|T01E15| As memórias de Stella

Nota: contém tema sensível e gatilhos. Qualquer palavra ou expressões de linguagem partem da visão e perspectiva do personagem, e não do Autor!

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...[Quadra de voleibol — Escola — Tarde]...

De repente, os seus olhos abrem e com um suspiro ela desperta:

Stella — (O que está acontecendo? — Pensa sem poder se mexer)

Um dos colegas de classe que estava do outro lado da quadra com a bola na mão, corre para frente enquanto joga a bola para o alto e com um pulo ele faz o seu saque no meio do campo adversário, a acertar bem no rosto de Stella que vai ao chão:

— O que foi isso Stella? Era para defender com as mãos e com a cara. — Diz a ela, durante o pequeno intervalo para a outra equipe comemorar e retornar a partida.

— Eu realmente não entendi essa... — Diz a ficar muito indignada com a Stella. — Era só... — Gesticula um movimento de passe. — Agora vamos perder essa partida! Parabéns!

— Você está bem, Stella? — Pergunta a capitã da equipe a pôr a mão no seu ombro.

(Ela) — Eu acho que tô com enjôo...

Nesse momento, Stella percebe que está em uma memória sua, porém, sem conseguir ter o controle dos seus movimentos e nem da sua fala, mesmo a sentir tudo o que acontecia ao redor, como se estivesse literalmente a reviver aquela lembrança, apenas a conseguir pensar e ter consciência de tudo o que iria ocorrer em diante, sem pode impedir.

Ela queria entrar em desespero, tentar fugir daquele lugar, chamar Pardolome ou até Jeremy para ajudá-la, mas estava impossibilitada de qualquer ação ou reação, sob o total domínio da anomalia de Pardolome, que não queria que isso acontecesse, e a batalha contra o espectro só o atrasava de ajudá-la.

— Substituição! — Alguém grita, e Stella é substituída por outra jogadora, a sentar no banco de reservas que estava vazio.

Jayden — Ei! Eu vi você jogar. — Chega a sentar ao lado dela e oferecer uma garrafa de água.

(Ela) — Pois é, eu estava indo até bem, mas esses enjoos acabaram por me fazer tomar uma bolada na cara. — Diz a sorrir e pegar a garrafa oferecida.

Jayden — Stella... — Segura no ombro dela. — Sabe que não precisa jogar quando não estiver bem de saúde, e também, eu não quero que você se cobre tanto. — Diz a olhar nos olhos dela. — Você está entre as melhores jogadoras desse ano! E cada partida que passa, isso se torna cada vez mais evidente. Você é boa o suficiente para o vôlei, mas precisa descansar. Está me escutando, Stella?

(Ela) — Eu tô... — Diz a sorrir e olhar para ele. — É só um enjoo, logo passa. Sabe que eu não consigo ficar sem jogar uma partida.

Jayden — Sim, eu sei. — Responde a olhar para a partida.

(Ela) — É que a minha cabeça está a mil!... — Toma um pouco da água. — Eu só consigo pensar na peça teatral em que eu vou participar. — Fecha a garrafa com a tampa.

Jayden — Eu soube ontem, que você vai fazer um dos papéis principais. Está ficando popular em... — Diz a cutucar com o cotovelo no braço dela.

(Ela) — Eu? — Pergunta a sorrir, e devolver a garrafa de água. — E desde quando o papel de arbusto virou um papel principal? — Fala para ele que ri.

Jayden — Mas não é esse o seu papel, até onde eu saiba. — Pega a garrafa que Stella devolve.

(Ela) — Está sabendo demais, garoto!... — Diz sorrindo a empurrá-lo de leve. — Você nem faz parte do grupo do teatro. — Olha desconfiada. — Me fala quem é a sua informante, vamos! — Começa a fazer cócegas nele.

Jayden — Você com as suas paranoias, eu não tenho informante! — Diz tentando se defender.

(Ela) — Ah!... — Diz surpresa. — Só pode ser aquela papagaia tagarela da Barbara! — Fala apontando para ela que estava na partida, a jogar no time adversário.

