Alice foi ao banheiro feminino antes do horário de almoço, não queria ser vista por ele saindo de lá. Retocou a maquiagem, colocou perfume nos pulsos e atrás das orelhas, penteou o cabelo e analisou-se diante do espelho novamente. Respirou fundo e disse para si mesma para manter a calma e a compostura. Afinal, ele não era nada além de um novo funcionário da empresa. Precisava convencer-se disso. Foi até o próprio escritório, deixando sua necessaire e pegando uma pequena bolsa. Trancou a porta assim que saiu, guardando a chave e caminhando até o elevador.
Lá estava ele, parado despreocupadamente, com as mãos nos bolsos da calça, olhando o movimento das ruas através da parede de vidro. Ela não apressou seus passos, queria poder admirá-lo por mais tempo. Mas quando estava a poucos passos de Alexandre, ele virou a cabeça em sua direção, parecia a despir com os olhos. Ele permanecia imóvel, permitindo-se observar o movimento do corpo de Alice a cada passo. As curvas dela perfeitamente delineadas pelo vestido, o decote provocante, o batom vermelho e os cabelos loiros caindo sobre os ombros. De fato, era uma mulher incrivelmente atraente. Aquela postura autoritária e confiante lhe chamava a atenção, deixava-o com desejo de testá-la para saber seus limites. Ele finalmente sorriu. Aquele sorrindo de canto, cheio de arrogância e prepotência. Ela precisou desviar o olhar, para não entrar em transe novamente.
Chegando até o elevador, só então o viu apertar o botão. Perguntava-se o motivo de não ter feito isso antes. Será que queria um tempo a sós com ela? Mas Alice se conteve, obrigando os pensamentos a pararem de criar fanfic com Alexandre. Não tinha notado, mas ficara muito tempo calada, com ele a observando. Resolveu puxar assunto, antes que ficasse constrangida.
— Como está sendo seu primeiro dia aqui? Está gostando da empresa?
— Sim, estou encantado com ela. – Respondeu ele, com olhar fixo em Alice.
— Você já escolheu alguma estagiária para ser tua secretária temporária?
— Escolhi o estagiário. – Disse Alexandre de imediato.
— Sério? Logo o estagiário? Ele não está aqui a muito tempo, é inexperiente ainda.
— Bem, estágio é para isso mesmo. Comigo ele aprenderá mais rápido. – Garantiu.
— Surpreendente, confesso. Os homens tendem a contratar mulheres. – Disse Alice.
— Você é mulher. Contratou algum homem para ser teu secretário?
— Não. Mas eu...
— Não tinha homens disponíveis para a vaga? – Insistiu Alexandre.
— Alguns, mas...
— Então acho que não são apenas os homens com essa preferência.
— Eu só quis dizer que geralmente as mulheres levam mais jeito para o secretariado.
— Quero um auxiliar, na verdade. Uma secretária não seria muito útil. E mais uma vez está provando que não são só eles a contratarem mulheres para isso. – Retrucou Alexandre, observando o elevador se abrir com poucas pessoas dentro. Todos o encaravam, mas ele continuava com os olhos fixos nela. Apontou para o elevador, esperando que ela entrasse primeiro e a seguiu.
— Não me entenda mal, Alexandre. Meu comentário foi generalizado.
— Acho que este foi o problema. Mas não se preocupe, não sou qualquer um.
— Sim, percebi. Foi querendo provar isso, que escolheu um homem para secretário?
— Acredita mesmo que preciso provar alguma coisa, além da minha competência como diretor financeiro? – Ele a questionou, cruzando os braços e virando-se para ela, dentro do elevador. As pessoas à sua volta se entreolhavam. Não criam na cena que viam. O novo contratado estava ousando questionar a chefe do RH em público?
— Tem razão, não tem que provar nada, senhor Alexandre. – Alfinetou Alice e deu graças aos céus por terem chegado no andar da área de alimentação. Ela saiu do elevador rapidamente, como se marchasse batendo seus saltos no chão com força.
