Novamente Amanda se levantou, fazendo com que o burburinho cessasse. Ela olhou para cada pessoa ao redor da grande mesa e perguntou se alguém era contra. Ninguém ousou dizer sequer uma palavra, pois a empresa lhe pertencia e não havia o que ser feito a respeito. A nova CEO esclareceu que compraria as ações daqueles que não a aceitassem, pois era preferível para ela não trabalhar com machistas ou mesmo aqueles que não a consideravam capaz de administrar a empresa. A seus diretores e demais chefes de departamentos, deixou claro que se tivessem alguma dificuldade quanto à submissão – uma vez que a empresa passaria a ser liderada por uma mulher definitivamente –, poderiam se apresentar ao RH após a reunião.
Um de seus acionistas perguntou se ela não temia esvaziar a empresa com todas aquelas “ameaças”. Amanda sorriu, sarcástica. Respondeu que isso seria perfeito, pois poderia recomeçar a empresa, contratando apenas pessoas de sua confiança. Ele tentou argumentar novamente, dizendo que isso era mais trabalhoso do que ela ousava imaginar. Porém, Amanda fez questão de o lembrar de quem era seu marido. Ele a havia preparado, sua experiência de trabalho tinha sido com ele e já estava acostumada com a empresa que ele próprio construiu e estruturou. Garantiu que não teria dificuldade alguma de substituir qualquer pessoa, independente de quem fosse. Outro acionista lhe perguntou o motivo de sua insistência em ser CEO, sendo que já era dona e poderia apenas comandar tudo de casa. Amanda quis saber se o homem também gostaria de sugerir a ela que fosse lavar algumas louças, enquanto os homens cuidariam de seus negócios. Alguns chegaram a rir, mas ela disse com autoridade que ninguém seria mais apto para cuidar dos interesses da empresa, do que os próprios donos. Acrescentou que se certificaria de não haver nenhuma outra tentativa de motim e nenhum outro desvio de dinheiro, pois daquele dia em diante, o sistema mudaria. Ela pediu que Alexandre se levantasse e o apresentou como seu novo “braço direito”. Amanda lhe deu autonomia para atuar em todas as causas que envolvessem as finanças de sua empresa, avisando que ninguém tinha autorização para questioná-lo sobre suas decisões. De acordo com Amanda Roux, o diretor financeiro só deveria responder a ela. Quem tivesse dúvidas, deveria procurar por ela, pois teria todo o prazer de responder quaisquer perguntas. Já não havia falatório, mas os olhares que se cruzavam pela sala, diziam mais do que palavras.
Os ali presentes queriam saber o que Alexandre tanto escrevia e quais eram seus reais pensamentos durante a reunião, uma vez que mesmo com tão pouco tempo na empresa, já era de inteira confiança da nova CEO. Imaginavam que não teria a ver com segundas intenções, pois Amanda Roux tinha um homem rico à sua espera, em casa. Com isso, muitos passaram a temer Alexandre. Ele havia desmascarado os desleais. Amanda pediu que mostrasse as provas encontradas e os motivos das últimas demissões. Alguns ficaram inquietos nas cadeiras, se entreolhando. O novo diretor financeiro oficializava sua permanência no cargo naquele exato momento.
Alice estava do outro lado da mesa, olhando para Alexandre sempre que podia. O orgulho de vê-lo crescer em tão pouco tempo na empresa, garantindo seu lugar nela e tornando-se o braço direito da CEO, a fazia admirá-lo muito mais. Assim como o fato dele não ter sido um dos que se retiraram por não aceitarem uma mulher acima deles, a quem deviam submissão. Alexandre estava nitidamente confortável em sua nova posição, como se ela sempre tivesse pertencido a ele. Alice o viu encher três copos com a água que estava sobre a mesa. Ele havia servido um para Amanda, outro para Melinda, ficando com o terceiro. Alice ficava admirada com a gentileza natural que lhe caía tão bem. Inicialmente achara que aquilo não passava de uma maneira de conquistá-la, pois nenhum homem que conhecia, agia daquele jeito. Mas de acordo com que observava as atitudes dele com outras mulheres e via a gentileza se estender a outros colegas de trabalho – inclusive, seu assistente –, ela confirmava que tratava-se apenas de sua excelente educação. Mesmo quando não a encarava de volta, sentia uma atração fora do normal por ele. Lembrou-se do encontro que tiveram e de como chegaram perto de ultrapassar todos os limites.
