Capítulo 8

Ayla

Já estou trabalhando no grupo Storn faz um mês, trabalhar para o Gaab é como estar no céu, já encontrar com Devon é uma passagem direta para o inferno de tobogã sem escalas.

Mas tenho que dizer que o salário ajudou esse mês depois de passar o que odeio ver meus pais passando. Na minha folga fui para o hospital e tive uma agradável surpresa, Gaab foi visitar meu irmão no horário do almoço.

— Gaab? O que está fazendo aqui? — pergunto ao vê-lo entrar com flores.

— Vim conhecer seu irmão! Essas flores são para alegrar o ambiente.

— Gaab, você deveria estar almoçando agora e não aqui.

— Eu já almoço todos os dias, posso sair daqui e comprar alguma coisa para comer no escritório. Na verdade, nem estou com tanta fome. Olá James, sou Gaab, colega de trabalho da sua irmã.

— Oi Gaab, minha irmã falou muito de você. — James fala com a voz arrastada.

— Tudo bem, vocês já se conhecem. James, evite falar, Gaab, agradeço a visita. Como foi a parte da manhã sem mim?

— Foi um tédio! Você é a única que ri das minhas piadas. Ninguém tem senso de humor naquele lugar.

— Não se preocupe, amanhã estarei de volta. — olho para James e depois para Gaab o puxando para longe da cama sussurro: — Como está a senhora Storn? Soube algo mais?

— Parece que ela vai sair do hospital depois de três semanas de greve de fome. Não imaginei que Devon tivesse herdado a teimosia da mãe dele.

— Pelo menos isso tirou ele do escritório por quase quatro semanas, me deu paz para trabalhar. Mas ela está melhor?

— Sim, voltou a se alimentar há três dias. Não comente para ninguém as coisas que conversamos, antes de confiar em você guardava os problemas de Dev só para mim. Era como carregar montanhas nas palmas das mãos.

— Agora pode dividir o peso comigo, te ajudo a levar. Quando eu não estiver no escritório pode me ligar que te atendo.

— Obrigado... Olha, seu irmão está dormindo.

— Sim, ele foi medicado antes de você chegar e um dos remédios o deixa com muito sono.

— Vai passar a noite aqui?

— Sim! Meus pais ficaram ontem, hoje é minha vez.

— Não precisa chegar tão cedo amanhã, chega no horário do almoço, podemos almoçar juntos.

— Gaab, sei que está sendo um chefe legal, mas prefiro chegar no horário. Não quero que criem fofocas sobre nós.

— Já te falei que isso não vai acontecer.

— Vou te contar o que aconteceu comigo no meu último emprego... O chefe era um anjo comigo até o dia que ele enfiou a mão por baixo da minha saia e eu dei uma surra nele. Mas o boato que se espalhou pela empresa era que eu o seduzi e como ele não caiu na minha eu dei uma surra nele para me fazer de inocente.

— Que canalha, eu jamais faria isso com você.

— Eu sei que não, você é o primeiro chefe realmente sincero que tenho em anos. Não quero abusar da sua boa vontade.

— Então durma pelo menos por três horas antes de ir trabalhar. Ser assistente do vice-presidente da empresa requer uma mente descansada. Eu insisto.

— Tudo bem, posso sair daqui às cinco da manhã, vou dormir bem para trabalhar disposta.

Ele olha para James por um tempo e depois olha para mim, sinto que ele está curioso até que pergunta:

— Ele teve uma vida normal na infância? Escola, amigos, jogar bola... Coisas assim.

— Não! Ele estudou por um tempo, mas sempre passava mal e parava no hospital. Não podia jogar bola ou qualquer outra brincadeira que exigisse esforço físico, com tudo isso também não conseguia manter uma amizade por mais de uma semana até que ele decidiu não querer mais fazer amigos. Sou a única amiga que ele tem.

— Não mais. Virei visitá-lo todos os dias, vou trazer um presente para ele amanhã que o deixará conectado com nós dois. Me aguarde.

Gaab sai sem me dizer qual é o tal presente, ele parece ser um sonho, nunca conheci alguém tão altruísta quanto o Gaab. Olho para James e sei que ele não vai acordar tão cedo então decido visitar Antonella no bar que ela trabalha.

— E aí, gata? Uma cerveja por minha conta? — ela pergunta já jogando uma cerveja para mim.

— Amiga, se continuar me dando bebida de graça quando venho aqui vai ser demitida!

— Não vou. As bebidas que te dou são as que os clientes tarados pagam para mim e eu não bebo. Por isso é por minha conta.

— Mas hoje quero ser uma cliente normal, separei cinquenta pratas para beber como uma pessoa normal.

— Desde quando sobra cinquenta pratas no seu bolso?

— Desde quando comecei a trabalhar no grupo Storn!

— Sério? Me disseram que o dono de lá tem a aparência de um príncipe do mal, todas querem, mas nenhuma o tem.

— Não acho ele isso tudo. — falo bebendo minha cerveja.

— Já encontrou com ele?

— Mais do que eu gostaria!

— Agora quero saber de tudo, pode contar.

Ela me coloca sentada do outro lado do balcão onde não tem ninguém, conto para ela como Devon Storn realmente é e ela dá risada.

— Não tem graça, Antonella.

— Tem sim, vocês querem fazer sexo e não é sexo com gentileza é sexo com pegada, aquelas pegada que a palma da mão dele vira quase uma tatuagem na sua bunda. — ela volta a rir.

— Você só pode estar louca, como vou desejar algo que nunca fiz?

— Ah, mas você deseja e deseja com ele!

— Só se eu morrer e nascer de novo, acho que nem assim.

— Tá legal, vamos fingir que você não está louca para sentar no colo do senhor gostoso e ganhar umas palmadas enquanto rebola no colo dele.

— Antonella? Se continuar eu vou embora.

Ela para e nossa conversa muda de rumo até eu me pegar falando o quanto odeio o olhar que Devon lança sobre mim... O que está acontecendo comigo? Por que estou falando sobre aquele homem?

Minhas cinquenta pratas acabam e eu volto para o hospital para ficar com James... Mas Devon não deixa meus pensamentos. Que homem arrogante.

Antonella

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