Melinda se apressou em encontrar Amanda Roux, assim que a música acabou. Imaginava o que aconteceria se a CEO esquecesse algo importante e ao procurar sua assistente, a encontrasse numa pista de dança com o novo diretor financeiro. No entanto, assim que avistou Amanda, paralisou onde estava. Ela parecia tão bem, com um ar confiante, em meio aos grupos de empresários e suas esposas. Melinda sentiu um misto de orgulho e preocupação. Sua chefe não precisava mais dela para socializar, como inicialmente. Porém, era lindo vê-la se posicionando como CEO.
Alexandre apareceu ao lado de Melinda, com duas taças de champanhe, olhando para o mesmo lugar que ela, estendeu uma das taças. Melinda pegou, agradecendo. Os dois bebericavam enquanto observavam de longe o movimento de pessoas que cercavam Amanda Roux. Não se apressaram em ir até lá, pois era nítido o quanto ela estava se divertindo. Aparentemente, havia feito amizade com algumas esposas. Quando o silêncio se estendeu entre eles, Melinda soube que era hora de falar. Ela descrevia homens e mulheres que passavam por ali, contando discretamente um pouco sobre quem eram, em que ramo trabalhavam, entre outras informações que fossem pertinentes aos negócios. Alexandre ouvia com atenção, se limitava a olhar disfarçadamente os citados por ela, sem fazer comentários adicionais.
Em determinado momento, Amanda Roux olhou na direção deles, notando que sua assistente tagarelava com elegância e seu diretor financeiro apenas assentia com a cabeça. Eles sequer faziam contato visual, pelo contrário, olhavam em volta para o movimento de pessoas. Logo, entendeu o que estava acontecendo. Ela sorriu e pediu licença para o grupo que a cercava, despedindo-se deles. Caminhava sem pressa em direção a Alexandre e Melinda. Ele já a observava, desde os primeiros passos dela. A jovem assistente parou de falar pouco antes de Amanda os alcançar. Ambos se voltaram para ela.
— Estão se divertindo? Ou ficaram entediados? – Perguntou a CEO, sorrindo.
— Não quisemos atrapalhar a senhora. Estava indo tão bem. – Comentou Melinda.
— Eu me diverti dançando, apesar da relutância de minha parceira. – Brincou Alexandre, olhando para Melinda de soslaio. A assistente disfarçou um sorriso.
— Pena não ter conseguido assistir a dança por muito tempo. Vocês estavam ótimos na pista. Não sabia que dançavam tão bem, músicas lentas. O senhor, em especial, me surpreendeu. – Disse Amanda, com olhar de aprovação.
— Pensei que sua assistente estava tensa demais e precisava relaxar um pouco. Será que fiz mal? – Quis saber ele, olhando para Amanda com curiosidade.
— De forma alguma. Pela primeira vez a vi aproveitar um pouco da festa. Ela não costuma sair de perto de mim. Confesso que me deixava nervosa. – Amanda riu.
— O que mais eu faria? Essa é a minha função. – Respondeu Melinda, sorrindo e bebericando o champanhe.
— Sim, tenho comprovado que foi muito bem treinada por meu marido.
— Preciso dar o meu melhor para não decepcionar. – Garantiu Melinda.
— Então devo concluir que fiz certo? – Repetiu Alexandre, encarando Amanda.
— Sim, o senhor a chamar para dançar foi a melhor ideia que teve hoje. Assim, também espantou os que tentaram iniciar o boato de minha traição. Agora devem pensar que teu interesse está em Melinda, não em mim. – Disse a CEO.
— Não sei se o senhor Alexandre vai gostar desse novo boato. – Provocou Melinda.
— Por que não? Uma mulher mais jovem, bonita, inteligente e que dança bem. Todas as características de alguém interessante, certo? – Brincou Alexandre.
— Isso serve para os homens também. – Amanda olhava para ele, sorrindo de canto.
— Fico feliz de ter conseguido ajudar, de alguma forma. – Alexandre concluiu.
— Ajudou bastante e acho que nos próximos dias de viagem, ajudará muito mais. Teremos reuniões importantes e precisarei de tuas habilidades. – Disse a CEO.
— Minhas habilidades estão ao teu dispor. Conte comigo. – Disse ele, com olhar fixo nos dela.
Ambos ficaram em silêncio, se entreolhando com leves sorrisos. Era como se seus olhos conversassem mais do que suas bocas expressavam em palavras. Melinda pigarreou e avisou que estava na hora de viajarem para a próxima cidade, pois logo pela manhã iriam à primeira reunião. Alexandre ofereceu-lhe o braço e Amanda o pegou, sorrindo. Melinda andava adiante deles, enquanto passavam pela multidão que se encaminhava a uma área aberta com várias mesas e cadeiras ao ar livre. Eles não poderiam ficar para desfrutar do céu estrelado e da brisa fria que envolveria os convidados, pois o trabalho os chamava.