A advogada Bianca – que conhecera Alexandre de uma maneira peculiar –, tentava não fazer contato visual com ele, pois estavam próximos na mesa de reuniões. No entanto, percebera que Alexandre era mais profissional do que esperava, pois em momento algum o viu perder a postura, sorrir ou se distrair. Aproveitando aquela concentração exemplar, Bianca se permitiu observá-lo um pouco mais, notando o quão atraente estava. Gostava de como ele se vestia para trabalhar, da maneira como ficava sério por um longo tempo, ainda que viesse à memória seu jeito irônico, quando a olhava de sobrancelha arqueada e um sorriso de canto. Tais lembranças a fizeram corar. Ela colocou a mão na testa, apoiando o cotovelo sobre a mesa e tentou focar nos papéis à sua frente. Estava completamente alheia à reunião, pois nada parecia tão intrigante quanto o novo diretor financeiro. Sentia-se interessada, contra sua própria vontade. Tinha a certeza de que ele era só outro garanhão que chegara à empresa. Bianca já estava farta daquele tipo de homem. Porém, parecia que seu corpo discordava plenamente. A maneira como ele mexia no pescoço para aliviar alguma tensão, as veias levemente saltadas das mãos, o tipo de olhar que a despia facilmente e o sorriso provocante, faziam todos seus sentidos se aguçarem.
Quando Amanda Roux passou a palavra para Alexandre, Gabriel rapidamente se levantou com algumas pastas nas mãos, posicionando-se próximo ao chefe. Aos poucos ele entregava o que era necessário para auxiliá-lo em seus argumentos. Ele também parecia confiante e muito profissional. Nada era pedido, Gabriel parecia saber exatamente o que seu chefe precisava e o momento exato. Ao ouvir um dos acionistas questionar a veracidade daqueles fatos, o assistente passou a distribuir as cópias dos relatórios de investigações feitas pelo Departamento Financeiro. Ele era ágil e eficiente, sempre priorizando a CEO e acionistas, antes dos demais. Melinda sorriu gentilmente para Gabriel, assim que recebeu sua cópia, mas notou o rapaz muito concentrado em seu trabalho, de forma que não havia notado.
Mirela tentou manter a postura indiferente diante de Gabriel, mas quando o viu passar à sua frente, não resistiu e o devorou com os olhos. Ele era atraente mesmo quando estava de costas. Mirela precisou disfarçar, para não ser pega no flagra se abanando com a mão. Quando ele se posicionou próximo a Alexandre, novamente viu-se hipnotizada, observando-o com atenção. O olhar sério, os lábios levemente carnudos, pescoço esguio e vestindo um conjunto social de uma alfaiataria famosa. A calça mostrava seus contornos masculinos nos lugares que mais a interessavam. Mirela pegou-se mordiscando o próprio lábio inferior, distraída. Por sorte (ou azar), Gabriel não olhara em sua direção, estava focado em seu trabalho. Ela imaginava como devia ser por baixo da camisa de linho, pois ombros largos ele tinha. Quanto mais sério e concentrado parecia, mais instigada Mirela se sentia.
Assim que Alexandre concluiu e se sentou, Gabriel também retornou a seu lugar. Ele sentiu a garganta seca quando seu olhar cruzou com o de Mirela. Nesse exato momento, ela cruzava as pernas lentamente. A jovem mulher estava vestindo um conjunto de terninho rosa claro com uma camisa branca de tecido fino por baixo. A saia não era excessivamente curta, mas possuía uma abertura do lado, de onde era possível ver suas coxas ligeiramente grossas e bem torneadas. Gabriel não teria outro lugar para se sentar, mas sabia que as provocações eram propositais, pois ela já não tentava disfarçar ou esconder. O olhar era sedutor, enquanto movia as pernas.
Ao terminar a reunião – que havia sido mais longa que o esperado –, Melinda tirou Amanda rapidamente da sala, pois o assistente pessoal de Afonso Roux lhe enviara uma mensagem, solicitando a presença de Amanda em casa. Mirela notou quando a garota acenou para Gabriel, antes de ir embora e ele retribuiu com sorriso gentil. Alice aproximou-se dos assistentes e pediu que fossem até algum lugar comprar os lanches necessários para ela e Alexandre. Acrescentou que eles não precisavam se apressar, podendo lanchar no local mesmo. Quando notou que Gabriel iria se opor, deixou claro que precisava conversar a sós com o diretor financeiro e não desejava ser interrompida. O rapaz precisou assentir, sem dizer uma palavra sequer. Mirela sugeriu que fossem no carro dele e que sabia de um lugar melhor que a cafeteria para encomendarem os lanches. Dizia isso mostrando um cartão de crédito, com um sorriso suspeito nos lábios. Gabriel novamente assentiu, a seguindo para fora da sala de reuniões. Alice adiantou seus passos como pôde, alcançando Alexandre. Ela avisou que seu assistente havia acompanhado Mirela a seu pedido e perguntou se ele teria um tempo para conversar a sós. Alexandre imaginou que seria cobrado pelo outro dia, já que não voltaram a falar a respeito e sua viagem repentina também o impedira de sair novamente com Alice. Ainda assim, ele concordou em recebê-la.
O elevador estava cheio, os líderes de departamentos conversavam sobre tudo que ainda estavam absorvendo. Alexandre e Alice sairiam por último, por isso, se posicionaram atrás de todos. Não trocavam sequer uma palavra. Ela sabia que as câmeras nada iriam filmar, já que havia muitas pessoas próximas umas das outras. Ela massageava o membro de Alexandre sobre a calça, sentindo o volume crescer.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 44
Comments