Alexandre não precisou fazer muito esforço para alcançá-la, suas pernas eram mais longas e cada passo dele eram dois ou três dela. Em poucos segundos estava caminhando ao lado dela, com as mãos nos bolsos e olhando em volta, distraído. Os olhares curiosos de outros funcionários o acompanham por onde ia, mas ele não se importava. Alice estava furiosa com a tranquilidade dele. Era como se não tivessem discutido. Como ele ousava falar daquele jeito com ela? O que tinha dito de tão terrível para ele se irritar com ela? Talvez ele fosse só mais um homem defendendo todos os outros. Nada novo sob o sol.
Alexandre acompanhou de perto Alice, em silêncio, mesmo enquanto escolhiam o que iriam comer e colocavam em seus respectivos pratos. Ele sabia que estava sendo ignorado, mas tinha certeza de que não duraria muito tempo. Percebeu que ela colocava muita salada no prato, um pouco de carne e nada mais. Observou que também havia frutas em um prato menor, que devia ser para sobremesas.
Eles foram até uma mesa no centro da área de alimentação, onde estavam os demais chefes de departamentos, para quem Alexandre já havia sido apresentado.
— Olá senhores, trouxe o novato para o almoço. – Disse Alice para seus colegas de trabalho, enquanto sentava-se ao lado de um deles, quase na ponta da mesa. Alexandre foi recebido com alegria por eles, todos o cumprimentavam de seus lugares. Ele acenou com a cabeça e sorriu gentilmente. Sentou-se do outro lado da mesa, em frente a ela.
— O que está achando da empresa, senhor Alexandre? – Perguntou Jefferson.
— Gostou do seu escritório? – Perguntou Orlando.
— Imagino que terá muito trabalho nesse departamento. – Disse Rodrigo.
— Não é de hoje que admiro a empresa e até agora, nada me decepcionou. Fiquei satisfeito com meu escritório. Sem dúvidas terei muito trabalho, por isso já escolhi alguém para me auxiliar.
— Qual delas foi a sortuda escolhida? – Perguntou Helena, curiosa. Ela não era chefe de nenhum departamento, mas a secretária de um deles. Ainda assim, agia com liberdade entre eles. Alexandre ainda não sabia disso.
— Ele escolheu o único estagiário homem para isso. – Respondeu Alice.
— Sério? O garoto desastrado? Por quê? – Questionou Helena, surpresa.
— Vi que ele tinha potencial, mas muitos desacreditam. Talvez só precisasse de alguém que lhe desse um voto de confiança. – Respondeu Alexandre.
— Mas ele não se inscreveu para ser secretário, certo? Não vai se sentir ofendido? É uma posição abaixo da que ele tinha. – Comentou Jefferson, com curiosidade.
— Ele também precisará me dar um voto de confiança. Este pode ser o primeiro passo para uma carreira promissora. – Respondeu Alexandre, despreocupado.
— Uma carreira promissora de secretário? – Retrucou Jefferson, sarcástico.
— Ele será auxiliar de escritório na diretoria do departamento financeiro. Não acho que seja uma posição abaixo de estagiário. E sim, terá uma carreira promissora depois de aprender o que tenho para ensinar. – Afirmou Alexandre, confiante.
— Relaxa Jefferson, é só provisoriamente. Tenho certeza de que o senhor Alexandre encontrará uma secretária à altura dele em breve. Há pessoas mais qualificadas e sabemos que mulheres são mais competentes para este cargo. A propósito... se o senhor quiser, eu conheço algumas disponíveis. – Tagarelava Helena.
— Obrigado, mas não preciso. Não contrato ninguém provisoriamente. Depois que eu escolho, sigo em frente. A menos que ele peça demissão, não será temporário.
Todos se entreolharam, alguns aprovando com a cabeça, outros não. Alice olhava para ele com um misto de curiosidade e admiração. Orlando mudou de assunto e Alexandre pôde desfrutar de seu almoço em paz.
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Atualizado até capítulo 44
Comments
Jacaré
Já tá na hora dele pegar essa Alice de jeito
2025-02-13
1
Andressa Silva
esses dois kkkkkk
2024-12-02
1