigar a dar uma vida de rei para ele? Talvez, só talvez se ele estivesse vivendo uma vida medíocre enquanto você vivesse como se estivesse na realeza, só talvez ele voltasse... Mas não por sentir algo pela senhora e sim pelo conforto e vida boa.

— Por que é tão mau comigo?

— Não sou mau, só queria que se colocasse como prioridade! Não pode sair sem os seguranças e as empregadas vão garantir a limpeza e a sua alimentação.

— Sabe que eu como fora e a limpeza do apartamento é feita por uma pessoa duas vezes na semana.

— Não vai mais ficar sozinha, sua alimentação será feita aqui, a limpeza do apartamento será feita todos os dias. Eu preciso ir, tenho muito trabalho acumulado dos dias que não fui para o escritório.

Me despeço da minha mãe e dou as últimas ordens aos funcionários e aos seguranças. Passo no meu apartamento e tomo um banho, envio uma mensagem para Gaab dizendo que estou indo direto para o escritório.

Chegando na minha sala me deparo com Gaab arrumando alguns pratos na minha mesa. Tento não perder a pouca paciência que me resta.

— O que você está fazendo na minha mesa?

— Sei que você não deve ter feito uma refeição decente há dias. Então, trouxe seu almoço para você. Tem carne vermelha porque sei que você gosta, tem salada verde, massa... Vamos comer?

— Você é insuportavelmente irritante!

— Sou o sol da sua vida nublada e cinza. Vem logo.

Acabo tendo que me sentar e almoçar com ele, o silêncio se faz ele sabe que não sou de falar quando estou comendo, mas não resisto em perguntar:

— E sua assistente?

— O que tem ela?

— Onde está?

— Na sala dela! Por que está perguntando por ela?

Lanço um olhar para ele que já conhece muito bem, logo ele começa a falar:

— Não, Devon! Não vai fazer isso com ela. Ayla não nasceu para isso.

— Você gosta de me ouvir falar que isso não depende de você, não é?

— Ela é uma mulher doce e gentil, não vai aceitar ser sua boneca pessoal para satisfazer seus desejos sádicos.

— Veremos se não vai.

— Ela vai se demitir, não pode perder esse emprego... Você não conhece a vida dela.

— E nem quero, mesmo assim conheço o suficiente para saber que ela vai aceitar ser minha nova submissa.

Ele se levanta e afasta seu prato para longe.

— Não vai terminar seu almoço? Queria tanto almoçar comigo.

— Perdi a fome! Espero que saiba o que está fazendo.

Gaab sai me deixando sozinho enquanto termino meu almoço que de repente ficou tão apetitoso para mim. Termino meu almoço e após limpar minha mesa foco no trabalho acumulado.

Natasha passou a tarde comigo me ajudando a resolver algumas coisas até que se aproxima o horário de Ayla ir embora.

— Natasha, você já pode ir... Mas antes vá até a sala da assistente do Gaab e diga para ela vir até aqui.

— Sim, senhor Storn.

Ela sai e eu vou para onde consigo ver a cidade quase toda, a melhor vista da janela. Fico ali com as mãos nos bolsos até que ela bate na porta e entra.

— Precisa de algo, senhor Storn?

— Vem até aqui! — ordeno sem me virar para ela.

Assim que ela se aproxima observo seu olhar em mim e depois para o horizonte. Ela não fala nada.

— Tenho uma proposta para você. Essa proposta vai mudar sua vida em todos os sentidos.

— Obrigada por pensar em mim, mas eu recuso sua oferta.

— Eu ainda nem falei do que se trata. Como ousa recusar sem nem ouvir o que tenho a dizer?

— Porque estou bem onde estou, senhor Storn! Trabalhar com o Gaab é um sonho, não preciso de mais nada. — ela fala isso se vira e anda em direção a porta.

— Nem do dinheiro para a cirurgia do seu irmão? — pergunto a fazendo parar onde está — Mais o tratamento dele após a cirurgia por um ano.

— Como você? — ela pergunta sem se virar para mim — Como você sabe disso? O Gaab te contou?

Me aproximo dela por trás e abaixo o suficiente para sussurrar no seu ouvido:

— Ele sabia? Interessante. Mas, não foi ele que me contou. Então, Ayla, é só você assinar um contrato comigo de submissão e você terá um valor extra por mês para gastar com você, terá o pagamento da cirurgia do seu irmão e o tratamento após a cirurgia... Você só precisa dizer aceito e assinar o contrato.

Ela se vira para mim e me dá uma bofetada.

— Não sei exatamente onde você quer chegar, mas pelo pouco que sei me recuso a virar seu objeto de prazer malicioso.

Ela sai da minha sala feito um raio no meio da tempestade. Mas sei que ela vai voltar, é só uma questão de tempo.

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