Cap.11 - A confiança

                                                   

   Alice estava nitidamente animada e desejosa pelo próximo passo de Alexandre. Ele também a queria, estava pronto para mostrar mais de seu lado nada profissional. Conseguia sentir a mão dela em sua coxa, a apertando e muitas vezes subindo por ele, a fim de sentir o volume destacado na calça de Alexandre. Por sorte, apesar de excitado, tinha boa concentração e o trânsito estava tranquilo.

   Quando faltava apenas duas quadras para chegar em seu apartamento, Alexandre recebeu uma ligação, vendo que na tela do celular aparecia o nome “CEO”. Conectou imediatamente o fone para a ouvir melhor. Era a primeira vez que recebia uma ligação de Amanda. Ficara surpreso, inclusive, quando sua assistente enviou o número particular da nova CEO e pediu total discrição. Significava que Amanda o tinha como alguém de sua confiança. Enquanto atendia à ligação, não questionou nada, apenas dava respostas curtas e objetivas como “sim, claro, entendo, ok”. Ao ouvir “estou a caminho”, Alice percebeu que a programação da noite havia mudado. Ele estacionou o carro e virou-se para ela, contemplando sua expressão confusa.

— Infelizmente precisaremos adiar nossa diversão. – Admitiu ele, pesaroso.

— Aconteceu alguma coisa? Está tudo bem? – Quis saber Alice.

— Não sei ao certo, mas tive uma reunião de negócios mais cedo e agora terei outra.

— Sério? O CEO está te convocando em pleno sábado e nesse horário?

— Sim, estou sendo convocado. Não posso dar detalhes, mas preciso ir. Sinto muito.

— Tudo bem, eu não moro longe daqui. Pedirei um Uber e chegarei em segurança.

— Se você mora perto daqui, faço questão de deixá-la em casa. – Garantiu ele.

— Não precisa. Você deve estar com pressa. – Disse ela, tentando abrir a porta.

— Você só sai daqui para a porta de sua casa. – Alertou ele, trancando as portas.

— É sério, não ficarei brava. Chateada, talvez. Mas não é culpa tua. – Disse Alice.

— Acha que quero te deixar em casa por peso de consciência? – Perguntou ele.

— Sinceramente, pensei que fosse. – Afirmou ela.

— Sou um homem, não um garoto. Vou te deixar em casa e depois irei para meu compromisso. Estamos voltando de um encontro satisfatório. Não terminará assim.

   Alice sentiu o coração pular uma batida. Olhava para ele perplexa com tal ousadia, mas também admirando-o ainda mais. Ela colocou o cinto de segurança e ensinou o caminho até sua casa. Alexandre manteve sua mão sobre a coxa de Alice, onde já não havia tecido algum. Ele a acariciava com os dedos, enquanto mantinha os olhos no trânsito. Alice ficava arrepiada a cada movimento dos dedos dele em sua pele. Ele apertava gentilmente de tempos em tempos, escorregando pelo lado de dentro da coxa e retornando, repetidas vezes. Ouvia os suspiros e gemidos contidos e ficava satisfeito com as reações. Ao chegar na porta, notou que era uma casa e não um condomínio. Ela o alertou para não a visitar sem avisar, mas ele não garantiu.

   Gabriel estava entrando no apartamento novo com Letícia, quando recebe uma mensagem de voz. Pediu que ela entrasse e se acomodasse, pois precisava responder Alexandre. Soube pelo áudio, que seu chefe fora chamado pela nova CEO para a tal viagem, a qual ela havia comentado durante a reunião. Mas como ficaria o departamento sem ele? Tentou perguntar sem parecer tão desesperado quanto se sentia e recebeu uma resposta tranquila de Alexandre dizendo “Ficará tudo bem. Irei te orientar em tudo que for preciso. Você ficará ocupado, então é bom que aproveite muito este fim de semana. Lembre-se de manter o pulso firme na segunda, pois me representará diante dos demais. Os planos feitos devem entrar em ação, esteja eu na empresa ou não. No mais, irei lhe conduzindo por aqui. Fique atento ao celular”. Gabriel engoliu em seco, mas afirmou que seguiria as ordens. O desespero pareceu multiplicar dentro de si. Entrou atordoado no apartamento. Sua namorada caminhava pelos cômodos, admirada com toda a decoração elegante.

— Tudo bem? Era seu chefe? – Perguntou Letícia.

— Sim, era ele. Mas nada para se preocupar. – Respondeu Gabriel, com um sorriso.

— O apartamento é incrível! Estou feliz por você. Vai morar sozinho aqui?

— Bem, eu... – Tentou responder Gabriel, mas ficou com receio de falar demais.

— Relaxa, amor. Não farei mais perguntas difíceis. Que tal aproveitarmos?

— Claro! Foi exatamente o que pensei. – Respondeu, aliviado.

