...Dimensão das águas...
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Numa dimensão inexistente da realidade, onde o solo era feito somente de camadas grossas de gelo, o céu completamente coberto de uma neblina espessa, e os ventos gélidos que sopravam vindo de todas as direções. Estava em pé com os punhos fechados e com um olhar raivoso, um garoto de corpo reluzente e em posição de ataque, pois, diante dos seus olhos azul-escuros, algo vinha da realidade por uma fenda aberta em pleno ar, à sua procura.
O ser fantasmagórico parecia não ter forma física, diferente do garoto que, apesar de humano, estava completamente envolvido por um poder emanado de uma parte de fragmento, que estava cravada na carne do seu antebraço direito. À medida que a fenda aberta aumentava, o garoto acumulava todo o poder que tinha, como se estivesse a esperar por aquele momento, o seu poder era o que mantinha toda aquela dimensão, e também o prendia nela. O poder não o matava, mas o prendia para sempre ali.
O ser consegue entrar na dimensão, e o solo começa a rachar, o garoto estava pronto para lutar, ele sabia o que fizera aquele monstro aparecer ali, era o poder daquela parte do fragmento. Com um pequeno impulso, o garoto pula em direção ao seu inimigo invasor e com um golpe de cima para baixo, toda aquela forma fumacenta se dissipa imediatamente, apenas para se juntar novamente, atrás do garoto.
Ambos pareciam compartilhar do mesmo poder, de núcleos e fontes diferentes, e o interesse de obter mais poder só tornava aquela batalha ainda mais predatória. Uma parte do ser toma a forma de garra e ataca o garoto pelas costas, a causar nele, três profundos cortes que o jogam para longe, deixando na trajetória, um rastro de sangue quente e fresco. O garoto grita de dor por um momento até o seu poder o curar rapidamente.
Dentro daquela nuvem monstruosa, haviam dois olhos como duas nebulosas em constante movimento, um som vindo daquele ser, era mais parecido com a voz humana. O garoto levanta com o rosto cheio de lágrimas e uma expressão de ódio no rosto, sem hesitar, ele avança novamente na direção da nuvem fantasmagórica, a gritar para ele: — TRAIDOR!... VOCÊ NOS ENGANOU!... MENTIU PARA NÓS!
Antes que o garoto conseguisse se aproximar, o monstro cria dois punhos de vento, para que um acertasse na frente e o outro atrás dele, ao mesmo tempo, e pela velocidade do ataque, o garoto é acertado sem tempo de reação. A pressão do ataque é tão grande que os seus ouvidos, olhos, nariz e boca sangram instantaneamente. Ao cair de joelhos, os ventos cessam, e a neblina espessa do céu começa a se movimentar em um grande círculo.
De repente, o monstro é surpreendido com o solo a desprender-se, e do espaço entre o gelo, subirem longas e extensas colunas, formando ao redor dele um labirinto. Furioso e com rapidez, o monstro tenta ir por cima, porém, é quase puxado pela neblina espessa do céu, que consegue ferir quem se aproxima. Insistente e ainda mais furioso, ele percorre por entre o labirinto de gelo, sem conseguir encontrar o garoto enfraquecido pelo ataque que recebeu.
No interior daquele monstro havia algo que reluzia, era um fragmento inteiro e pequeno, provavelmente, o que dava-lhe poder. Contudo, pelo tamanho ser duas vezes maior que a parte do fragmento do garoto, aquele ser tinha um poder limitado e menor, não permitindo criar dimensões, mas transitar entre elas. Ao ouvir o som que aparentava ser do garoto, o monstro cria duas garras e se prepara para atacar imediatamente ao encontrá-lo, mas ao chegar no lugar onde o som vinha, não havia ninguém.
Tudo aquilo era apenas uma distração, um som alto vem de todo o gelo ao redor do monstro, e as paredes gélidas começam a se juntar, não para esmagar aquele ser, pois não tinha nenhuma forma física, mas para destruir o pequeno fragmento que ele portava. Acumulado poder do seu fragmento, uma exploração concussiva é gerada, a destruir sem dificuldades todas as paredes de gelo, e causar grandes rachaduras no solo por muitos metros.
Ao observar o garoto em pé na sua frente, parado apenas a olhar com ódio para ele, o monstro tenta assumir a forma antropomórfica, mas não conseguindo manter completamente, apenas alcançando o tamanho adulto e humanoide. O braço direito do garoto, em que estava a parte do fragmento, começa a reluzir e sair vapor, e com um golpe no chão de gelo, o seu antebraço atravessa a superfície, e ressurge em baixo do monstro, duas vezes maior e com a cor azul-escuro, que o agarra com força a impedir dele se movimentar.
O garoto então caminha até o monstro, e os seus olhos estão como chama lívida e intensa, de repente, do céu cai as primeiras gotas de água, escondendo as lágrimas de alguém que esperou tanto tempo, para naquele dia poder vingar-se. A cada passo em direção ao monstro, todo o ódio reprimido aumenta, e o ser aprisionado, consegue atirar pequenas esferas de energia na direção do garoto, que com tapas desviava os ataques mal sucedidos para longe, e onde as esferas acertavam, explodiam e destruíam todo o gelo onde caíam.
— Éramos indefesos e inocentes — Dá um passo à frente.
— Viver era tudo o que nós tínhamos! — Dá mais um passo em frente.
— E você tirou isso de nós! — Chega de frente para o monstro.
— Você não tinha esse direito! — Começa a flutuar.
— Isso acaba aqui, Durcan!... — Cria uma lança de gelo na mão e acerta no fragmento dentro do monstro.
E novamente uma explosão acontece, mas dessa vez, toda aquela dimensão é abalada. O fragmento do monstro ficou com rachaduras, porém, não foi destruído. As duas energias de diferentes núcleos entraram em um iminente colapso, resultando numa catastrófica destruição daquela dimensão…
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Palavras são ouvidas ao fundo, quase inaudíveis, mas que, lentamente, ficava cada vez mais fácil de entender, a voz era de alguém conhecido, alguém próximo que insistentemente chamava pelo nome. Naquele milésimo de segundo não houve reação, mas depois, uma reação de quem está prestes a recobrar a consciência é feita: — O que aconteceu, Pardolome?
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Atualizado até capítulo 37
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