Jayden — É claro que não! — Nega a rir. — Ela mal fala comigo. — Enquanto fala, o professor apita e a partida termina.

(Ela) — Sabe no que eu estava pensando agora... — suspira pensativa. — Foi um erro nos colocar em turmas diferentes... — Diz a olhar para o chão.

Jayden — Éramos uma dupla incrível e implacável. — Diz pensativo, a também olhar para o chão.

(Ela) — O quê? — Diz a olhar para ele. — Ainda somos uma dupla incrível e implacável! — Cutuca com o cotovelo no braço dele que sorri. — Não temos culpa se eles não entendem o nosso senso de humor. — Diz a se gabar.

Naquele momento, o professor de educação física de Stella chega a interromper a conversa dos dois:

— Stella... — Olha para ela. — Preciso falar com você, sozinha! — Olha para ele.

Jayden — Mas o senhor não vai dar aula para a minha turma? — Pergunta para ele.

— Está com pressa, Jayden? — Responde com ignorância. — Vai avisar a sua turma para começar o aquecimento, que logo estarei aqui. — Diz para ele que se retira calado.

Stella e o seu professor vão até o vestiário feminino, que naquele momento, estava completamente vazio:

(Ela) — O que estamos fazendo aqui no vestiário, professor?

— Eu deixei aqui... — Procura em um dos armários. — Encontrei! — Pega uma peça de roupa e entrega a ela. — Esse é um presente pelo seu desempenho como jogadora, e eu falo com o seu treinador! — Diz enquanto Stella pega o presente da sua mão .

(Ela) — Obrigada... — Olha para a peça de roupa. — Esse é o novo uniforme do campeonato anual! — Reconhece pelas cores, a ficar contente.

— Eu não disse para a minha equipe ainda, mas eu pretendo colocar você na lista de seleção para esse campeonato. — Diz a sorrir para ela.

(Ela) — Mas... Assim tão de repente... — Diz confusa.

— É que eu percebi o quanto você é talentosa! E você já completou os seus 12 anos, e agora pode iniciar a sua carreira como jogadora de vôlei. E eu sei que esse é o seu maior sonho! — Se aproxima dela. — Você me conhece, Stella, e sabe que eu fui o maior responsável pela carreira de várias mocinhas como você. Novas... — Dá um passo à frente. — Lindas... — Dá outro passo à frente — Talentosas... — Fica na frente dela. — E que já tem um corpo... — Sussurra no ouvido dela com um sorrir de canto.

(Ela) — Eu preciso ir agora, professor... — Diz a recuar muito desconfortável com aquela situação.

— Espera!... — Segura com força no braço dela, que consegue se soltar com medo. — Desculpa... Eu não queria machucar o seu braço. É que eu ainda não terminei o que eu ia dizer.

(Ela) — Professor, o senhor está me assustando. — Tenta seguir na direção da entrada do vestiário, mas é impedida por ele, que segura a porta com a mão.

— Eu pensei que você fosse mais esperta... — Diz a passar a mão levemente no ombro dela, que recua.

(Ela) — Eu não sei do que você está falando... — Fala com muito medo, enquanto dá passos para trás.

— Sabe sim... — Começa a sorrir, a se aproximar. — Uma garota com um corpo lindo como você, já deveria saber qual o melhor caminho para conseguir essa oportunidade mais cobiçada entre as equipes...

(Ela) — Professor, o senhor está me assustando... Por que está falando assim? — Se escora na parede, sem mais espaço para se afastar dele.

— Não precisa se assustar... Se fizemos agora, vai ser bem rápido e ninguém precisa saber. — Passa a mão pelo rosto dela. — Eu sei que você quer essa oportunidade de ter uma carreira, foi por isso que eu te dei essa chance... — Começa a pressionar ela contra a parede. — Mas se quiser privilégios... — Diz no ouvido dela. — Vai ter que fazer o que eu quero...

