|T01E07| Dimensão das estrelas - Parte 2

Pardolome — (Jeremy! Você precisa sair o quanto antes! Use o seu poder agora, você está em perigo!)

Jeremy — (Eu não consigo, estou paralisado de medo... O que são essas coisas?)

E de repente, Jeremy é atingido por algo pontiagudo que atravessa a sua barriga, e ao se dar conta do que acabou de acontecer, ele percebe que foi ferido por um peixe-espada de vidro super-resistente. O peixe percorre com rapidez com Jeremy preso nele, e ele na tentativa de se soltar, estende a mão e agarra no bico do peixe a usar o seu poder para quebrar, mas o ser de vidro avança e sai da parede de água a cair com o bico no chão, a cravar ele no solo do corredor dimensional.

Jeremy fica preso entre o peixe e a superfície de vidro, e naquele instante, toda a energia dele estava concentrada no ferimento, a dificultar ainda mais a situação. Então, Pardolome ataca o peixe-espada com as suas garras afiadas, e ao perfurar o peixe de vidro com força, ele o despedaça apenas a ficar o bico pontiagudo.

Preso no solo com a barriga atravessada, Jeremy grita de dor:

Pardolome — Acalme-se, Jeremy! O seu corpo está a estancar o seu sangue, vou precisar tirar esse bico da sua barriga…

Um som é ouvido a vim das paredes de água, e após o som, vários peixes-espadas de vidro saem das águas para o corredor dimensional, a caírem do alto como chuva na direção de Pardolome, para também o perfurar. Ele desvia-se de alguns, solta o seu canto para destruir outros, porém, quanto mais combatia esses seres de vidro, mais deles apareciam, e então, ao alçar voo para ter vantagem no ar, um novo peixe surge do outro lado do corredor, a sair da parede de água na direção de uma das asas de Pardolome, o contando facilmente.

Jeremy — Pardolome! Não!!! — Grita ao ver ele sem uma de suas asas, no chão.

O peixe-serra de vidro, após atingir Pardolome e cair no chão, fica a se debater até conseguir contar a superfície de vidro e se ocultar por baixo da superfície.

Jeremy — Pardolome! Consegue ouvir-me? Por favor, responda... — Tenta quebrar o bico do peixe preso na sua barriga. — Você não pode morrer…

Pardolome — Jeremy, escute! As nossas vidas dependem que você reaja a essa situação! Tente se libertar e lute contra esses inimigos! Se não, iremos morrer aqui! Mais desses estão vindo! Você precisa fazer alguma coisa!

Jeremy — Eu não consigo... — Começa a chorar de dor.

Pardolome — Você consegue sim, Jeremy! Precisa confiar na sua capacidade! Eu sei que está ferido, mas ainda tem forças para lutar! Junte as suas forças e reaja! Você precisa lutar!

Jeremy — Eu não sou capaz de fazer nada!... Todo esse pode que eu tenho, e sou incapaz de usá-lo corretamente!... Eu já fracassei e não quero fracassar de novo..., mas não consigo, eu não consigo ser útil…

Pardolome — Não fique refém desses pensamentos, Jeremy! Você pode sair dessa situação, e nos salvar!

Jeremy — Eu não posso! Eu nunca consegui!... — chora copiosamente. — Eu não pude salvar nem a minha mãe!... A única pessoa que me amava foi tirada de mim, e eu não pude fazer nada!... Nada!... — Cria-se uma poça de sangue em baixo dele. — Eu, eu tenho medo…

Pardolome — Eu sei que está com medo, mas não deixo de acreditar em você! Eu também sinto medo, mas o que me fez sobreviver até aqui foi algo maior que o meu medo!

Naquele instante, peixes-espadas e peixes-serras vinham de todas as direções até eles, e o bico de serra do peixe que tinha entrado no chão surge, a cortar o solo de vidro na direção de Pardolome para o cortar ao meio.

Pardolome — Existe um sentimento dentro de você que é maior que o seu medo! E você precisa despertá-lo! Eu sei que você não pôde salvar quem amava, mas ainda dá tempo de se salvar! O medo está tentando te dominar e você precisa despertar a força que há dentro de você, a sua coragem! Tenha coragem, Jeremy, e reaja! E se não consegue fazer isso por si mesmo, faça por quem você ama! Se não consegue viver mais por você, viva por quem ainda te ama! Sobreviva, Jeremy, sobreviva!

Nesse momento, o bico pontiagudo que perfurava Jeremy se despedaça, e os seus olhos cheios de lágrimas começam a brilhar em azul-escuro, ele levanta a flutuar, e na carne do seu antebraço direito aparece a parte de um fragmento. Ao acontecer isso, todo o ambiente começa a ser envolvido por um poder vindo dele, a temperatura diminui rapidamente a congelar o solo de vidro, e o bico de serra do peixe que vinha na direção de Pardolome, é destruído antes de o alcançar.

Um abalo é causado nas águas dos dois lados do corredor dimensional, a fazer todos os seres que estavam nele, paralisarem. Jeremy estende os braços para os lados e as águas começam a movimentar desordenadamente, a desfazer todos os peixes de vidro em pedaços. E no fechar das mãos abertas, as águas congelam instantaneamente a esmagar todos aqueles peixes, a temperatura normaliza, e o corpo regenera por completo.

Toda a ameaça naquele momento foi destruída.

Jeremy pousa de joelhos, com os ombros caídos, e ainda a chorar. Pardolome consegue regenerar-se e obtém novamente uma de suas asas que foi cortada. O gelo criado pelo garoto, começa a derreter lentamente nas águas, e num voo de asas abertas, ele se aproxima de Jeremy, que parece não ignorar a sua presença na sua frente.

Pardolome — Não chore mais, você conseguiu vencer todos eles. — Tenta o consolar ao por uma de suas asas no ombro dele.

Jeremy — Não toque em mim! — grita a se afastar dele.

Pardolome — Se acalme, Jeremy, não há mais perigo…

Jeremy — Você podia ter feito alguma coisa! Podia ter derrotado todos eles, sem precisar de mim! Mas preferiu fingir! Tudo isso para quê? Para quê!?

Pardolome — Você viu o ferimento que eu recebi, eu perdi a minha asa! E diz que estou mentindo?

Jeremy — Eu consigo ver dentro de você! — (os olhos dele permaneciam em azul-escuro) — Você tem um fragmento inteiro no seu interior! — Se levanta a manter a expressão de raiva.

Pardolome — Esse fragmento não é o suficiente para levar você para casa!

Jeremy — Está mentindo... eu não acredito em você, não está me ajudando, por que quer, está ajudando por interesse! Está a testar até onde eu sou capaz de chegar com o meu poder! Para qual objetivo? O que mais esconde? Qual é a próxima mentira?

Pardolome — É mais complicado do que se possa imaginar.

Jeremy — Fica longe de mim... — Diz a recuar dele. — Eu vou para casa sozinho.

Naquele momento, sem o impedir, Jeremy correu sem parar enquanto chorava por tudo o que sentiu e passou, pelas memórias boas e ruins que vieram no seu pensamento, e a dor da perda de quem ele amava, um sentimento que não queria voltar a sentir. Pardolome apenas o observa a sumir ao longe, por trás da sua venda cinza, em completo silêncio, naquela dimensão não mais desconhecida.

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