Capítulo 10

Ayla

Estou na minha sala terminando de enviar uns emails a pedido do Gaab quando uma mulher muito bonita e sem um pingo de educação entra na minha sala.

— Por que alguém tão sem graça como você chamou tanto a atenção dele?

— Na empresa Storn não ensinam que precisa bater na porta antes de entrar? E sobre quem você está falando?

— Você é do tipo que se faz de inocente... Entendi. O senhor Storn a espera na sala dele, agora. Não o faça esperar.

— Você realmente acha que vou deixar meu trabalho para terminar depois só para ir até a sala do seu chefe?

— Isso não é problema meu! Ele manda, nós obedecemos. Se gosta do seu emprego é melhor não atravessar meu caminho.

— É você que está atravessando o meu. — lanço meu olhar mais odioso para ela que sai do mesmo jeito que entrou.

Quando termino o que Gaab me pediu, vou até a sala de Devon apenas para ouvir o maior absurdo do mundo. Sei que não entendo muito desse negócio de submissão, mas já li livros e assisti filmes e eu não vou abaixar minha cabeça para ele.

Eu me excedi e dei uma bofetada nele, será que ele vai me demitir por isso? Espero que não. Fiquei tão nervosa e preocupada que decidi ir direto para o bar onde Antonella trabalha. Chegando lá ela me analisa e diz:

— Nada de cerveja para você hoje... Vamos de tequila.

— Amiga, do jeito que estou vou aceitar que você pague minha bebida... Estou sem grana.

— Deus sorte, tem vinte drinks pagos para mim. Mas vamos lá para o outro canto do balcão, parece que precisa conversar.

— E preciso muito.

Ela me serve mais três tequilas até que tomo coragem para contar o que aconteceu comigo no escritório do Devon. Ela me olha de boca aberta.

— Amiga, eu sabia que ele queria algo selvagem com você, mas isso superou minhas expectativas.

— E você tinha alguma?

— Várias, confesso!

— Isso não tem graça, Antonella! É a minha vida e a do meu irmão. Estou em guerra por dentro.

— Eu entendo. — ela fala séria enquanto me prepara outro drink — Você tem nas mãos o que pode salvar seu irmão, mas vai custar sua dignidade e sua virgindade.

— Meu Deus, ainda tem isso... Antonella, eu seria uma irmã má ao pensar em mim pela primeira vez na minha vida?

— Não! Mas a minha resposta não vai amenizar o que você está sentindo por dentro. Vou ser sincera, amiga... Eu não sei o que faria se estivesse vestindo a sua pele, prefiro ficar nua.

Suspiro com dificuldade e coloco minha cabeça no balcão. Por que algo tão bom veio diretamente das mãos do diabo e com uma proposta absurda? Eu não vou vender minha alma para lúcifer... Talvez se Gaab me fizesse essa proposta sem um interesse por trás apenas meu trabalho duro para pagar de volta seria mil vezes melhor.

— Ayla, você está bêbada. Não vou te servir mais uma gota. Espera só mais meia hora vou te levar para casa.

Ao chegar em casa meus pais não estão, hoje é a noite deles com James. Antonella me ajuda a tomar banho e me vestir, depois me coloca na cama como se eu fosse uma criança.

— O que seria... — falo embriagada — O que seria de mim sem você?

— Uma chata sem uma linda visão da vida! Agora vai dormir porque eu preciso ir embora... Sai mais cedo para fotografar meu noivo com a amante e depois espalhar pelas redes sociais dele.

— Aquele... Aquele desgraçado está te traindo?

— Há seis meses, acredita? Eu já queria um motivo para terminar e ele me deu de bandeja. Agora preciso ir... Beijinhos, minha bêbada fofa.

Ela sai me deixando ali, logo adormeço e tenho um sonho erótico com Devon. No sonho ele algema meus pulsos e prende meus tornozelos com corda em uma cama de veludo preto. Acordo quando ele me toca em um lugar que não quero ser tocada por ele.

— Filha, te acordei? Só estou pegando as roupas sujas.

— Mãe, já te falei que posso fazer isso antes de ir trabalhar. A senhora já faz coisas demais. E o James, como está?

— Ele teve febre essa noite, quando saímos de lá ainda não tinha baixado... Estou tão preocupada.

Minha mãe se senta na beirada da cama e chora. Me sento e a abraço. Meu coração se parte mais uma vez, não suporto vê-la chorar.

— Mãe, estou juntando dinheiro, vai dar tudo certo.

— Como, minha filha? Tudo o que sobra dos nossos salários temos que usar para nos alimentar. Estou começando a tentar me convencer de que a qualquer momento vou ficar sem o meu filho.

— Isso não vai acontecer, mãe. James tem o direito de viver uma vida ao nosso lado, vou economizar mais, arrumar uns extras... Qualquer coisa.

— Eu te amo, Ayla. Mas já matou sua vida demais por essa família, talvez esteja na hora de viver sua vida.

— Do que está falando, mãe?

— Suas amigas da época de escola já tem filhos e marido, talvez esteja na hora de você ter sua própria família.

— A Antonella não tem! Mãe, não preciso disso agora. Vamos, preciso trabalhar e ficar hoje a noite com o James.

Ajudo minha mãe a colocar a roupa na máquina, depois tomo banho e tomo meu café da manhã. Tiro a roupa da máquina e penduro na varanda, quando estou saindo vejo a notificação do proprietário da casa dizendo que vai aumentar o aluguel... Agora ferrou tudo.

A noite cai e eu vou para o hospital, foi surreal, minutos depois que cheguei James ficou roxo e teve uma parada cardíaca. Me colocaram para fora do quarto, eu batia na janela de vidro com as duas mãos e gritava por ele.

— James? Aaahhh... James, não morre, por favor. Nossos pais não vão aguentar se você morrer... James?

Estou desesperada, é a primeira vez que algo assim acontece com ele. Quando o médico o traz de volta eu me sento no chão com as mãos no rosto.

— Senhorita Lennon? — o médico me chama e eu olho para ele de onde estou — Seu irmão não tem mais muito tempo... Eu sinto muito.

Eu volto a chorar sentada onde estou, não tenho coragem para entrar ali de novo e ver ele como está. Depois de um tempo me levanto e olho pela janela, ele está no balão de oxigênio e com vários fios preso em seu peito por tiras. O que eu faço, Deus?

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***