(Stella — Não... Essa memória de novo não... Por favor... Não...)

(Ela) — Para!... — Empurra ele, que agarra nos braços dela. — Me solta!... — Grita a tentar soltar-se.

— Não precisa dificultar as coisas, Stella... — Diz com raiva. — Todas as outras meninas da sua idade aceitaram a minha proposta, e só você quer se fazer de difícil!... — Diz a apertar com força o braço dela.

(Ela) — Eu não sou igual a elas!... — Diz para ele, a continuar resistindo, pressionada contra a parede.

— Uma hora você vai cansar... E quando eu terminar, você ainda vai correr atrás de mim querendo mais!...

(Ela) — Eu tenho nojo de você!... Nojo! — Consegue chutar nas partes baixas dele, que recua a sentir o golpe, e olhar com mais raiva para ela.

— Sua preta vagabunda! — Desfere um tapa no rosto dela com tanta força, que a derruba no chão. — Eu me enganei com você... Pensei mesmo que você fosse que nem as outras, mas realmente você não é igual a elas... Você não tem o mesmo nível que elas, e nem a mesma cor! — Diz com raiva a olhar para ela jogada pelo chão do vestuário. — Um corpo tão bonito... Um talento excelente... Pena que a sua cor estraga tudo. — Fala com um olhar de desdém.

Stella se levanta a tentar sair, mas o professor chuta ela que bate com violência nos armários, a fazer ela ficar jogada e sentir muita dor:

— Pessoas da sua cor tem mesmo é que sofrer... E onde eu estava com a cabeça de querer fazer algo com você. — Começa a rir de desprezo. — Olhar para a sua cor meu deu nojo! — Se dirige até a entrada do vestiário. — E não adianta tentar contar para alguém, porque ninguém vai acreditar em você, e eu ainda vou descobrir... E pode ter certeza que a partir de hoje o seu sonho vai se tornar um pesadelo.

Após dizer isso, ele vai embora do local enquanto Stella se levanta a sentar no banco ao seu lado, e por alguns minutos espera a dor no braço passar. Ao sair do vestiário para atrás da quadra correndo, ela para, a ficar encostada na parede até começar a chorar e ficar sentada ali mesmo.

(Stella — Essa memória estava esquecida... Por que eu fui lembrar dela?... Por que eu tive que sentir isso novamente?... Essa ferida estava a cicatrizar... E agora se abriu... Onde foi que eu errei?... Onde eu errei?...)

Em segundos, um portal abre-se próximo dela, e de dentro sai rapidamente Saiph, que ao tocá-la ao pular em cima dela, faz com que Stella se separe dela mesma do passado, voltando a ficar somente como espectadora da sua memória. Saiph estava em tamanho pequeno e cinza-claro, e não deixava Stella que ainda estava sob os efeitos daquela lembrança levantar, como uma agulha com linha, ele tentava fechar aquela ferida aberta e estancar o sangue que escoria dos seus olhos, pelas lágrimas quentes que derramava.

Em meio ao choro, um leve sorriso sinalizava que ele estava conseguindo, porém, não seria de imediato, e ao se levantar e pegar Saiph nas mãos, Stella olha para ele aliviada com a sua presença, e o abraça com força, enquanto aquela memória continuava:

Jayden — Stella! — Corre até ela ao vê-la sentada no canto. — O que aconteceu? Você não tinha ido para casa? — Pergunta preocupado com o estado que ela estava. — Por favor, Stella... Fala comigo. — Põe a mão no ombro dela.

(Ela) — Não encosta em mim! — Reage assustada, a tirar a mão dele do seu ombro. — Eu... Só estou a esperar os meus irmãos virem me buscar. — Tenta disfarçar ao limpar o rosto.

Jayden — Stella... — Olha nos olhos dela. — Antes de jogar a partida, eu perguntei se iria sozinha e você me disse que sim. — Segura devagar na mão dela. — Não precisa mentir para mim, somos amigos e você me permitiu te conhecer o suficiente, para eu ter certeza que aconteceu alguma coisa... — Percebe o uniforme novo jogado no chão. — Que não quer contar.