   Gabriel amava a maneira como Letícia conhecia seus limites. Ela jamais o forçava a responder algo, nem mesmo dar muitas explicações. Parecia confiar plenamente nele. Nada era mais fácil do que conviver com Letícia. Ele queria tornar duradouro. Os dois ligaram a Tv do quarto principal, escolheram uma comédia romântica para assistirem juntos na cama confortável de lençóis macios. Ela se aconchegou nos braços de Gabriel, enquanto ele tentava convencer-se de não pensar em trabalho durante seus dias de folga. Decidiu aproveitar aquele momento a sós com Letícia.

— Amor, posso te pedir uma coisa? – Perguntou ele, repentinamente durante o filme.

— Claro, sabe que pode. – Respondeu Letícia, aninhada a ele.

— Se notar que estou mudando para pior, seja lá no que for, promete me avisar?

— Apesar de duvidar muito que isso um dia aconteça, eu prometo. – Disse ela.

— Por favor, preciso que cumpra se essa hora chegar. – Falou com preocupação.

— Não se preocupe, meu bem. Eu te ajudarei a se manter humilde. – Afirmou Letícia.

   Eles se beijaram docemente, Gabriel acariciava os cabelos de Letícia. Havia um pacto entre o casal que consistia em só terem relações sexuais após se casarem. Não envolvia uma virgindade a ser preservada, pois ambos já tinham alguma experiência anterior. Porém, Gabriel fizera uma promessa a ela no início do namoro. Agiria diferente do ex-namorado de Letícia, que era superficial, malicioso e abusivo.

   Alexandre chegou à empresa e ao passar seu cartão de acesso, a porta menor se abriu. Ele adentrou o lugar, notando que ficava às moscas nos finais de semana. Foi até o elevador e confirmou a senha dada pela assistente de Amanda. Ele sequer sabia que o 15º andar era utilizado de alguma forma, pois Alice não o mencionara. Ao digitar a senha, automaticamente foi levado até o andar desejado. Não havia um número que levasse alguém até lá. Alexandre chegou a questionar o que fariam em caso de incêndio, já imaginando que provavelmente não havia acesso ao 15º andar pelas escadas. Ele havia passado rapidamente em seu apartamento mais próximo de onde Alice morava e como um raio, tomou banho, escovou os dentes, trocou as roupas e perfumou-se antes de ir ao encontro de sua chefe. Estava curioso sobre o motivo de ter sido convocado repentinamente para lhe acompanhar numa viagem.

   Mal a porta do elevador se abriu e fora recebido pela assistente de Amanda, que o saudou brevemente, começando a tagarelar de imediato. Contou-lhe que sua chefe recebera um convite para participar de uma festa de gala, promovida por um figurão. Antes que ela explicasse que ele seria sua companhia, uma vez que o marido de Amanda estava acamado, Alexandre já sabia onde ela iria chegar. Ele manteve a compostura, não expressando surpresa ou preocupação. Era bom em disfarçar. A jovem não parava de falar, lhe dando instruções sobre a importância de manter a paciência, por mais entediado que ficasse na festa ou o perigo de se iludir com ideias de proximidade exagerada com a CEO, deixando claro que era apenas trabalho. Alexandre demonstrou seu tédio com um simples olhar, fazendo-a parar.

— Desculpe, mas as informações são importantes, por mais que não goste. – Disse ela, com olhar e expressão severa. Ele sorriu, debochado.

— Senhorita Melinda, está sendo uma assistente exemplar. No entanto, já estou habituado com os procedimentos corretos. Não se preocupe. – Rebateu Alexandre.

— É claro que está. Por isso foi o escolhido. – Disse Amanda, aparecendo de repente.

— Tem razão, desculpe senhor. – Melinda afirmou, abaixando brevemente a cabeça.

— Não seja tão dramática, querida. Ele apenas quis a tranquilizar – Amanda riu.

— Sim, não precisa se desculpar. Vejo que está um pouco acelerada. – Ele sorriu.

— Deve ser a cafeína. Ela parece ser movida por café. – Brincou Amanda.

— Sinto por ter transparecido meu nervosismo. É um evento importante. – Disse Melinda, tentando se recompor. Ela forçou um sorriso que fez Amanda rir mais.

— Você ainda é humana, então tente relaxar um pouco. Não tente ser um robô. – Pediu Amanda, aproximando-se de Melinda e pousando a mão em seu ombro. A garota assentiu, sorrindo sem jeito, mas recompondo-se rapidamente.

— Bem, vou confirmar se o helicóptero está pronto. Com licença. – Disse Melinda.

   A jovem andou tão rápido em direção ao elevador, que eles não tiveram tempo de dizer qualquer palavra. Era nítido o carinho de Amanda por sua assistente. Parecia a admirar como uma irmã, deixando a garota constrangida. Alexandre gostou disso.

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Comments

Jaildes Damasceno

Jaildes Damasceno

Porque será que Amanda convocou Alexandre para acompanha-la a essa festa?

2025-03-10

0

Jacaré

Jacaré

Se atrapalhou tem que ter recompensa 😏😈

2025-02-15

1

Andressa Silva

Andressa Silva

Amanda é uma empata foda

2024-12-12

1

Ver todos

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