Capítulo 12

Ayla

Estou na minha sala tentando me convencer a ir até aquele babaca para saber melhor sobre essa proposta que pode salvar a vida do meu irmão. Mas meus pés se recusam a sair do lugar, covarde, sou uma covarde.

Lágrimas teimosas encharcam meu rosto, olho para o horizonte pedindo para Deus uma solução que não envolva me entregar para um sádico... Mas quando peço para Deus uma resposta, um sinal, aquele homem entra na minha sala como vento em tempestade.

Ele se aproxima de mim, coloca as mãos no vidro da janela quase impedindo uma suposta fuga minha. Quando ele sussurra em meu ouvido sinto meu corpo gelar até congelar minha alma. Pensei que o inferno fosse quente, mas me enganei. Me viro para ele o encaro, minha mão coça para acertar seu rosto.

— Se afasta. — falo e ele tira suas mãos de onde estão, coloca atrás das costas e dá dois passos para trás.

— Creio que você ou melhor, seu irmão, já não tenha muito tempo. Vai mesmo pensar no seu orgulho em um momento como esse? — ele pergunta ainda olhando nos meus olhos frios.

— Senhor Storn, creio que aqui não seja o lugar para falar de algo tão desagradável. No entanto, estou disposta a ouvi-lo. Porém quero deixar claro que qualquer decisão que eu tomar será exclusivamente para salvar alguém que amo mais que a mim, então pense bem antes de brincar com a minha vida.

— Mas eu não quero brincar com a sua vida, quero brincar com o seu corpo. — arrogante e insolente ele fala quase me desafiando a estapia-lo.

— Você pode falar como um ser humano normal pelo menos? — pergunto irritada.

— Eu não sou normal! — ele me olha como se fosse me devorar — Podemos conversar em outro lugar se preferir.

— Por favor, escolha um onde ninguém possa me ver ao seu lado. Não quero minha imagem ligada a você de forma alguma.

Ele dá uma gargalhada alta e depois olha para mim com arrogância.

— Sou eu que sou a figura pública aqui, não você. Mas tudo bem, tem razão. O que vamos fazer não pode ser interrompido. Me espere na garagem em cinco minutos, vamos para um lugar privado.

Ele sai da minha sala sem me dar a chance de falar mais nada. Vou até o banheiro, me olho no espelho tentando reunir coragem para descer e esperar por ele. Após olhar para mim por uns minutos eu desço.

Ao chegar na garagem vejo ele em seu carro com um olhar mortal para mim.

— O que foi?

— Eu disse cinco minutos, não dez! Se já tivesse assinado o contrato seria punida por mim.

— Então, ainda bem que não assinei.

Entro no carro e bato a porta só para irritá-lo. Me sinto confortável ao ver que o vidro do carro dele impede de quem está lá fora ver aqui dentro. Não quero que me vejam com ele.

Chegamos num edifício muito alto, seguimos para o elevador e ele passa um cartão magnético e aperta o botão do vigésimo andar, o último andar. Meu Deus, muito alto. Não olho para ele apenas para a porta à minha frente.

Quando chegamos no andar e as portas se abrem vejo uma pequena sala e depois duas portas duplas, ele passa a chave magnética e a porta destranca.

O apartamento dele é enorme, tem uma vista incrível da cidade. Dá para ver que o amanhecer do sol aqui deve ser uma visão do paraíso.

— Por que me trouxe para o seu apartamento?

— Você queria privacidade e eu queria a minha casa! Sente-se, leia esse contrato, você tem meia hora para ler e me dizer o que acha e se quer mudar algo nele.

Pego o contrato e começo a ler, ele foi bem exigente. Aqui diz que só poderei ficar com ele nesse período de vigência do contrato e que não posso me aproximar de homem nenhum.

Não posso beber, fumar e sair para a balada. Não posso ligar para ele ou mandar mensagem. Não posso tocá-lo ou beijá-lo. Não posso me apaixonar por ele... Tem uma lista do que vamos fazer e do que ele vai usar em mim.

Risco alguns itens que me deixam desconfortáveis. Mas acho que ele está exigindo demais de algo que não será um relacionamento. Termino de ler e entrego para ele com as coisas que marquei.

— Posso alterar o que marcou, mas não muda o fato de que você não pode ter nenhum contato com outro homem enquanto estiver comigo.

— Não sou o tipo de mulher que flerta com outros enquanto está com alguém.

— A regra mais importante, Ayla, é você não se apaixonar por mim. Caso aconteça quebrará o contrato e terá que me devolver tudo que lhe dei.

— Isso nunca vai acontecer, Devon. Porque no mundo real a Bela nunca se apaixona pela Fera. E minha vida não é um conto de fadas.

— Acho que estamos na mesma página então.

— Você está errado, não estamos na mesma página e muito menos no mesmo livro. Estamos em livrarias diferentes que por coincidência acabou no mesmo catálogo.

— Vou revisar e imprimir novamente para que você assine, fique aqui, volto em poucos minutos.

Devon me deixa na sala e sai, eu fico ali admirando a vista linda da cidade e quando vi a noite já estava ali, linda. As luzes da cidade parecem estrelas na noite linda e calma. Devon me tira daquela calmaria ao se aproximar e se sentar ao meu lado.

— Aqui está, pode ler novamente se quiser. Eu já assinei.

— Estou vendo que já. Aqui diz que se eu assinar você vai pagar a cirurgia do meu irmão e mais um ano de tratamento pós cirúrgico.

— Além de uma mesada para você usar com você. Cada linha do que está aí vai acontecer como se deve... Você leu que se não for obediente será punida e eu não vou pegar leve?

— Sim, está bem marcada essa parte! Mas tenho algo para te falar... Não sou experiente na cama.

— Não teve relacionamentos?

— Nunca me relacionei com ninguém!

— Se você nunca se relacionou com ninguém isso quer dizer que você é... — ele para de folhear o documento e olha para mim com um sorriso sádico em seus lábios — Você é virgem, Ayla?

Não consigo responder, minha voz some apenas afirmo com a cabeça e o sorriso dele fica maior ainda. Sinto o prazer que ele está sentindo ao saber disso, dá para ver o fogo queimar em seus olhos.

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