Afonso Roux tinha um pequeno avião particular, o qual servia para facilitar as idas e vindas sem atrasos ou desconfortos. Por ser um homem reservado, preferia assim. No entanto, fez questão de passar este bem para a esposa, logo que adoeceu. Ele sabia que ninguém seria confiável o bastante para a posição de CEO, como Amanda. Quando seu assistente pessoal lhe indicou Melinda, Afonso fizera vários testes até de fato aprová-la, começando imediatamente o treinamento para que ela fosse o braço direito de Amanda. O plano havia funcionado, elas se tornaram próximas em pouco tempo e Melinda era a voz da experiência que guiava Amanda como CEO.
A limusine alugada levou-os até o avião particular. Alexandre sabia que poucos empresários haviam investido em algo do tipo. Ficou surpreso e por um momento, se perguntou sobre até que ponto a família Roux levava suas vaidades. Porém, nada disse. Apenas acompanhava Amanda e Melinda. Ouvira durante o trajeto até ali, que sua presença tinha grande importância. A jovem assistente tinha explicado que o antigo diretor financeiro fizera parcerias que acabaram sendo prejudiciais e agora, precisariam dar fim a elas. Alexandre fora incumbido de resolver da melhor forma, esta e outras situações causadas por seu antecessor. Durante o voo, ele pediu papéis e canetas, começando a traçar possíveis estratégias. Amanda o admirava.
Elas dormiram em suas respectivas poltronas. Melinda estava em uma de trás, enquanto Alexandre e Amanda se sentaram nas da frente, em lados opostos do corredor. Uma aeromoça particular, oferecia drinks e lanches quando passava por ele, mas estava tão concentrado que mesmo com fome, apenas os recusava. O tempo era curto e sua criatividade escassa, pois estava cansado. Jamais imaginaria um dia tão longo como aquele. Já era madrugada quando terminara suas anotações.
Depois de finalmente conseguir dormir, Alexandre acordou com a claridade vinda de sua janela. Achou estranho o fato de ainda estarem no ar, pois imaginava que a viagem seria para alguma cidade próxima. Amanda e Melinda ainda dormiam e ele precisou perguntar à aeromoça, para onde estavam indo. Ela explicou que iriam à Itália primeiramente – o que deixou Alexandre petrificado –, depois seguiriam até a França. Alexandre agradecera as informações, tentando disfarçar sua surpresa. Ele esperava que as pessoas com quem se reuniriam, soubessem inglês, pois jamais aprendera o idioma italiano. Perguntava-se o motivo de não ter sido avisado antes.
Assim que Amanda e Melinda acordaram, Alexandre esperou se alimentarem antes de lhes questionar. No entanto, não fora necessário dizer nada. Amanda se adiantou, explicando que havia contratado um tradutor profissional para facilitar a reunião. Melinda tinha tudo sob controle, por isso, ele não deveria se preocupar.
Amanda estava aliviada por Melinda ter preparado uma hospedagem provisória para antes da reunião, onde puderam tomar uma ducha e vestirem outras roupas. Melinda precisara pagar um adicional ao hotel em nome da empresa, para que providenciassem roupas novas e elegantes para Alexandre. Até mesmo ele, ficara impressionado com sua eficiência, parabenizando-a por tal atitude.
As reuniões feitas na Itália foram difíceis. Alexandre precisou intervir algumas vezes e tinha seus argumentos na ponta da língua para usar em momentos oportunos. Alguns daqueles empresários se estressavam facilmente e os ânimos ficavam elevados, porém, ele exalava confiança e bom senso. Amanda não temia suas decisões pela empresa, pois notava o quanto ele queria lutar para reerguê-la. Melinda também o admirava, uma vez que Alexandre mantinha sua posição firme, diante de figurões estrangeiros que ele sequer conhecia. Ele transmitia segurança.
Os três conseguiram dormir em seus respectivos quartos de hotel, antes de seguir viagem até Paris. Novamente Alexandre ficara concentrado em suas anotações no voo, além de entrar sempre em contato com Gabriel, dando ordens que deveriam ser repassadas aos demais do departamento financeiro. Mesmo com toda sua elegância, aquele homem era dedicado e trabalhador – pensou Melinda, enquanto o observava.
Após duas reuniões em Paris, logo pela manhã, Amanda convidou Alexandre para almoçarem em um restaurante famoso na região. Pela primeira vez, eram apenas os dois dentro da limusine alugada. Da mesma forma, almoçariam a sós. Ele ficou intrigado com tal decisão, afinal, Melinda parecia um chaveirinho de Amanda e já não estava por perto. Ainda assim, não questionou. Ela era sua CEO e decidiria tudo.
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Atualizado até capítulo 44
Comments
Jaildes Damasceno
Acho que Amanda está com fogo no rabo. Espero estar errada, mais que parece, parece.
2025-03-10
1
Suzana Rodrigues pires
aí aí /NosePick/
2024-12-23
1
Irene Candida
interessante.
2024-12-22
1