(Ela) — Por favor... — Começar a derramar lágrimas novamente. — Só me deixa sozinha... — Se levanta a pegar o uniforme novo, limpar o rosto e dá as costas para ele.

Jayden — Desculpe, Stella... Mas você me conhece e sabe que eu não vou embora. — Olha para ela que ainda está de costas. — Pode me dizer... Foi aquele seu treinador, não é? Ele tentou se aproveitar de você?... — Ela fica em silêncio e sem esboça reação. — Foi o que eu pensei... — Diz com uma expressão séria a passar por ela.

(Ela) — Espera Jayden! — Diz a segurar na camisa dele. — O que você vai fazer? — Pergunta com medo.

Jayden — Se ele tentou abusar da minha amiga, eu vou tirar satisfação! — Diz revoltado. — Isso não pode ficar assim... Bem que eu percebi como ele te olhava, e o quanto ele queria ganhar proximidade com você... E eu fui um tolo em não te alertar sobre as atitudes dele. — Diz a tentar ir.

(Ela) — Por favor, não faz nenhuma besteira!... Você não teve culpa de não ter me avisado... — Diz a entrar em desespero.

Jayden — Não Stella... É você quem não teve culpa dele ter tentado te abusar! — Diz a olhar nos olhos dela, e não suportar ver o seu estado de dor. — Se não quer que eu vá até ele tirar satisfação.... Então diz para mim, Stella... O que aconteceu quando vocês estavam sozinhos. Assim eu vou poder te ajudar melhor... Me diz?

Ela o abraça a chorar muito, e confessa tudo o que aconteceu para ele que apenas ouvia em silêncio, e com muita tristeza por saber que ela havia sido abusada. Após ela confessar, ele diz abraçado com ela:

Jayden — Você precisa denunciar ele por isso... Esse racista abusador! — Diz ainda com raiva. — O meu pai é um investigador e já faz algum tempo que ele vem observando os passos desse homem, desde que nos mudamos para essa cidade, onde eu tive o privilégio de te conhecer...

 (Ela) — Pelo mesmo crime?... — Pergunta após se abraçarem.

Jayden — Não somente por isso, mas... também por uma suposta organização secreta chamada "Cubos", e pelo seu envolvimento com os desaparecimentos acontecidos há alguns anos atrás. Eu não sei muito sobre esses coisas, mas o meu pai deve saber... E de qualquer forma, esse cara vai pagar pelo que ele fez com você! — Segura na mão dela. — Vem... Vamos embora daqui.

E eles desaparecem com poeiras ao vento:

Stella — Agora eu lembro... Aquele homem fazia parte dessa organização que me sequestrou anos depois. — Olha para o Saiph. — Mas não pode ter sido ele quem me sequestrou... — Começa a lembrar. — Meses depois desse dia, ele foi acusado de todos os crimes que ele cometeu, e essa organização pelo qual ele fazia parte ficou muito conhecida na mídia.

Stella — Ele perdeu o emprego, a sua carreira, se divorciou com a sua esposa, perdeu a guarda do seu filho e estava aguardando pelo julgamento, quando foi encontrado no seu apartamento com sinais de suicídio. — Diz para Saiph que estava no seu ombro.

Então, uma voz ecoa naquele lugar: — Stella, você precisa voltar logo!

Stella — Pardolome?... — Reconhece a voz.

Saiph — Gru! Gru! — Faz um som fino.

Stella — Eles estão em batalha? — Diz a entender a linguagem dele.

Saiph — Gru! Gru! — Pula do ombro até o portal.

Stella — E que eles precisam de mim?... Ah! É verdade mesmo! O espectro de "Mintaka" está lutando contra eles! Vamos por fim nessa batalha, Saiph! — Diz a voltar a reluzir e voar na direção do portal junto dele.

E a memória finalmente encerra-se.

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Atualizado até capítulo 37

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